I
Há tempos, fui a um encontro internacional em
Estrasburgo. No primeiro dia, como sou demasiado cautelosa nestes casos, saí do
hotel com 40 minutos de antecedência. Apanhei o metro [de superfície] e cheguei
ao local do evento uns 30 minutos antes do seu início (era hora de ponta –
8:30h). Optei por ficar os 30 minutos à espera cá fora, na escadaria do
edifício, onde estava uma outra rapariga, aparentemente também à espera das 9h
para entrar. Era norueguesa, ouviu-me falar ao telefone em português (ela tem
alguns conhecimentos de português), meteu conversa comigo e disse-me que estava
admirada por eu ser portuguesa: explicou que ia frequentemente a conferências
internacionais e estava habituada a ver os portugueses chegar sempre de táxi e
reparou que eu tinha chegado de metro! Não consegui deixar de rir. “Em
Portugal têm alguma coisa contra os transportes públicos?”, comentava ela.
Uns 2 ou 3 minutos depois, chegou um táxi e... sairam dois portugueses (que comentavam
entre si, espantados, o facto de não terem apanhado engarrafamentos). Rimo-nos,
ela olhou para o programa, viu que havia mais 12 ou 13 portugueses no encontro
e disse: “vamos ficar a ver as pessoas que chegam e tentar adivinhar quais
são os portugueses”. Só falharam dois: dos 7 táxis que trouxeram pessoas
para o encontro, em 5 vinham portugueses (outro trazia gregos e o sétimo trazia
uma pessoa cuja nacionalidade não conseguimos perceber: podia também ser
português…). Os restantes participantes apareceram de metro, de autocarro, a pé
e de bicicleta. Entre os portugueses que chegaram de táxi, apanhámos outros
dois que comentavam "que diferença" que era em relação a Lisboa: sem
engarrafamentos, "andava-se bem de carro" em Estrasburgo...
I
Expliquei
à norueguesa que, no fundo, aquilo não tinha nada de estranho: ao escolherem
vir de carro, os portugueses só estavam a agir em Estrasburgo, uma cidade
desconhecida para eles, de acordo com a realidade que conhecem - a portuguesa.
I
Mas
será mesmo assim? Há muitos portugueses a viver em Bruxelas (entre eles os
deputados ao Parlamento Europeu) e muitos continuam, desnecessariamente, a usar
o carro nas suas deslocações (há meses o jornal Público publicou um artigo
sobre o assunto). Conheço 4 pessoas que neste momento estão a trabalhar em
Bruxelas. Só uma se desloca regularmente de transportes públicos e a pé. As
outras usam o carro: duas alugaram um carro e a outra até comprou o seu carro
lá…
I
Desde
Estrasburgo que, em ocasiões semelhantes, noutras cidades, me tenho divertido a
ver os portugueses a chegar de táxi. Quase sempre só os portugueses. E fazem o
mesmo quando chegam / quando vão para o aeroporto, apesar dos excelentes
transportes de ligação que quase sempre existem entre o aeroporto e as cidades
que os servem.
I
Muita
gente que por cá anda de carro para ir trabalhar, sem necessidade, tem o hábito
fácil de invocar que os nossos transportes públicos são maus. Mas o verdadeiro
problema não está nos transportes públicos: está antes na cabecinha…
I
*Este artigo foi inspirado num comentário da Catarina – uma “frequentadora”
do blogue Menos1Carro – no seu
blogue Catarina i Kobenhavn.
A Catarina vive actualmente em Copenhaga – um outro mundo, como nos revela no
seu blogue. Em Copenhaga, a Catarina só conhece duas pessoas que têm carro. Uma
delas é portuguesa…
I
27 comentários:
Uma análise bastante interessante, realmente fez-me despertar para uma realidade que conhecia bem, mesmo sem me dar conta! É verdade que o táxi em Portugal é muitas vezes a alternativa à falta momentânea de uma viatura pessoal (bem, verdade seja dita, quando uma pessoa chega ao aeroporto da Portela, vê-se aflita com os transportes públicos para chegar ao centro da cidade ou às estações de comboio). O mais curioso é que os portugueses levem este hábito para o estrangeiro... Sinceramente, já há um ano que estou em Paris, e nunca entrei num táxi, nem sequer senti essa necessidade. Para além de que não conheço ninguém que o faça, nem que possua a sua própria viatura.
