No domingo, dia 13, vão entrar em vigor os novos horários de Inverno da CP. As alterações não são muitas, mas consegue-se a proeza de serem quase todas para pior. A boa notícia é a de que os comboios da CP vão voltar a circular entre Elvas e Badajoz (Linha do Leste). Trata-se de duas cidades fronteiriças cujos habitantes se visitam com muita frequência. Existe, há cerca de 150 anos, linha férrea a ligar as duas cidades, mas espanhóis e portugueses continuam de costas voltadas no que ao comboio diz respeito. À boa notícia junta-se uma menos boa: os horários da nova ligação a Badajoz são medíocres. Ir a Badajoz de comboio para lá ficar apenas 4 horas e meia é o máximo que a CP permite. Ainda não há muito tempo, havia várias ligações diárias entre as duas cidades.
Há cerca de 3 anos, a CP lançou uma campanha para promover os comboios directos entre as Caldas da Rainha e Coimbra (Linha do Oeste). Agora, desaparece uma dessas ligações directas, aumentando o tempo de percurso entre as duas cidades.
Na Linha do Minho, aumenta o tempo dos trajectos.
No Ramal de Coimbra, passa a haver menos comboios entre Coimbra e Coimbra-B.
Na Linha do Sul, desaparece o único comboio regional do Barreiro para o Algarve. Os passageiros vão ter de mudar de comboio mais vezes e para esta pior qualidade do serviço os passageiros vão passar a pagar mais, o que é muito coerente... (por exemplo, a viagem Barreiro-Albufeira custa agora 12,85€, vai passar a custar 18,30€...).
Situações destas ocorrem desde que se teve a "brilhante" ideia de dividir a CP em "unidades de negócio", em consequência do que a rede ferroviária nacional deixou de ser... uma rede ferroviária, passando a constituir uma colmeia de redes ferroviárias. O presidente da CP "está consciente desta realidade", mas não consegue resolver o problema: "as forças integradoras não conseguiram fazer vingar uma perfeita coordenação entre elas", afirmou ao jornal Público...
O défice da CP é enorme, como foi recentemente noticiado. Mas não é a dar tiros no próprio pé que a empresa vai conseguir inverter a situação. A diminuição de passageiros nos comboios portugueses (a constrastar com a tendência europeia) é, de qualquer modo, também o natural reflexo da absoluta prioridade que se tem dado à rodovia nas últimas décadas.
Fonte (além das indicadas através das hiperligações): caderno Local do Porto do jornal Público
2 comentários:
É só continuar a fazer mais auto-estradas e a permitir a entrada de milhares de carros por dia nas cidades. Assim não há transportes públicos que resistam. Infelizmente as mentes "pensadoras" deste cantinho isolado da Europa não vêem isso por esse prisma.
Viva.
Quando se fazem mudanças elas devem ser feitas para melhorar algo que está mal. Mas pelo que contam não será bem assim. Vamos aguardar para ver e esperar que, caso haja a necessidade de novas mudanças, a CP tenha coragem de as fazer. A CP tem que pensar mais no cliente, pois isso também será benéfico para a empresa, pelo menos a longo prazo. De qualquer maneira penso que a criação de uma ligação a Badajoz é uma decisão positiva.
Paulo Fonseca
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