(continuação) (clique aqui para ver a sétima parte)
Não constitui novidade que nos últimos 25 anos se construíram muitas auto-estradas nas regiões de Lisboa e do Porto. Muita gente saberá também que a região de Lisboa se tornou na região de toda a União Europeia com maior densidade de auto-estradas. Se atentarmos na lista nacional de auto-estradas, verificamos que 17 das 44 auto-estradas que dela constam se situam, total ou parcialmente, na região de Lisboa (e, dessas 17, só 5 é que servem também outras regiões: A1, A2, etc.). De resto, a região do Porto não lhe fica muito atrás, com 13 auto-estradas (embora 6 delas sirvam também outras regiões, como a A3 e a A4). E há outras que não constam da lista oficial.
[note-se que algumas das auto-estradas “oficiais” – como a CRIL ou a CRIP/VCI -, apesar de serem estradas com esse perfil e de terem até número de auto-estrada atribuído, não são localmente identificadas como tal, nem entram na contabilização oficial do número de quilómetros de auto-estrada. Outras – como o Eixo Norte-Sul em Lisboa - estão fora das 44 auto-estradas acima referidas]
A inauguração destas auto-estradas urbanas é frequentemente objeto de aplauso entusiástico por parte dos autarcas locais. Para citar dois exemplos recentes, o Presidente da Câmara de Sintra declarou-se muito satisfeito com o alargamento da A37 [IC19] para três faixas em cada sentido e mais satisfeito ainda se declarou com a inauguração da nova A16 (ver abaixo); e o Presidente da Câmara de Cascais regozijou-se com o recente alargamento dos troços finais da A5 para três faixas em cada sentido.
E, no entanto, quando falamos das auto-estradas urbanas e suburbanas, estamos a falar, por regra, de auto-estradas completamente absurdas. Não que à volta das grandes cidades não devam existir vias circulares com maior capacidade (não necessariamente auto-estradas), de forma a evitar que o tráfego de passagem penetre nas cidades: uma CREP (A41) ou uma CREL (A9), por exemplo (não necessariamente com os traçados que foram escolhidos). Mas essas vias são das poucas exceções no inacreditável amontoado de auto-estradas que foram construídas - e que continuam a ser construídas.
Os exemplos são, infelizmente, muitos. Por exemplo, a Oeste de Lisboa, e espaçadas por poucos quilómetros, temos três auto-estradas radiais paralelas - a A5, a A37 [IC19] e a A16 -, cuja existência foi justificada unicamente pelo objetivo de “facilitar” a circulação nos movimentos pendulares entre a região de Sintra-Cascais e a cidade de Lisboa.
Não passam, contudo, de fábricas de ilusões, que apenas transferem (e às vezes nem isso) o problema para jusante.
Pior: em lugar de resolverem o problema que justificou a sua construção, agravam-no, precisamente por via da ilusão que criam nas pessoas da existência de “acessos mais rápidos”, bem como por via do dinheiro que deixa de se gastar na renovação e melhoria da rede de transportes públicos (que – é consensual, pelo menos ao nível do discurso - devia ser prioritária nestas regiões).
Agravam-no, por um lado, porque geram um crescimento da procura por parte de quem já vive nos subúrbios e, portanto, do número de pessoas que utiliza o automóvel particular para se deslocar nestas regiões, criando gigantescos problemas não apenas na grande cidade, mas também nos seus subúrbios cada vez mais atulhados de automóveis.
E agravam-no porque vão provocando o esvaziamento da grande cidade, decorrente do número de pessoas que a abandonam, quer porque se tornou um lugar menos atrativo para viver (graças aos inúmeros problemas criados pela invasão diária de automóveis vindos do exterior), quer porque se tornou possível viver nos arredores (onde a habitação é, por regra, mais barata) junto de “ótimos acessos” à cidade. Resultado: crescimento do número de automóveis nos movimentos pendulares.
