O arquiteto paisagista
Gonçalo Ribeiro Telles foi ontem distinguido com o prémio Jellicoe, o mais
importante prémio, a nível mundial, na área da arquitetura paisagista.
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Gonçalo Ribeiro Telles
foi (com Sampaio Fortes) o arquiteto responsável pelo arranjo exterior (paisagismo) do bairro de
Nova Oeiras (da autoria geral de Cristino da Silva), arranjo esse que constitui
um elemento essencial desta urbanização com uma grande qualidade arquitetónica
e urbanística e de características quase únicas em Portugal (e de que não há muitos
exemplos em toda a Europa), que é considerada um dos exemplos mais emblemáticos
do urbanismo moderno no nosso país (há um plano para a candidatar a Património
da Humanidade).
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Este bairro continua a
ser uma referência e mantém, no essencial, as suas características originais.
Mas está, em parte, desvirtuado pelo excesso de automóveis. A pretexto do prestigiado prémio que ontem distinguiu Ribeiro Telles, seguem-se apenas
alguns exemplos.
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Alameda Conde de
Oeiras, o anel que envolve o bairro, com percursos pedonais arborizados e com
espaços verdes a separar os peões dos carros: hoje, em alguns locais da rua, o
estacionamento selvagem invade os espaços verdes e mesmo os passeios. Aquilo
que foi concebido como uma área-verde-tampão entre os peões e os carros, está,
em muitos locais, repleto de carros estacionados.
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Nestes locais, os
espaços verdes deixaram de o ser: estão destruídos pelos automobilistas sem civismo,
perante a indiferença da autarquia e da polícia. Muitos destes automobilistas
têm espaço de estacionamento no interior das suas moradias, o que torna a
situação ainda mais insustentável.
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Um dos elementos
estruturantes do bairro é a sua magnífica rede de caminhos pedonais, concebida segundo
o princípio da separação da circulação pedonal e da circulação rodoviária, para
segurança, bem-estar e qualidade de vida dos peões. Os arruamentos interiores
do bairro foram concebidos de modo a privilegiar a circulação dos peões. Mas hoje é frequente a presença de automóveis a barrar o caminho dos peões, inviabilizando (no mínimo, dificultando muito) a utlização dos caminhos pedonais.
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No bairro, as áreas de
estacionamento automóvel foram ampliadas e o estacionamento de carros em cima
dos passeios e nos espaços verdes é muito abundante… O bairro de Nova Oeiras transformou-se,
em grande parte, num parque de estacionamento. Até quando?...
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3 comentários:
A nossa arquitetura paisagista, e em especial o arquiteto Ribeiro Teles, está de parabéns. Pena é que os políticos muitas vezes não aproveitem os bons técnicos que temos, e não ponham em prática as suas ideias.
Paulo fonseca
Podia ser um espaço muito agradável.
Mas são os próprios moradores, quem possivelmente iria usufruir mais dele, que perpetuam a situação. Não serão todos a estacionar assim, claro, mas claramente quem sobra não consegue lidar com/não quer saber desta situação ridícula de estacionamento abusivo.
É muito triste e desanimador ver isto em todo o lado, sem que ninguém se importe - parece que nem notam!-, a única esperança é continuar a sensibilizar para estes problemas, tal como vocês fazem neste blog...
Isso continuará até colocarem um parque de estacionamento pago subterrâneo, que tenha de ser cheio... e aí a polícia municipal já passa a passar multas dia após dia... ao fim de centenas de multas, alguns vão certamente começar a guardar as latas num sítio mais apropriado que em cima do jardim/ passeios... até lá pode assistir-se à selvajaria, numa rua perto de si.
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