Estacionamento antes das passadeiras (2)


Esta fotografia da esquerda foi aqui publicada há cerca de um mês, para ilustrar a perigosidade do estacionamento ilegal a menos de 5 metros antes das passadeiras. Veja-se agora como o campo de visão é muito menor e a perigosidade muito maior se, no mesmo local, em vez de um  automóvel a 2 metros da passadeira, estivermos a falar de uma carrinha comercial estacionada até ao início da passadeira:


Um carro a aproximar-se, a descer a avenida, só se torna visível ao peão, e vice-versa, quando já está a cerca de 3,5 metros do início da passadeira e a 6 metros do local onde é possível iniciar a travessia da faixa de rodagem. Se esse carro circulasse a uns muito improváveis 20 km/h e o piso estivesse seco, precisaria de 9 metros para parar, ou seja, já só conseguiria parar depois de atropelar o peão a passar a zebra. Se fosse à velocidade de 40 km/h, já precisaria de 21 metros (e o embate com o peão dar-se-ia ainda antes de o condutor pisar o travão, ou seja, dar-se-ia a uns perigosíssimos 40 km/h). À velocidade máxima aqui permitida (50 km/h), a distância de travagem passaria a ser de 29 metros*.

Estes números não devem ser subestimados. Na realidade, a situação é ainda pior do que a relatada, porque esta fotografia foi tirada num dia de chuva (os tempos de travagem aumentam significativamente com piso molhado) e foi tirada já no limite final da passadeira. Se nos colocarmos na passadeira logo à frente da carrinha, nem sequer veremos os tais 6 metros de rua: teremos uma autêntica "parede" (a carrinha) que não nos deixa ver mais do que a continuação da passadeira para o outro lado da rua, e, pior, os automobilistas não verão os peões senão quando estiverem mesmo à sua frente...

Estacionar desta forma uma carrinha é, como se vê, um autêntico crime. E - nunca é demais recordar - as crianças têm uma percepção do perigo muito diferente da dos adultos...

*Fonte: os excelentes simuladores da Prevenção Rodoviária Portuguesa, que qualquer automobilista devia experimentar, para ter uma noção mais precisa deste tipo de perigo, o que seria muito útil, quer ao dono desta carrinha, quer ao automobilista fotografado na imagem e que, mesmo sabendo que a sua visibilidade sobre a passadeira estava gravemente diminuída, passou aqui a uns 40 ou 50km/h... (os condutores portugueses confiam cegamente na sua máquina, mas a máquina não faz milagres...).

3 comentários:

César disse...

Isto é tudo verdade, mas muito à frente, pois neste país ainda estamos na fase de os carros não pararem sequer nas passadeiras quando vêem um peão, ou estacionarem em cima da passadeira, passeios, etc.

Todos dias (sem excepção) conto vários automobilistas que não param quando:
a) vêm claramente os peões à espera para atravessar a passadeira
b) já estão peões a passar a passadeira, mas ainda dá para passar sem raspar nos mesmos
c) aqueles que fazem tudo isto e pedem desculpa como se não tivessem visto a tempo
d) os que passam a 80km/h e estão-se a cagar para tudo e todos.
e) podia gastar o alfabeto todo com exemplos... :)

A Nossa Terrinha disse...

Concordo, César. Mas esses são os exemplos óbvios: todos sabem muito bem que têm de parar numa passadeira para deixar passar os peões. Aqui eu estava mais interessada em chamar a atenção para um problema que é grave mas que é ignorado ou desvalorizado pelos automobilistas.
Em comentário ao meu anterior artigo sobre este assunto, alguém aqui referiu que foi uma vez atropelado numa situação destas. Eu própria quase fui atropelada em situações idênticas.

César disse...

Acabei de comentar outro post vosso com uma experiência pessoal numa situação provocada por este fenómeno.