E o que se faz para responder a esse crescimento da procura, que a prazo aumenta os congestionamentos de tráfego? Constroem-se ou alargam-se auto-estradas.
E este disparate parece não ter fim à vista. Há mais auto-estradas em construção e outras planeadas, e nem a terceira travessia lisboeta sobre o Tejo, projetada inicialmente para a ferrovia, vai escapar a mais uma auto-estrada radial de entrada em Lisboa, desta feita proveniente do Barreiro.
Os enormes problemas que a Área Metropolitana de Lisboa enfrenta hoje (de mobilidade e não só) devem-se, em parte, a todas estas auto-estradas que nunca deviam ter sido construídas. E, no entanto, continuamos alegremente a construir mais.
E por que preço!
Estamos a falar das auto-estradas mais caras do país: temos vindo a gastar rios de dinheiro para não resolver problema nenhum e agravar os problemas que existem.
Não é difícil perceber porque é que estas auto-estradas são muito caras: atravessam zonas onde o preço por metro quadrado de terreno é muito elevado e/ou zonas densamente povoadas, obrigando, por exemplo, a realojamentos e a soluções técnicas de construção muito mais caras. Só em expropriações de terrenos, os valores que se gastam nestas auto-estradas são astronómicos.
A mais recente destas auto-estradas disparatadas, inaugurada com pompa e circunstância há cerca de um ano – a A16, com três faixas de rodagem em cada sentido, claro! – e construída para “permitir chegar à capital em poucos minutos”, foi anunciada como tendo custado 127,5 milhões de euros (5,5 milhões de euros por quilómetro). O Eixo Norte-Sul – uma absurda auto-estrada que rasga a cidade de Lisboa com o propósito declarado (declarado, apenas) de servir o tráfego de atravessamento entre o Norte e o Sul e vice-versa, com viadutos a passar ao lado de prédios de habitação, e mais uma vez com três faixas em cada sentido – foi, por ocasião da inauguração, anunciado como tendo custado um total de 73,6 milhões de euros, sendo que o último troço (de 4,3 km de extensão) teria custado 25 milhões de euros (cerca de 5,8 milhões por quilómetro). Mas estes valores referem-se apenas ao custo de construção, esquecendo tudo o resto – nomeadamente, as expropriações. No caso do Eixo Norte-Sul, por exemplo, podemos verificar que, afinal, aqueles 4,3 quilómetros custaram 47,3 milhões de euros (incluindo expropriações, construção, assistência técnica e promoção), a que há que somar o valor do viaduto sobre a Avenida Padre Cruz, que custou a “módica” quantia de 29 milhões de euros. No total, só aqueles 4,3 quilómetros da nova auto-estrada custaram, pois, 76,3 milhões de euros (fora custos de exploração e outros): 17,7 milhões de euros por quilómetro. Por seu turno, só em expropriações, o último troço da A36 (agora em vias de inauguração), de apenas 4 quilómetros de extensão, custou 20 milhões de euros por quilómetro (valor não definitivo, porque muitos processos de indemnização estão ainda em tribunal).
[e enquanto isto, continua a não ser possível viajar nos transportes públicos da zona de Lisboa com um único bilhete; os autocarros ficam presos nas filas de trânsito; “não há dinheiro” para as obras na debilitada Linha de Cascais, nem para substituir a respetiva frota obsoleta, nem para construir uma linha férrea no eixo Malveira-Loures-Lisboa, nem para… ...]