O hábito não é tanto o de usarem o táxi, mas o de se fazerem transportar de automóvel. Quando vão ao estrangeiro de avião, se os portugueses pudessem levar o seu automóvel na bagagem, levavam. Como não podem, no destino usam o mais parecido: o táxi. Transportes públicos colectivos é que é mais difícil...
(claro que isto é uma generalização, nem todos os portugueses fazem isso - e eu sou apenas um exemplo).
É extraordinário que também não conheças ninguém em Paris que tenha automóvel. Estava aqui a pensar... e por cá o difícil mesmo é conhecer alguém que não tenha carro...
Ha! Ha! Ha! Excelente história.
Eu escrevi há uns meses uma posta semelhante.
Ainda ontem uma amiga (não-portuguesa) a viver em Amesterdão contava-me de uns italianos (nossos primos nesta coisa da carro-depêndencia) que tinham sido convidados para uma festa dela. Os italianos foram de carro, e queriam estacionar num local sem parquímetro. Passada uma hora e meia (!!) telefonaram a dizer que já tinha estacionado e que estavam a descobrir como ir para a festa. Acabaram por desistir e não apareceram.
O que dirão os estrangeiros quando chegam aqui ao aeroporto e não têm comboio nem metro para apanhar? Se vão de autocarro, apanham o shuttle bus (um nome pomposo para esconder a mediocridade de transportes) ou vão de carreira normal. aí levam com os portugas a reclamar das bagagens e a perguntarem porque não vão de carro.
A última hipótese, é claro, o taxi...
Estou tão habituado a apanhar comboio ou metro no/para o aeroporto, nos países que visito, que sinto-me perdido quando chego aqui.
Lá está. Os portugueses estâo mal habitoados aos transportes publicos de cá. Que não são grande espingarda. Ou não é asskm?
Paulo Jorge,
Você é insistente. Está sempre a bater na mesma tecla dos transportes públicos não serem grande espingarda. Para ver se percebo a sua argumentação podia por favor elaborar as melhorias que você introduziria nos transportes públicos de forma a se tornarem atractivos para si?
Obrigado pelo seu tempo.
Cumprimentos
Miguel Cabeça
Olá Joana,
ainda bem que te inspirei para este belo post apesar da minha visão ser um bocado tendenciosa visto a maioria das pessoas que conheço estarem na casa dos 20 início dos 30 anos de idade e nem de perto se compara ao número de pessoas que conheço em Portugal. De refeir que também em Copenhaga há automóveis e filas em hora de ponta tanto de automóveis como de bicicletas, mas aqui toda a gente concorda que se trocassem a bicicleta pelo uso diário do automóvel seria o caos!
madeinlisboa: Concordo com os transportes no aeroporto que são ridículos no que toca à mobilidade mas julgo já estar a ser construído o metro para esses lados (: eu tenho a "sorte" de sair do aeroporto e ir a pé para casa. É bastante interessante.
Catarina, eu trabalhei 3 anos em Faro, logo depois de acabar o curso. As pessoas que conheci lá também eram das idades de que falas. Todas tinham carro. Todas...
Não querendo passar por mau da fita, alguém considerou o custo de uma viagem de táxi em Estrasburgo e Lisboa?
Uma vez não são vezes e como o táxi em Lisboa não é estupidamente mais caro que o metro ou o autocarro....
Olá.
Uma coisa é certa o cidadão português é muito individualista e comodista. São imensos os automóveis que circulam só com o condutor, quando se calhar haveria a possibilidade de o fazer acompanhado dando boleia a vizinhos e alternando com eles o automóvel e com isso reduzir-se-ia o número de veículos em circulação. No entanto, a maioria dos portugueses não está disposto a esperar por um parceiro de viagem. Acresce ainda que o automóvel é para muita gente um símbolo de um determinado estatuto social.
