O mapa da ferrovia portuguesa urbana e regional: a razia dos últimos 30 anos

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Este era, há três décadas, o mapa português das ligações ferroviárias suburbanas e regionais (isto é, excluindo o longo curso):
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E este é o mapa atual:
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Repare-se, em especial, na impressionante razia a Sul do rio Tejo e na região a Norte do rio Douro.
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Se ao mapa abatermos as outras duas ligações ferroviárias de passageiros que o Estado já decidiu suprimir, a comparação é ainda mais impressionante:
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Chaves, Vila Real, Leiria, Évora, Viseu, Bragança, Portalegre, Elvas e Santa Maria da Feira estão entre as dezenas de cidades portuguesas abrangidas pela razia.
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E se não se mudar a estratégia das últimas décadas, provavelmente será apenas uma questão de tempo para que o mapa fique assim:
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Esperemos que ainda abram os olhos a tempo...

17 comentários:

Paulo disse...

Este panorama é reflexo do abandono a que o interior do território protuguês foi votado. No caso da ferrovia traduziu-se em forte desinvestimento (estações abandonadas, vias degradadas, péssimos horários e material circulante obsoleto, com meia centena de anos de vida). A mobilidade das populações piorou, os territórios ficaram mais isolados e desvitalizados e, contudo, os défices das empresas ferroviárias aumentou imenso e o país passou a ficar mais dependente de combustíveis fósseis importados e o défice comercial aumentou.
Esperemos que o vosso prognóstico não se venha realizar, mas existe esse risco.
Nota: por enquanto a cidade de Leiria e a região do Oeste continuam a ser servidas (mal) por comboios regionais.

Paulo Fonseca

A Nossa Terrinha disse...

Paulo, Leiria e Santa Maria da Feira foram citadas a seguir ao mapa que inclui as supressões das linhas do Oeste e do Vouga já decididas pelo Estado.

Paulo disse...

Correto Joana. Mas para já ainda aí passam comboios e fazemos votos de que continuem a passar e de forma melhorada.

Paulo

Joao disse...

Sim, devido a pressão política a linha do Oeste manteve-se aberta durante o Verão por causa das idas à praia e assim, mas deverá mesmo encerrar a linha para os comboios de passageiros, e daí em diante nunca mais voltarão, pelo menos em quanto o serviço for prestado pelo estado... se o serviço for privatizado é fácil de imaginar pelo menos um inter-regional que pare nas principais cidades: Coimbra-B, Figueira-da-Foz, Leiria, Marinha-Grande, Alcobaça, S Martinho do Porto, Caldas da Rainha, Torres Vedras, Mafra, Lisboa.
Acho que a principal questão é mesmo Leiria... ou desviam a linha até ao interior da cidade, ou criam um ramal (semelhante ao de Coimbra) que leve o comboio ao centro da cidade onde está todo o comércio, táxis e gare dos autocarros (eventualmente os dois últimos poderiam ser mudados de sítio para ficarem fisicamente próximos da estação de forma a ser uma plataforma única de transportes)... ter a estação dentro da cidade é fundamental, porque é em Leiria onde está muitos clientes que nunca vão usar o comboio por verem o mesmo como algo que está muito longe.
Arrisco-me a dizer que os privados deveriam ter mesmo comboios: Coimbra, Leiria, Alcobaça, Torres Vedras, Lisboa.... além dos outros que param em todas as estações e apeadeiros.
O problema contudo da linha do oeste, é que como é para fechar aos anos, deixaram-na deteriorar ao ponto que terá de se mudar a mesma toda, electrificar e acrescentar uma segunda linha para possibilitar comboios rápidos, e eventualmente obras para os comboios mais lentos poderem esperar em algumas estações para que os mais rápidos passem.
O futuro do comboio de passageiros advinha-se sombrio para a linha do oeste e com muito boas razões.
Em quanto a CP não for comprada e gerida por privados com rios de dinheiro e com paixão pelos comboios e pela viagem nos mesmo com qualidade não deverá ser fácil reaparecer o comboio como meio de viagem viável na linha do Oeste e na maioria das outras linhas encerradas ou que o governo quer fechar no curto/ médio prazo.