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A auto-estrada A16, inaugurada há um ano e que atravessa zonas densamente povoadas. Três faixas em cada sentido, embora o tráfego previsto (26 mil veículos) fosse muito inferior aos 35 mil veículos de TMD (tráfego médio diário) a partir dos quais se justificaria a solução 3x3. E afinal, decorrido um ano, constatou-se agora que o TMD registado ainda foi inferior ao inicialmente previsto: 23 mil veículos. Entretanto, a A37 [IC19], cujo congestionamento se pretendia aliviar com esta auto-estrada, continuou a registar os habituais engarrafamentos diários…
Nestes valores milionários que custam o Eixo Norte-Sul, a VCI (A20), a CRIL (A36), a A16 e outras auto-estradas disparatadas, não entram os gigantescos custos – económicos, ambientais e sociais - que elas acarretam, entre os quais os decorrentes dos problemas de saúde (já comprovados) que estas vias estão a criar nas populações que vivem e/ou trabalham nas suas proximidades (causados pela poluição atmosférica e/ou sonora: ver ligação em baixo sobre a VCI/A20). Populações essas que são cada vez mais numerosas, porque, na ânsia de acenar com a proximidade de “ótimos acessos”, os promotores imobiliários – com o conluio das câmaras – constroem mais e mais prédios de habitação na proximidade destas vias.
Estas agressivas estradas rasgam todas as zonas urbanas por onde passam, tornando-as desumanas e pouco convidativas para habitar.I
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A A20 (VCI), rasgando a zona da Boavista, em plena cidade do Porto. Vale a pena colocarmo-nos num destes viadutos sobre as auto-estradas urbanas, junto a prédios de habitação, para termos uma noção do que é viver ou trabalhar junto de uma destas auto-estradas. A experiência é simplesmente aterradora! Custa a perceber como é que estas pessoas conseguem viver e/ou trabalhar junto a uma destas auto-estradas.
Mas para demonstrar o absurdo destas auto-estradas nem precisávamos de escrever tudo isto:
A cada um de nós, que não temos o dom da ubiquidade, é difícil ter uma noção do que se passa diariamente nas várias auto-estradas urbanas e suburbanas deste país. Mas a televisão mostra-nos. E vale a pena ver este vídeo, com imagens colhidas diariamente ao longo de três semanas (incompletas), para nos interrogarmos porque é que estamos a gastar rios de dinheiro a construir, nestas zonas, as estradas mais rápidas e caras que existem:
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Todos os dias úteis, pelo menos durante várias horas de manhã e ao final da tarde, a história repete-se e as “rápidas” auto-estradas que nos custaram fortunas tornam-se mais lentas do que uma estrada municipal de província.
Quando é que todo este disparate vai acabar?
Joana Ortigão
(continua)
Fernando Seara, Presidente da Câmara Municipal de Sintra, aplaudindo a inauguração auto-estrada A16, Setembro de 2009.
Artigos relacionados:
Viver e trabalhar junto à VCI
CRIL: o muro da vergonha
35 comentários:
Os meus parabéns pela série de posts sobre as auto-estradas portuguesas. Um trabalho extenso, certamente duro. E mais aprofundado que um habitual trabalho jornalístico, que normalmente não aborda estas temáticas de uma perspectiva crítica, muito menos em profundidade.
Tenho muita pena que este blog tenha fim anunciado, é uma das minhas leituras preferidas e um site único no panorama português.
esse filme é irrevelante. porque se já é assim com autoestradas, dá para imaginar o que seria sem elas. se há estas bichas isso só prova que as autoestradas são precisas
Não sei bem o que destacar. Se o vídeo, que foi uma boa ideia. Se a citação do Seara, que devia ter sido eleita a frase pacóvia do ano. Ou se o comentário do anónimo das 9:39, que revela que não percebeu nada do que está escrito no post.
percebi sim senhor. mas se não houvesse autoestrada eu queria ver como é que era. por onde é que ia este trânsito todo? pelo céu?
e que musica mais monótoma a desse video. podia ter arranjado uma coisa melhorsinha, caramba!
Estas auto-estradas são absolutamente necessárias. Posso até concordar que a A16 podia não ter sido construída (mas dá geito), mas era impensável não existir a A5 ou o IC19 ou a Ponte Vasco da Gama e outras. Foi dinheiro bem gasto.
E não esquecer outras "auto-estradas" que rasgam a cidade de Lisboa ao meio: Avenida Lusíada, 2ª circular,...
