RUA
MARQUÊS DE POMBAL
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Não se pode dizer que, para os
peões – e, designadamente, para aqueles que se deslocam em cadeira de rodas –,
esta pequena e muito movimentada artéria central de Oeiras comece bem. Iniciamos a sua subida pelo
passeio Sul e, logo no início, um sinal (de colocação muito recente) alinhado com um enorme painel camarário
(permanente), reduzindo drasticamente a área útil do passeio…
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…não prenunciam nada de bom.
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Logo depois, qualquer veículo
que estacione no passeio bloqueia facilmente a passagem de uma cadeira de
rodas:
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Poucos metros à frente, o sinal
de zona 30, com a indicação “prioridade ao peão”…
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…faz-nos imaginar um centro de
Oeiras onde os veículos automóveis não podem circular a mais de 30 km/h e onde
os peões têm prioridade sobre os automóveis. Na realidade, porém, a zona 30 e a
“prioridade ao peão” só existem ao longo de alguns metros (na imagem anterior é
possível ver, ao fundo – acima de um sinal de proibição de parar e estacionar –,
o sinal que marca o fim dessa prioridade). A imagem anterior também permite
perceber o motivo da “prioridade ao peão”: logo a seguir ao sinal, o passeio
acaba e o peão só pode circular na faixa de rodagem.
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Na prática, a “prioridade ao
peão” é apenas virtual. Testámos inúmeras vezes o cumprimento dessa obrigação de prioridade
por parte dos condutores e o resultado foi demolidor: nenhum condutor
parou para nos deixar passar (essa era, aliás, também a nossa experiência
anterior). Numa rua de trânsito intenso, os peões têm de esperar que não venham
veículos para poderem prosseguir caminho.
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Por vezes, e em maior consonância
com a realidade das coisas, o sinal de “prioridade ao peão” encontra-se virado,
não sendo visível pelos condutores:
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A situação complica-se,
naturalmente, quando o peão se desloca em cadeira de rodas. De resto, a
seguir ao local onde o passeio desaparece, obrigando os peões a
transitar na faixa de rodagem, estes podem regressar ao (estreito) passeio:
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Mas como é percetível nesta imagem, as pessoas deslocando-se em cadeiras de rodas não
o conseguem fazer.
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De seguida surge um cruzamento,
mas nem mesmo a seguir a esse cruzamento pode a cadeira de rodas voltar a
circular no passeio: logo depois, surge um novo local onde o
passeio desaparece e o peão tem de circular na faixa de rodagem:
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Logo a seguir, o impensável: o passeio reaparece, mas a
autarquia transformou-o num parque de estacionamento automóvel para
cargas e descargas (e isto junto a uma passadeira!):
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Quando há veículos estacionados
neste passeio (o que acontece com frequência, e muitas vezes para outros fins que
não o de cargas e descargas), muito dificilmente uma cadeira de rodas consegue
passar.
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Quando termina a “prioridade ao
peão”, surge um novo estrangulamento no passeio, através do qual nenhuma cadeira
rodas passa:
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Segue-se um passeio estreito,
impróprio para a circulação de cadeiras de rodas, que vai alargando
ligeiramente até ao final da rua, no cruzamento com a Rua Cândido dos Reis,
onde atinge a largura máxima de cerca de 1,1 metros.
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O passeio Norte começa com uma
largura de dois metros…
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…mas que vai reduzindo progressivamente
até se atingir uma largura de sessenta e poucos centímetros, delimitada por
pilaretes, onde as pessoas que se deslocam em cadeira de rodas são excluídas…
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…e onde ainda se teve a falta de bom senso de se colocar
sinais de trânsito, diminuindo ainda mais a largura útil do passeio:
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No segundo (e último)
quarteirão desta pequena rua, o passeio é um pouco menos estreito, mas sempre
com largura inferior a 1,2 metros (parte dele é, de resto, suficientemente
estreita para impedir a circulação de uma cadeira de rodas).
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A Rua Marquês de Pombal tem três passadeiras. Uma delas está ao nível do passeio, embora a autarquia tenha cometido o disparate de autorizar estacionamento automóvel junto a ela…
A Rua Marquês de Pombal tem três passadeiras. Uma delas está ao nível do passeio, embora a autarquia tenha cometido o disparate de autorizar estacionamento automóvel junto a ela…
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…e nas outras duas a altura do
lancil do passeio excede o máximo admissível.
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Conclusão: rua não acessível.
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Mobilidade pedonal em geral:
não é necessário referir em especial os casos dos invisuais, dos idosos e dos
pais com carrinhos de bebé – para qualquer peão é difícil percorrer esta rua
pelo passeio Sul, e o risco de atropelamento é bem real se o peão confiar no
sinal de “prioridade ao peão”, sendo de salientar que passam aqui muitos
veículos pesados, e a circulação faz-se frequentemente a velocidades perigosas para um local de "prioridade ao peão". A coisa melhora no passeio Norte, mas nos locais
onde o passeio é muito estreito alguns carrinhos de bebé não passam, e há sítios
onde só passa um peão de cada vez (no cruzamento de peões, um dos peões tem de ir para a faixa de rodagem). Há pelo menos dois locais onde, se o peão circular
com um guarda-chuva aberto e ao lado passar um veículo pesado, o
guarda-chuva será levado pelo veículo.
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(continua)
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2 comentários:
Já há muito tempo que não vinha à nossa terrinha porque, precisamente, esta é a minha terrinha. Vivo em Oeiras e gosto muito de aqui viver, pelo que esta excelente reportagem me causa um misto de tristeza, frustração e irritação.
Às autoras, prometo que este é o último post a fazer publicidade ao passeiolivre.org.
Serve apenas para convidar quem esteja interessado a ajudar a tentar mudar alguma coisa, que contacte o blog até 4ª-feira à tarde.
RF
Realmente é uma vergonha isto.
Muitos destes casos só se resolvem fechando as ruas aos automóveis.
Outros não é preciso tanto.
Vontade política é que é nenhuma, porque ninguém quer irritar os condutores, que é quase toda a gente que passa nessas ruas! Já para não falar nos comerciantes que são quase sempre contra cortar no trânsito, e cortar no estacionamento é completamente do outro mundo... impensável mesmo!
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