Por outro lado, muita gente acha que o transporte público não é "in", que é só para os proletários.
Resumindo: ainda há muito para mudar na forma como o cidadão português pensa e pratica a sua mobilidade.
A terminar gostaria de dizer que se nas principais cidades e áreas urbanas o transporte público, apesar das suas deficiências, já possui alguma qualidade, na "província", nas áreas rurais, ele é quase inexistente. Há vilas e aldeias deste país que não possuem quaisquer transportes públicos ao fim-de-semana, sendo que durante a semana a sua frequência é muito baixa, obrigando, ainda que não queiram, os cidadãos a deslocarem-se de transporte privado. Em termos de mobilidade, a população rural está votada ao ostracismo.
Paulo Fonseca
Dário Silva, mau da fita porquê?
Ia ser precipitada e responder que nunca andei de táxi em Estrasburgo, mas é mentira: uma vez tive de ir para o aeroporto de táxi, porque tinha de ir às 4:30h da madrugada e o metro de superfície do aeroporto só começava a funcionar às 5h ou por volta disso. Sinceramente, não me lembro de quanto custou. Mas se tivesse sido muito caro, lembrar-me-ia. Do que me lembro bem é de notar que o condutor do táxi não conduzia de forma selvagem, ao contrário do que sucede com demasiada frequência num táxi em Portugal. Por outras palavras, em termos de qualidade / preço do táxi, Estrasburgo deve ficar a ganhar muito...
Quanto à afirmação de que "o táxi em Lisboa não é estupidamente mais caro que o metro ou o autocarro", não posso concordar, a menos que estejamos a falar de uma ligação muito curta, tipo ir para os Olivais ou para a Gare do Oriente - mas nesse caso temos outro problema, que é ouvirmos a viagem toda o taxista a resmungar porque esteve não sei quanto tempo à espera de cliente para depois lhe aparecer um para uma viagem curta...
Mas eu nem queria insistir muito na questão da utilização do táxi de e para o aeroporto. Não é esse o ponto central deste artigo. Referi-o porque estamos a falar de viagens (de trabalho) em que as pessoas normalmente levam muito pouca bagagem e podem facilmente usar o transporte público. E Estrasburgo é um bom exemplo: a ligação do aeroporto à cidade é feita num excelente eléctrico rápido / metro de superfície, com uma frequência de 15 em 15 minutos e com ligação ao metro da cidade.
Paulo, tem toda a razão: o interior está muito mal servido de transportes públicos. Desde que, há uns 25 anos, se lembraram de introduzir critérios de rentabilidade na gestão de um serviço público. A ausência de transportes públicos ao fim-de-semana é incompreensível (a excepção é mesmo o comboio).
Quando se fala nesta questão do preço e da qualidade dos transportes públicos para dizer que não são vantajosos há que considerar que só estes só poderão melhorar ou ficar mais baratos se mais pessoas os frequentarem e/ou se se envolverem activamente na sua qualidade.
Não funciona esperar até que fiquem ideais só para determinado indivíduo.
www.comboiosxxi.org
Associação de Utentes dos Comboios de Portugal
Há uns anos estive em trabalho em Copenhaga, numa conferência Europeia com representantes de todos os países da EU.
Entre N situações completamente diferentes entre Lisboa e aquela capital (já muito conhecidas e abordadas) houve uma situação de que me lembro que foi a seguinte:
Na último dia houve um jantar de encerramento num restaurante que ficava "quase" do outro lado da cidade. Sabem como a comitiva se deslocou até lá? A pé!!
Fomos em pequenos grupos, à conversa, caminhando e falando, durante 15 minutos ou mais. (Por acaso fui à conversa com o big boss local e ele nunca andava de carro porque era muito caro ter e estacionar na cidade)
Se fosse cá em PT, provavelmente os organizadores metiam cada comitiva em cada taxi e iam andando nos seus carros particulares. Ou tinham providenciado um BUS e enfiado tudo lá dentro!