Grande post, este.
Hugo
"De Sintra ao Centro Comercial Colombo". LOL, LOL, LOL. Muito bem apanhada, esta.
Anónimo das 10:18: já pensou que se calhar a música é propositadamente monótona?...
No meio destas filas intermináveis há autocarros. Os supostos "Expressos" que vão dos arredores de Lisboa a Lisboa em "tempos recorde" (qual quê! Comboio é que é!). Uma minoria de cidadãos (os utilizadores diários do pópó) consegue prejudicar todos os restantes com o transito e estacionamento caótico que provocam.
O anónimo defensor das auto-estradas indiscriminadas deve ser mais um dos milhões de portugueses que nunca saíu do país para visitar um do primeiro mundo. As pessoas não têm a culpa de nascer burras, mas têm de ser ignorantes.
"Ponte Vasco da Gama"
A Ponte quê? Está a falar da mesmo Ponte Vasco da Gama que eu? Aquela que tem 1/4 do tráfego previsto, e que à conta disso já custou 3 vezes o valor da sua construção em indemnizações à Lusoponte?
Grande post! Bravo!
A CRIL é necessária, a VCI também, a A5 também, o IC19 também, a A16 também, etc. Por mais que se esforce, não pode cortar em lado nenhum. Se a A16 teve 23.000 veículos/dias isso só vem provar que era precisa. E é aqui que você é contraditória: no outro post critica porque o tráfego é reduzido e "não justifica" e nestes casos o tráfego é grande mas pelos vistos isso agora já não lhe interessa. Isso desculpe lá é ser tendenciosa. Não tem credebilidade menhuma.
"Se a A16 teve 23.000 veículos/dias isso só vem provar que era precisa"
Muito bom exemplo. Caso não saiba isso não é tráfego que justifique a construção de uma via 3x3.
Por isso, não, não se justificava.
Quanto ao resto, se aprendesse a ler (coisa que não deve saber fazer, senão também saberia escrever), percebia perfeitamente o porquê do texto. Assim faz figura de urso e deve sair daqui todo contente.
Para quem não vive na capital do Império, alguém que explique sff porque é que a frase do sr. Seara tem assim tanta piada?
Auto-estrada e centro comercial, dois amores queridos dos tugas. O que o brilhante homem, que por acaso é presidente da câmara, está a dizer é: "que bom, agora posso ir de Sintra ao centro comercial Colombo em 15 minutos pela A16".
O centro comercial Colombo fica na cidade de Lisboa. Pronto, não vamos exigir que o senhor dissesse que agora estava a não sei quantos minutos do centro cultural de belém, mas podia, vá lá, dizer que agora em 15 minutos se põe em Lisboa...
Ah, ok. Obrigado.
Bom trabalho.
Espero que o próximo seja sobre o consumo do tabaco e os milhões que custa ao Estado...
Isto não é um blogue sobre os gastos do estado...
É um Blog sobre parvoice, de gente desocupada!
"É um Blog sobre parvoice, "
Em termos de capacidade de atracção de parvos e desocupados não tenho dúvidas que o seja. O seu comentário é a prova cabal disso.
eheheh
O que eu gostava mesmo de ver aqui era uma amostra de contraditório; e não de gente desocupada, mas de quem realmente defendeu e defende a construção das referidas vias de comunicação.
"O que eu gostava mesmo de ver aqui era uma amostra de contraditório; e não de gente desocupada, mas de quem realmente defendeu e defende a construção das referidas vias de comunicação."
Mas isso as meninas ridículas não tem capacidade para trazer aqui!
"O que eu gostava mesmo de ver aqui era uma amostra de contraditório"
Doroteia, eu também. Não só aqui mas na praça pública em geral. Uma vez numa conferência pedi ao exmo Presidente das Estradas de Portugal que me mostrasse uma prova, uma só prova (até podia ter sido feita por eles!), que comprovasse os ganhos económicos que os nossos 3000 km de AE nos trouxeram.
