Estacionar o carro na principal avenida da cidade (continuação)

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(continuação; clique aqui para ler o início)
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Desde que me conheço, julgo que nunca vi a Avenida da Liberdade sem obras. E nos locais onde elas acontecem, o repugnante desrespeito pelos peões mantém-se: não houve evolução.

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Não pode estar em causa a falta de espaço, pois continua a haver espaço para lugares de estacionamento automóvel ao lado. A mensagem é clara: as pessoas que se deslocam a pé nesta avenida são menos importantes. E por bonitos que sejam os discursos de ocasião, isto não muda. É inacreditável: nem nestas situações se eliminam lugares de estacionamento!

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Entretanto, mais um parque de estacionamento ao lado (imagem de cima). Quem venha no passeio central da avenida, tem de contornar esse parque, através da estreita faixa de passeio que sobra ao lado da paragem de autocarros:



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Já se sabe: não havia espaço para mais. Não se iam tirar lugares de estacionamento, que horror!

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Olho, ao longe, o edifício do antigo Hotel Vitória e finjo não ver o estacionamento ilegal.
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Embora às vezes seja difícil abstrair:I


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Quando passei a segunda vez, este simpático veículo em cima da passadeira já tinha companhia do outro lado:I

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Mais obras - e a passagem dos peões é isto:

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Mas continua a haver espaço para estacionamento automóvel!...
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Para se ter uma ideia do local por onde os peões passam e das suas condições de segurança:
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Embora se perceba mal no vídeo, o barulho, nesta altura, era infernal.
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De vez em quando, olho para as ruas laterais:

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Estamos no centro da capital do país...
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Estou a chegar aos Restauradores. Debaixo do solo, há um grande parque de estacionamento subterrâneo. À superfície, lugares de estacionamento, estacionamento em segunda fila e estacionamento em cima do passeio:

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O fim da avenida, no Largo dos Restauradores. Mesmo aqui há mais lugares de estacionamento à superfície.
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Encho-me de coragem para subir pelo outro lado da avenida. Será diferente?
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Mais estacionamento:
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Mais obras e o mesmo desrespeito pelos peões, por parte de quem as autoriza:
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Como se vê, para não variar, continua a haver lugares de estacionamento ao lado.
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Também deste lado da avenida há parques de estacionamento do lado esquerdo:

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Mais obras. Mais desprezo pelos peões - e sempre com lugares de estacionamento ao lado:

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Tudo se repete: mais um parque de estacionamento do lado esquerdo:
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Mais lugares de estacionamento... e mais... e mais... Um exército de "pês":

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Carros por todo o lado e um ar muito poluído.
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[É preocupante pensar que há muita gente que, de tanto habituada, já nem se apercebe da péssima qualidade do ar que aqui se respira].

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Finalmente, o último quarteirão. Para não variar, cheio de estacionamento:

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A Avenida da Liberdade foi, no século XIX, construída à imagem da principal avenida parisiense. Hoje, são avenidas radicalmente diferentes.
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Na avenida parisiense, numa cidade de mais de dois milhões de habitantes, centro de uma metrópole de 12 milhões, foi possível acabar com estacionamento (e trânsito!) nas faixas laterais. Relativamente à avenida lisboeta, quais vão ser os autarcas que vão querer ficar na história da cidade?
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Joana

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Estacionar o carro na principal avenida da cidade

