A arte da política

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Alameda Conde de Oeiras, em Oeiras. Em parte de um passeio deste arruamento, a autarquia teve a feliz ideia de substituir o piso de calçada portuguesa por um pavimento em pedra lisa. O principal objetivo foi facilitar a circulação de cadeiras de rodas, mediante a criação de um pequeno percurso que pudesse ser utilizado pelas pessoas com mobilidade reduzida utentes de um centro de paralisia cerebral aqui existente.
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Eis que um dia os senhores autarcas tiveram a “brilhante” ideia de... colocar dois grandes contentores de lixo em cima do passeio…
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…impedindo a circulação de cadeiras de rodas e não deixando senão uma estreita faixa de passeio para a passagem de peões.
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Este absurdo manteve-se durante algum tempo, até que, certamente na sequência das reclamações recebidas, o erro lá foi corrigido e os contentores retirados do passeio. De seguida, num boletim informativo publicado pela Junta de Freguesia de Oeiras, os autarcas vangloriaram-se de terem retirado os contentores do passeio e de terem arranjado outro espaço para eles…
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Ana
(nota: escrito pela Ana há cerca de um ano, e só agora publicado no blogue)

Cinco dias, cinco noites

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O temporal do passado dia 19 de Janeiro derrubou várias árvores em Oeiras, tal como em muitas outras localidades do Continente. Esta imagem mostra uma dessas árvores (mais precisamente, um grande pedaço de árvore), que ficou a obstruir a totalidade do passeio e quase toda a pista ciclável, num dos principais acessos à estação de caminho-de-ferro de Oeiras:
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A árvore ficou ali nada mais, nada menos do que cinco dias e cinco noites, a obstruir a passagem, até ser finalmente retirada pela autarquia.
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Não tenhamos dúvidas: se a árvore tivesse ficado a obstruir o caminho dos popós, teria sido retirada pela autarquia, na pior das hipóteses, ao fim de poucas horas...
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Pergunta aos autarcas: para que serve uma passadeira?

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Há um género de passagens de peões que parecem ter sido desenhadas por gente que nunca atravessou uma rua a pé. Ou que não sabe para que serve uma passadeira. É verdade que a passadeira está lá, bem reconhecível: uma zebra na faixa de rodagem, atravessando-a. Mas nos extremos da passadeira não está o passeio. O iluminado projetista e os ainda mais iluminados autarcas que aprovaram o projeto acharam que era uma boa ideia meter lugares de estacionamento automóvel entre a passadeira e o passeio. É o que sucede nesta passadeira na Rua da Quinta Grande, em Oeiras (uma rua com muito tráfego rodoviário e pedonal):
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Podemos deitar-nos a adivinhar o que é que terá passado pela cabeça destes senhores para projetar e aprovar esta aberração.
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É um exercício inútil. Isto é tão disparatado que jamais perceberemos.
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Os anos passam e ninguém tem o bom senso de acabar com este absurdo. Como se não existisse aqui qualquer anomalia. Como se isto fosse normalíssimo.
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Talvez a solução passasse por obrigar os autarcas a (tentar) usar esta passadeira: primeiro, de mãos-livres; depois, duas pessoas cruzando-se em sentido contrário; depois, transportando sacos de compras; de seguida, com uma mala; depois, com um carrinho de bebé; finalmente, sentados em cadeiras de rodas. Talvez percebessem rapidamente.
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Seguidamente, e na perspetiva da segurança rodoviária, os autarcas deveriam ser obrigados a fazer o seguinte teste: circularem nesta rua de carro e aproximarem-se desta passadeira no momento em que uma pessoa (uma criança sua familiar, por exemplo) se tentasse esgueirar entre os carros estacionados para chegar à passadeira. Talvez ficassem a perceber como a visibilidade do peão (sobre os carros) e a visibilidade dos condutores (sobre os peões) fica seriamente afetada, tudo se agravando se o peão for uma pessoa de estatura baixa, como por exemplo… uma criança.
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Desengane-se quem pensar que este é um exemplar único: esta aberração repete-se muitas vezes pelo país fora. E em Oeiras acontece até em frente à Câmara Municipal
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Se muitos autarcas largassem o automóvel de vez em quando e andassem mais a pé nos seus territórios de atuação, talvez passassem a ter mais sensibilidade para com os problemas dos peões, e imbecilidades como esta mais dificilmente ocorreriam.
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