A resposta dele? «Ai e tal, toda a gente sabe que é melhor ter mais AE do que não ter, blah, blah, blah.».
Eu disse-lhe: «essa parte já ouvi milhares de vezes, o que eu quero é provas disso. Um relatório que seja»
Ele: «isso não temos».
Comentário final da minha parte: «Ok. Obrigado. Fico folgado em saber que o dinheiro do Estado está em boas mãos».
"Mas isso as meninas ridículas não tem capacidade para trazer aqui! "
Ou então não existem. A não ser que todos os apoiantes das AE que por aqui passam sejam burros (o que também é uma hipótese).
Eu não acompanhei todos os capítulos desta saga, e sinceramente com a velocidade da minha net nem me atrevo a ir ver, mas já apresentaram os dados referentes à segurança rodoviária?
Parece-me que ai haverá um argumento para os "prós".
Porque o burro sabe por onde ir, e o parvo é teimoso que nem um burro!
Please!
Doroteia, esse argumento e o do tempo já foram aqui falados.
Mas o argumento principal costuma ser o «desenvolvimento» e é para esse que faltam as provas.
E os que defendem as AE dizem coisas como "Porque o burro sabe por onde ir, e o parvo é teimoso que nem um burro!" para provar o seu argumento, por isso já vemos o seu nível de argumentação.
"por isso já vemos o seu nível de argumentação. "
Convenhamos que podíamos ter um que dissesse «quem o diz é quem o é!», por isso já estamos em presença de algo mais elaborado!
A este excelente artigo eu só acrescentaria duas coisas, que a Joana se esqueceu de escrever (pois falou nisso quando trocámos impressões sobre esta série de artigos):
1 - Ninguém se lembraria de construir uma linha férrea entre Sintra e Lisboa ou entre Cascais e Lisboa para os comboios circularem a 120 km/h.
No fundo, esquecendo agora a questão dos impactos de tais velocidades em ambiente urbano(que é muito importante), é retomar um pouco a ideia, já exposta numa das partes anteriores deste artigo, de que as auto-estradas fazem muito pouco sentido para distâncias curtas. E estas distâncias são, inevitavelmente, distâncias curtas: a A5, por exemplo, tem pouco mais de 20 km!
Com a seguinte diferença: é que se existisse a tal linha férrea de "alta" velocidade entre Cascais e Lisboa, à hora de ponta os comboios passariam mesmo a 120 km/h, sem quaisquer constrangimentos; na estúpida auto-estrada, nem a metade dessa velocidade passam...
2 - Ao contrário de uma estrada, a auto-estrada urbana é muito inimiga dos transportes públicos (autocarro): não há, nem pode haver paragens de autocarro na auto-estrada. Nem faixas BUS.
Não há nada nisto que faça sentido.
Mesmo não concordando com todo o trabalho de investigação publicado neste blog, que de qualquer forma está muito bom, felicito a(s) autora(s) pelo sua dedicação.
Não se assemelhando a um trabalho jornalístico mas, mais a um artigo de opinião, é aí que entra a minha discordância com certos pontos sensíveis deste texto.
Ao falarmos dos quilómetros e quilómetros de auto-estradas desnecessárias em Portugal que não atingem as TMD que justifiquem a sua construção e posterior manutenção, chegamos à infeliz conclusão que existe uma notória má gestão do dinheiro da Estradas de Portugal, SA e que a aplicação de certos fundos torna-se absurda e disparatada. Vemos também que muitos destes projectos acabam saindo do papel para beneficiar algumas empresas privadas (de construção civil, concessionárias, etc.) "amigas" de personalidades com cargos políticos, por vezes, com bastante influencia no seu meio e não só.