Diga-se de passagem que as ruas/passeios de Lisboa não davam para replicar aquela experiência, pois teríamos que conversar em fila indiana e andar (nem que seja) algumas centenas de metros é complicado como todos sabemos.
Mais umas gargalhadas... Obrigada por mais este "momento de boa disposição", César.
[a solução cá seria o autocarro, que é o que sucede sempre. Uma vez fiquei embasbacada - e não fui a única, porque havia muitos estrangeiros... - porque num desses encontros cá ocorridos meteram toda a gente no autocarro para ir para um sítio a 500 ou 600 metros de distância...]
Joana,
No geral, não acho que os transportes públicos em Portugal sejam caros; não creio que pagar 2,15 eur para fazer 56 km num bom comboio em via modernizada seja caro (http://avenidacentral.blogspot.com/2009/11/braga-porto.html)
Já os 70 eur por um táxi Porto-Braga foi o preço a pagar há uns tempos por um passageiro chegado a Campanhã pelas 23h ao descobrir, na altura, que o último comboio para Braga partira às 22h15... (vá lá, Porto-Braga voltou a ter um comboio pela meia noite, como acontecia há décadas).
Mas a Joana tem razão: estamos mal-habituados.
Há uns anos propus aos meus colegas de curso (muitos do Porto) aqui em Braga que fôssemos a Foz Côa de comboio.
Uns perguntavam-se onde era Foz Côa, outros onde estava o comboio, outros ainda o que era um comboio.... conclusão: nunca fomos a Foz Côa de comboio não obstante a estação do Pocinho ficar a apenas 6 km da vila e até ter autocarro (não-financiado) à espera dos passageiros.
Ehehe, eu não disse?!?
É tão típico.
Tenho um amigo meu, que vive aqui mesmo ao meu lado. Por vezes jantamos em casa dele e pedimos pizza à Telepizza e vamos buscar para aproveitar a promoção leve 2 pague 1.
Ele vai buscar as pizzas de carro e são 150mts para cada lado, bem medidos (no goggle maps)!!!
Estamos a falar de uma pessoa com 38 anos e que joga ténis à séria.
Acreditam?
"Ele vai buscar as pizzas de carro e são 150mts para cada lado, bem medidos (no goggle maps)!!!"
Eu não acredito, ok?…
Sério, é verdade. Só comigo já aconteceu duas vezes.
César, isso são 150m ou 150minutos? É que se forem minutos acho que nem de carro lá ia buscar as pizzas :P
Acerca de Copenhaga quando fiquei duas smeanas sem arranjar a bicicleta e ía "ter com o pessoal ao centro" metia-me no autocarro para não chegar atrasada e voltava a pé, 30/40 minutos na descontracção sem problemas a qualquer hora da noite, da madrugada ou do dia e eu vivia na zona que os de cá consideram mais ou menos "má". Mas é outra cidade... sinceramente dificilmente faria o mesmo percurso a pé e sózinha da Baixa até à Alameda, às 3 ou 4h da manhã.
"explicou que ia frequentemente a conferências internacionais e estava habituada a ver os portugueses chegar sempre de táxi e reparou que eu tinha chegado de metro! Não consegui deixar de rir. “Em Portugal têm alguma coisa contra os transportes públicos?”"
Eu devo ser muito burro mas o taxi nao e um transporte publico?
Pedrinho, em Portugal sim, o táxi é considerado para efeitos legais um transporte público de passageiros. Mas se calhar noutros países não é assim (não faço ideia), ou se calhar quem disse isso poderia querer referir-se a transportes colectivos (o que o táxi por definição não é) e não transportes públicos...
Mas também penso não ser essa a questão essencial...