Podia o país economizar milhões de euros em combustível e outras despesas desnecessárias ao ter o comboio a funcionar mas com qualidade, fiabilidade e melhores preços (que apesar de em muitos casos serem baixos, são ainda muito altos porque as pessoas tem quase sempre de usar outros meios de transporte para chegar ao destino final).

Cátia Vanessa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cátia Vanessa disse...

A privatização não irá em nada resolver o problema da linha do Oeste. O negócio do transporte ferroviário é, frequentemente, deficitário. Além disso, se houver regulação de preços, nenhuma empresa privada quererá a exploração desse negócio (a menos que entremos em esquemas PPP). No Reino Unido, existem vário operadores privados de serviços de transporte ferroviário, onde os preços são elevadíssimos.

A operação da linha do Oeste, bem como todas as outras, deverão ser financiadas pelo estado, via CP. O que não pode acontecer é a sabotagem constante que representa a má gestão actual. A promoção do transporte ferroviário fará com que os seus resultados operacionais sejam menos negativos (nalguns casos, poderão até ser positivos).

É um serviço que deve ser prestado pelo estado, tal como os serviços de fornecimento de água e de electricidade, prestação de cuidados de saúde e acesso à educação.

RF

Unknown disse...

Olá! Estou a fazer uma tese dentro deste tema... Poderão dizer-me a fonte dos mapas? Obrigada!

A Nossa Terrinha disse...

Olá, Joana. O mapa original é o mapa da CP de há 30 anos (é uma digitalização minha desse mapa). O que fiz depois foi apagar, nesse mapa, as ligações que já foram suprimidas (segundo mapa) e ainda as duas ligações cuja supressão já foi decidida, mas ainda não executada (terceiro mapa).

AQUI encontrará o atual mapa da CP, com identificação, a vermelho, das ligações suburbanas e regionais.

Unknown disse...

Obrigada! :)

Coimbra disse...

Boa tarde,

Vinha solicitar ( caso concordem com o conteúdo da mesma) a assinatura da minha petição, bem como pedir auxílio na divulgação da mesma.

http://www.peticaopublica.com/?pi=CPNorte

Obrigado.

Maquiavel disse...

2,5 anos depois de aprovada a LAV mais barata por quilómetro da Europa continua por construir. E isto com 75% do financiamento assegurado pela UE.

Desde essa altura já se fizeram o aeroporto de Beja (que está vazio) e mais auto-estradas (que estäo vazias), pagos a 0% pela UE.

Entretanto, no mundo civilizado, “AVE ganha quota de mercado e liga toda a Espanha –
Madrid e Barcelona utilizados igualmente por avião e comboio de alta velocidade”
http://static.publico.pt/carga_transportes/Noticia/1563337

asmelhoresfrancesinhas disse...

Mas Maquiavel, não te esqueças que era o TGV que nos ia levar à falência!
O facto de termos ido à falência antes de haver um km de TGV não interessa para o caso.

João Pimentel Ferreira disse...

Sou fervoroso defensor do transporte ferroviário, porque é mais eficiente, mais ecológico e mais sustentável, além de que em países como Portugal que são energeticamente dependentes de combustíveis fósseis, a ferrovia só pode ser a solução para transporte de passageiros em massa.

Todavia, a questão é que para os que não têm transporte individual, e para os plebeus, ainda para mais em clima de austeridade, o factor principal que consideram é o preço, e neste o Expresso é imbatível. Já para não falar (e já passei por isso numa viagem para Guimarães), que vai na volta a CP faz greve e fica tudo apeado na estação.

AS GREVES ESTÃO A SER UM CANCRO PARA A FERROVIA, e era interessante que a autora ou o autor deste blogue analisasse também esta perspetiva, ou seja, quão manchada fica a imagem da CP perante o público, devido ao facto de haverem tantas greves? (fala-vos um assíduo utilizador da CP)

E apregoando uma lógica neo-liberal que concordo em parte, porque o transporte ferroviário esteve sempre ligado ao Estado, ao sector público, nunca se preocupando em ser mais eficiente e mais barato, e o transporte de passageiros em autocarro esteve ligado nos últimos anos ao sector privado, explica, porque hoje, infelizmente, é muito mais barato fazer a mesma viagem de Expresso do que de Comboio. Obviamente que também conta o facto de Portugal estar insanamente repleto de autoestradas.

