Para a atribuição do Prémio Cidade do Automóvel 2011, a concorrência, neste domínio, era, infelizmente, grande. Duas cidades chegaram à difícil seleção final: Évora e Estremoz. Uma ou duas pequenas melhorias introduzidas em Évora no ano que passou (daremos conta delas), o abandono de um projeto de requalificação que previa a retirada dos automóveis do terreiro do centro de Estremoz e a destruição da linha férrea para a construção de mais uma avenida em Estremoz foram alguns dos factos que fizeram recair a nossa escolha em Estremoz, que no 85.º aniversário da sua elevação da cidade (1926-2011) parece ter cada vez mais espaço público ocupado por carros, ao mesmo tempo que continua a perder habitantes (de acordo com os dados do Censos 2011).
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Estremoz é uma cidade pequena que despreza uma grande vantagem da sua dimensão reduzida: a de ser rapidamente percorrível a pé. Pelo contrário, parece incentivar a que se leve o automóvel a todos os cantinhos da urbe.
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A imagem de cima retrata o grande parque de estacionamento que ocupa a maior parte da praça central da cidade. O governo local não foi, até hoje, capaz de criar uma alternativa (ou mais) de estacionamento fora desta praça central.
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Há dois anos demos aqui conta da existência de um projeto de requalificação desta praça e dos largos adjacentes, que previa a retirada dos automóveis deste local. O projeto valeu à Câmara Municipal de Estremoz o prémio “Cidades de Excelência / Projecto Urbano – Reabilitação” de 2009, atribuído pelo Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade e pelo Jornal Planeamento e Cidades.
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Escrevemos, na altura, que quando este projeto de reabilitação do centro da cidade viesse a ser executado, estaríamos aqui para apontá-lo como bom exemplo.
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Mas o projeto foi definitivamente abandonado pela Câmara Municipal de Estremoz, abandono que foi confirmado nas Grandes Opções do Plano aprovadas no final do ano pelo município.
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Os carros continuam, por isso, a ocupar este lugar nobre da cidade.
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Mas pior do que isso é o que se passa em toda a envolvente deste enorme parque de estacionamento.
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«Andar a pé faz bem e se calhar resolvia problemas de saúde a muita gente», afirmou recentemente o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Estremoz numa reunião camarária. Mas deixar o carro estacionado neste parque e ir a pé até ao destino pretendido (tudo fica perto) parece não constituir um princípio aceitável. E o resultado é que, apesar deste grande parque, em toda a envolvente deste local há um manifesto excesso de estacionamento – quer estacionamento legal, quer estacionamento ilegal -, que atinge níveis absurdos. Com a consequência natural da frequente movimentação de carros por toda a cidade.
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[Nota: no que diz respeito ao estacionamento em cima dos passeios, bastante tolerado – ou mesmo autorizado – em Estremoz, neste artigo serão mostradas apenas algumas imagens, dado que o assunto será retomado num artigo especificamente dedicado ao tema.]
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O absurdo começa logo ali, a escassos metros de distância. Mesmo ao lado do parque de estacionamento há muitos lugares de estacionamento automóvel - para quem não queira andar uns míseros segundos a pé -, aos quais se junta o estacionamento ilegal:
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Estacionar em cima do passeio, nesta rua mesmo ao lado do parque de estacionamento, para poupar uns segundos,
é uma prática diária em Estremoz, perante a indiferença geral.
é uma prática diária em Estremoz, perante a indiferença geral.
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Também ali mesmo ao lado, a segundos do parque de estacionamento, para muitos automobilistas tornou-se um hábito estacionar o carro em cima do passeio ao lado da caixa multibanco:
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(continua: clique aqui para ir para a segunda parte do artigo)
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5 comentários:
Depois destas fotografias perdi toda e qualquer vontade que pudesse ter de pôr os pés em Estremoz nos próximos tempos.
Já somos dois!
Que nojo! Se quero ver carros amontoados tenho vários stands de novos & usados a menos de 3km de casa!
A minha família admira-se porque é eu corro cidades e vilas da "Europa civilizada" de comboio, mesmo tendo depois de andar a empurrar um carrinho duplo de bebé (daqueles compridos). A resposta é simples "porque POSSO!"
O meu turismo em Portugal cinge-se... a quase nada. Näo há paciência! Aliás, nem consigo ir com o carrinho de bebé ao café mais próximo sem ter de em algum ponto andar pela estrada.
Häo vantagens: encho o bandulho em Portugal e depois vou queimar as banhas calcorreando a Alemanha! :P
Não sei qual serão os objectivos de quem escreveu sobre este tema, mas um deles será tentar denegrir a imagem da cidade! Não sei o porquê! Antes de escrever sobre algo, há que procurar saber o porquê das situações acontecerem. Se é verdade que os carros estacionados, nada abonam a favor da estética da cidade, verdade também é que a grande afluência de pessoas à cidade, em determinados dias, leva a que esta não tenha capacidade para albergar todos os carros. Isso verifica-se não só em Estremoz, mas também noutras cidades, que em virtude dos seus centros históricos, não têm capacidade de se expandir "interiormente"! Veja-se o exemplo de Évora, cidade património mundial, onde os carros também se vão amontoando em cima de passeios, na tentativa de chegar mais perto e mais rápido de algo. Não deixa de ser património mundial e uma cidade de excelência. Hoje em dia, vive-se mais à pressa e nem toda a gente tem tempo para deixar o carro a 1 km, deslocar-se a pé no trajeto de ida e volta, para muitas vezes realizar uma tarefa que demora apenas 3 minutos.(É o efeito da modernidade) As cidades não foram feitas para os tempos modernos e há que tentar adequarmo-nos e adaptarmo-nos a elas. As imagens, quase todas, foram tiradas num sábado de manhã, dia de mais afluência à cidade. Voltem-se a tirar as mesmas fotografias, no mesmo sábado, mas na parte da tarde! A cidade fica mais bonita, e já é possível passear de forma mais tranquila pela cidade! Por isso, não percam a vontade "de pôr os pés em Estremoz nos próximos tempos"... Agora, não se confundam as coisas, uma coisa é falta de adequação da cidade, outra coisa é falta de civismo!
Está enganado, caro Pirata: grande parte das fotografias deste artigo foram tiradas durante a semana.
"Hoje em dia, vive-se mais à pressa e nem toda a gente tem tempo para deixar o carro a 1 km,"
Ou será a um metro?
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