Eu sendo uma pessoa que tira imenso prazer da condução, principalmente em viagens de médio/longo curso, sinto-me bastante indignado por ver que boas alternativas às auto-estradas, que são muito caras para o utilizador e por isso recuso-me a utiliza-las, praticamente não existem, exceptuando talvez o caso da A2 a partir da Marateca até ao seu termino, na A22, que tem o antigo IP1, agora IC1, e o caso da A6 entre Montemor-o-Novo e a fronteira que tem como alternativa a muito bem asfaltada e sinalizada N4. Essas alternativas não existem pelo simples facto de não serem 'lucrativas' e, por isso, caiem no esquecimento. Até mesmo as placas de indicação das povoações/regioẽs apontam sempre para as AE's tornando a deslocação pelas "alternativas" por vezes bastante confusa.
Quero com isto dizer que das muitas auto-estradas desnecessárias bastaria por no seu lugar uma boa via-rápida em perfil 2x1 com zonas de ultrapassagens nas zonas mais inclinadas e em zonas urbanas usar-se o perfil de 2x2, com curvas ligeiras e cruzamentos desnivelados para o fluxo de transito não ter qualquer estrangulamento e a segurança rodoviária não estar em causa. Desta forma as vias de comunicação não seriam tão dispendiosas, nem para o estado devido aos custos de construção e manutenção serem muito mais baixos, nem para os utilizadores que em muitas zonas do país são obrigados a usar estradas portajadas no seu dia-a-dia.
Relativamente às duas maiores cidades do país aqui referidas neste artigo, não vejo como certas auto-estradas urbanas possam ser absurdas. No caso de Lisboa, que é a área que melhor conheço, a finalização do Eixo Norte-Sul e da CRIL trouxeram grandes vantagens à mobilidade dos cidadãos residentes nas zonas periféricas da cidade. Notam-se bastantes melhorias no transito à hora de ponta não sendo este tão caótico como era há uns anos atrás. Mas paralelamente à construção destas infraestruturas os traçados e a frequência dos transportes públicos deveriam ser melhorados, mas infelizmente, alem de não serem melhorados ainda vão cortar com carreiras da Carris e reduzir a frequência de tantas outras e também do Metropolitano de Lisboa já em 2012.
Podemos olhar para o bom exemplo da cidade de Madrid que está a "enterrar" uma das estradas com maior tráfego de Espanha, a M-30, tendo esta várias partes do seu traçado abaixo do solo ou a Av. de Portugal (inicio da A-5 em direcção a Badajoz), um túnel com 7,5 km's de extensão e 3 faixas de rodagem em cada sentido, descongestionando o tráfego de uma das entradas da cidade e simultaneamente tornando a zona residencial acima do túnel bastante agradável e excelente num sitio de lazer. Conseguiram solucionar problemas no fluxo de transito sem "ferir" a cidade. http://www.youtube.com/watch?v=G7fEpx4jnyU
Quero felicitar novamente o excelente trabalho demonstrado aqui neste blog e a importância que tem dar a conhecer muitos dados aqui disponíveis à população em geral.
Concordo com o post anterior, o eixo norte-sul permitiu ligar verticalmente Lisboa por via rápida, retirando tráfego das avenidas principais.
Já a Cril permite desviar tráfego de Lisboa, sobretudo da 2ª circular.
Aliás, lendo alguns comentários até parece que Lisboa não deveria ter nenhuma via rápida!
Eu sou lisboeta e acho que o eixo norte-sul foi uma das coisas mais bem feitas em Lisboa nas últimas décadas e ao contrário do que escreveu foi um factor de estabilização populacional.
Se havia alguma necessidade em Lisboa era precisamente ter algumas vias rápidas de circulação a ligar às principais auto-estradas. Não era possível uma capital estar tão mal servida de acessos.
Agora que os principais acessos internos de Lisboa estão concluídos falta de facto melhorar o sistema de autocarros (criar faixas bus em todos os circuitos)o que deveria modificar em parte a 2ª circular, para ter um corredor bus livre de automóveis.
num país cujo presidente é filho de um gasolineiro, pouco mais estávamos à espera
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