Cumprimentos e parabéns pelo excelente artigo

Maquiavel disse...

Caro João Pimentel Ferreira, eu também näo gosto de ficar apeado quando vou apanhar o comboio.
Mas sei porque é que há greves: as administraçöes (na realidade, comissöes liquidatárias) da CP que nunca puseram o cu num comboio e que ganham milhöes e têm carros próprios querem fazer os maquinistas, revisores, e demais pessoal trabalhar muito para além das 40 horas contratuais. Fazem-nos trabalhar horas extraordinárias, e depois näo querem que eles gozem as férias a que têm direito.
Tudo se resolveria se contratassem mais gente... mas desse modo näo sobrava dinheiro para mais carros novos a cada 2 anos e demais regalias.
Mais: estäo a brincar com a segurança dos passageiros, porque um maquinista cansado é mais propenso a erros, e que podem ser fatais. Junte-se a isto terem entregue a manutençäo a privados, que a fazem mal e porcamente porque cada inspecçäo é mais um custo, e temos tragédias em potencial como a de Alfarelos ou da linha de Cascais.
Se o meu paträo me tratasse como refugo, garanto-lhe que também faria greve.

Felizmente, nos poucos troços onde ainda se pode andar de comboio, näo é muito mais barato fazer a mesma viagem de Expresso do que de Comboio, que o conforto e a segurança têm um grande preço e as estradas portuguesas (até as AEs) säo um perigo.
Só que as administraçöes da CP fazem com que o comboio näo tenha horários decentes.

João Pimentel Ferreira disse...

Caro Maquiavel

Discordo totalmente. Só em 2011 os sindicatos ligados à CP fizeram 51 pré-avisos de greve que equivale a dois meses e meio de trabalho.

Segundo a CP, as greves só em 2011 custaram à empresa OITO milhões de euros. Bem sei que a administração da CP anda bem montada de cu tremido em automóvel opíparo e nunca deve ter andado de comboio, mas as greves não os estão a prejudicar a eles, estão sim a prejudicar os trabalhadores comuns!

E noticia o jornal Sol, que há maquinistas que chegam a receber 50 mil euros por ano... e isto é um escândalo num país onde 600 mil pessoas ganham um ordenado mínimo de 485€/mês...

e já agora: os maquinistas não andam também de carro? é que eu não tenho carro, só ando de transportes públicos...

Haja vergonha!!!

Maquiavel disse...

Haja vergonha, mas a sua em ler essas "notícias" e acreditar!
Há maquinistas a receber 50.000€/ano? Onde estäo? E quantas horas trabalharam?
Toda a gente fala desses míticos maquinistas, mas depois nunca se encontra uma folha de salários que seja. Espantoso!

Já encontrar administradores que nada fazem o ganham bem mais de 50.000€/ano depois de 35 horas semanais é fácil, basta ver a composiçäo do CA da CP.

Como chega a CP ao número de 8M€ de custo? Só se o pessoal que tem passe tivesse começado a reclamar para receber a compensaçäo a que tem direito. Entretanto a Banca recebeu da CP em 2011 apenas 180 M€... ou 22,5 anos de greve! Porque esses encargos financeiros referem a empréstimos contraídos pela CP para fazer as linhas e comprar o material, a maioria entregue depois sem custo... à Fertagus.

Os administradores da CP têm direito a carro da empresa, näo sabia que os maquinistas também. Propaguem mais esta mentira, andem.

Para terminar, eu também näo tenho carro, e por isso tenho dinheiro para gastar, mesmo com esta cryse.

Em vez de ler refugo, olhe
http://5dias.files.wordpress.com/2013/03/cartaz5.jpg

Mais em
http://raquelcardeiravarela.wordpress.com/

João Pimentel Ferreira disse...

Caro Maquiavel
Digo apenas que este manifesto já está a ser distribuído nas estações da CP na área da grande Lisboa

https://dl.dropbox.com/u/68586211/Manifesto%20anti-greve%20CP.pdf

http://www.veraveritas.eu/2013/03/cp-manifesto-anti-greve.html

Cumprimentos