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No sítio oficial do turismo da capital francesa, ao automobilista que pretende deslocar-se de carro na cidade, começa-se por alertar que essa «não é a melhor forma», para se acrescentar, de seguida, que «o estacionamento dentro de Paris raramente é fácil e pode mesmo constituir um verdadeiro quebra-cabeças».
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Num portal de informações sobre a capital francesa, ainda hoje se conta, com ironia, a história de um cibernauta (seria português?) que, no Verão de 2009, tentou, nesse sítio, obter informação sobre onde é que poderia estacionar gratuitamente o seu carro naquela avenida - para de seguida se explicar que «o estacionamento nos Campos Elísios não é gratuito e, sobretudo, é proibido!» e se acrescentar que é inútil tentar estacionar na avenida escapando à fiscalização policial, já que a polícia não perdoa quem o fizer.
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[Até porque, diz-se, a Prefeitura de Polícia está empenhada em «dar aos Campos Elísios a melhor imagem possível junto dos turistas» (interessante esta associação do estacionamento na avenida à “má imagem”: muitos portugueses serão incapazes de entender isto)].
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O estacionamento na principal avenida parisiense foi abolido há muitos anos. Em algumas áreas delimitadas da avenida, é possível parar na via da direita para largar passageiros ou para as operações de cargas e descargas (com o limite, salvo erro, de 10 minutos) e esse é o único estacionamento permitido ao longo dos dois quilómetros de extensão da avenida.
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A alternativa é estacionar num parque de estacionamento subterrâneo – se houver lugar.
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No sítio oficial do turismo de Lisboa, quase nos convidam a visitar a cidade de carro: depois de se dizer que «Lisboa é uma cidade de fácil acesso», acrescenta-se, sobre o acesso por carro, que «vir a Lisboa através de um meio rodoviário é uma viagem agradável, povoada por paisagens campestres ao longo do caminho. A cidade tem bons acessos viários». Em relação aos restantes meios de transporte, já não se fala em "paisagens campestres", nem tão-pouco de "viagem agradável". Apetece aceitar o "convite" e escolher o carro.
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Na principal avenida da capital portuguesa, esse convite está presente por todo o lado - para os turistas, para toda a gente.
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Na Avenida da Liberdade – com cerca de metade da extensão daquela avenida francesa – e na sua envolvente existem vários parques de estacionamento subterrâneos. Mas à superfície a realidade é radicalmente diferente daquela que encontramos na principal avenida parisiense. Para a documentar para a posteridade, enchi-me de coragem e, aproveitando a ida à Feira do Livro, esta semana percorri, carregada de livros, a avenida lisboeta nos dois sentidos (repeti no sentido descendente, apostada em intoxicar-me).
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O primeiro quarteirão, no sentido descendente, é enganador:
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Uma linha contínua amarela assinala a proibição de estacionar. Mas, na prática, os veículos não só estacionam, como estacionam em cima do passeio, cuja largura já deixava muito a desejar:

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Este "simpático" equipamento de publicidade, de que a autarquia instalou vários exemplares ao longo da avenida, engole metade do passeio. Se alguém se cruzasse com estas duas pessoas, seria o suficiente para uma delas ter de se desviar. Mas ao lado há lugares de estacionamento - e estes são "legais": a partir do segundo quarteirão, a oferta de estacionamento à superfície é completamente absurda.
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Ao longo da avenida, vão sendo assinalados vários parques de estacionamento subterrâneos (para trás ficou já o grande parque subterrâneo do Marquês de Pombal). Mas nem por isso o estacionamento à superfície foi eliminado (o que permitiria, por exemplo, aumentar significativamente a largura do passeio): há lugares de estacionamento nos dois lados da faixa de rodagem.

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Não satisfeitos com todo o espaço de estacionamento de que já dispõem, muitos automobilistas invadem parcialmente o passeio (imagem de cima).

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Até os táxis invadem o passeio à espera de lugar na praça de táxis.
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Olho para a esquerda e espreito a faixa de rodagem central da avenida:
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Que pena não ter tempo para me sentar naquele banco e ficar a respirar o ar que, certamente, será puro ou perto disso.
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A placa avisa: "Atenção: ZONA DE ACIDENTES". Zona de acidentes?! Às vezes custa a acreditar que estamos no centro da cidade.
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Todo este estacionamento parece não chegar: de vez em quando, do lado esquerdo, surgem parques de estacionamento (imagem de cima): parece que não se descobriu outra forma de ocupar esses espaços.

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Pode facilmente imaginar-se o ar que se respira nesta esplanada. Esplanada que, por sinal, engole quase todo o passeio: ali só passa uma pessoa de cada vez (vá lá, duas magrinhas talvez ainda passem). Ao lado, há espaço para lugares de estacionamento, claro...

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O passeio estreita: mas continua a haver lugares de estacionamento ao lado.I

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Algumas destas imagens ajudam a perceber por que é que estamos a falar de uma avenida que tem, com muita frequência, níveis de poluição do ar perigosos para a saúde.

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