O táxi é um transporte público... quando não está ocupado. O comentário da norueguesa foi aquele (mais rigoroso teria sido "transporte público colectivo") e não é difícil perceber o seu sentido. O táxi é muito útil, mas é o parente pobre da família dos transportes públicos. É o sucedâneo do transporte privado em automóvel próprio. E, como percebeu o Miguel, o ponto essencial do artigo não é o de o táxi ser ou não um transporte público. Como já aqui comentei:
"O hábito [dos portugueses] não é tanto o de usarem o táxi, mas o de se fazerem transportar de automóvel. Quando vão ao estrangeiro de avião, se os portugueses pudessem levar o seu automóvel na bagagem, levavam. Como não podem, no destino usam o mais parecido: o táxi. Transportes públicos colectivos é que é mais difícil..."
A propósito de transportes públicos e carrinhos, acabo de ver este vídeo que provavelmente já é antigo mas que me tinha escapado:
www.novasestradas.pt/galeria_videos.aspx
Após me recompor da agonia, comecei a entendé-la e a perceber como fazem a associação tão básica de bem-estar=estradas, igualdade-de-oportunidades=estradas. É impressionante como o comboio é completamente excluído de consideração. O mesmo tipo de associação (e esquecimento no caso do comboio) pode ser encontrado nos discursos de Mário Lino, ex-responsável pelas obras públicas, que defendia a igualdade e a cultura que as estradas traziam (nos Gato Fedorente falava em obras de arte, referindo-se às mesmas), ou de Jorge Coelho, prestigiado economista da Mota-engil, para quem o desenvolvimento é igual a mais estradas. Nunca a preocupção pelo ambiente, nunca o interesse pelo comboio. Os proprios dirigentes, que assinam todo o tipo de compromissos ambientais, a defender políticas dos anos 70, e a propagande-á-las com os meios de 2009. Haverá solução?
JT,
não é só ambiente e comboio. Falamos de economia, energia e de qualidade de vida também.
O país tem consumos energéticos absurdos, com custos económicos óbvios, que só são promovidos através das AEs. Ajuda a piorar o nosso défice comercial com exterior, porque incentiva a mais e mais importação de petróleo.
Qualidade de vida, passear numa cidade com poucos automóveis só me faz ficar triste ao pensar na minha Lisboa desfigurada e desagradável.
Concordo com o que escreveste, mas eu não ficaria pelo ambiente. A lista continua e continua :)
JT, obras-de-arte é um termo técnico que quer dizer pontes, viadutos, túneis, passagens superiores para peões, etc. Era isso a que o Mário Lino (ele é engenheiro civil) se estava a referir no gato fedorento, não estava a falar das estradas em si.
Somos dos países mais pobres da UE,mas a nossa população não dispensa usar o carro em detrimento de outras alternativas mais baratas e ecológicas como a bicicleta ou o transporte público colectivo.
Eu conheço bem os problemas dos transportes públicos porque os utilizo diariamente para ir trabalhar.Atrasam-se, há poucos e de manhã vou sempre como sardinha em lata de tão apertada.Isto no caso da Carris.
Mas sai mais barato e ecológico e não se arrancam os cabelos nas longas filas de trânsito.
Em Portugal também o carro é um símbolo de status.Quem tem carro tem de o exibir.Conhecem executivos que se deslocam de bicicleta? Eu não. Acho que há um ou outro em Lisboa porque já vi no telejornal,mas é um espécime muito raro e presumo que seja alvo de chacota para alguns colegas.
Somos também pobres de espírito e pouco está a ser feito para mudar...
Miguel,
Conheço o termo da engenharia civil obra-de-arte. Quem acho que não o conhece é o Mário Lino, porque o usou numa lista de argumentos a favor da capacidade promotora da cultura que as auto-estradas têm. O argumento seguinte foi " assim as pessoas já podem ir de Lisboa à Serralves para ver uma exposição". Creio que isto não deixa dúvidas sobre a conotação que ele lhe queria dar. Ou sobre a lavagem cerebral que anos de construção lhe fizeram ao ponto de pensar que arte é só aquela que aparece nos relatórios e projectos de estruturas. Obrigado na mesma pela deixa, que me parece afundar ainda mais o Mário Lino.
Enviar um comentário