Nos quatro anos de blogue: Ferrovia (4)

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17 - LINHA DA BEIRA ALTA
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Evolução 2009-2013:
Diminuição da oferta.
Viagens mais demoradas.
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Observações:
1) Neste período, foram introduzidas portagens na autoestrada A25, mas a CP admitiu não ter realizado nenhum estudo de mercado que refletisse a nova realidade e lhe permitisse adaptar a ela o serviço prestado.

2) Circulam menos comboios na Linha da Beira Alta, por comparação com 2009.
Em 2009, havia 4 comboios diários em cada sentido entre Coimbra e Guarda (eram 5 à segunda-feira de Guarda a Coimbra); hoje existem apenas 3 e foi ainda suprimido o comboio extra à segunda-feira.
Havia 3 comboios diários em cada sentido entre Guarda e Vilar Formoso (eram 4 à sexta de Guarda a Vilar Formoso); hoje já só existem 2 (e foi suprimido o comboio extra à sexta-feira).  
Entre Lisboa e Guarda, mantêm-se os 3 comboios Intercidades em cada sentido via Linha da Beira Alta (despareceram as ligações via Beira Baixa).
Em 2013, os comboios rápidos Intercidades param mais vezes: todos passaram a parar nas localidades de Vila Franca das Naves, Fornos de Algodres, Carregal do Sal e Mortágua.

3) São 7 as ligações diárias entre Porto e Guarda, sendo 4 no sentido Porto-Guarda e 3 no sentido Guarda-Porto (as mesmas de 2009). Continua a não existir um único comboio direto entre as duas cidades (ao contrário do que sucedia há algumas décadas, quando era possível fazer o mesmo trajeto em menos tempo do que hoje): todas as ligações obrigam a um transbordo, que é feito, em todos os casos, em Coimbra (em 2009, um dos transbordos era feito na Pampilhosa, solução mais vantajosa para quem viaja de ou para o Porto, pois evita uma viagem inútil de ida e volta entre Pampilhosa e Coimbra). O transbordo, embora signifique um serviço de pior qualidade, encarece, em alguns casos, o preço do bilhete.
Por outro lado, 2 das 4 ligações no sentido Porto-Guarda são agora feitas em comboio regional entre Coimbra e Guarda: em 2009, só 1 das 4 ligações era feita em regional; as restantes 3 eram feitas em comboio rápido Intercidades (hoje reduzidas a 2).
A viagem mais rápida entre as duas cidades (trajeto de 261 km) demora agora 3h50 no sentido Porto-Guarda (mais 57 minutos do que em 2009) e 3h29 no sentido Guarda-Porto (mais 12 minutos do que em 2009). A viagem mais lenta no sentido Guarda-Porto demora 3h34 (mais 3 minutos do que em 2009) e demora 4h10 no sentido Porto-Guarda (menos 23 minutos).
Para quem se desloca de ou para o Porto, os tempos de espera nos transbordos chegam a atingir 54 minutos (em média, 33 minutos de espera no sentido Porto-Guarda e 23 minutos no sentido inverso, ligeiramente menos do que em 2009).   

4) No percurso entre as cidades beirãs de Coimbra e da Guarda, o comboio pode competir com a autoestrada: o trajeto em autoestrada é mais longo, obrigando a um desvio por Aveiro. O comboio pode também competir com o trajeto rodoviário (um pouco mais curto) pela via rápida IP3 até Viseu + autoestrada a partir de Viseu.
O número de ligações entre as duas cidades diminuiu: em 2009, havia 7 comboios diários de Coimbra a Guarda, hoje são 6 (três Intercidades e três regionais); em 2009, havia 6 comboios diários de Guarda a Coimbra (três Intercidades, três regionais) e um 7.º comboio à 2.ª feira; o comboio extra foi suprimido.
Em 2013, a viagem mais rápida entre Coimbra (B) e Guarda (170 km) demora 2h03 no sentido Coimbra-Guarda (mais 4 minutos do que em 2009) e 2h07 no sentido Guarda-Coimbra (mais 12 minutos do que em 2009). Na viagem mais lenta, o trajeto demora 2h51 no sentido Coimbra-Guarda e 2h42 no sentido inverso (diferenças de apenas 1 minuto, para mais e para menos, respetivamente).

5) Das 10 ligações diárias que existiam em 2009 entre Lisboa e a Guarda, hoje subsistem apenas as 6 (3 em cada sentido) que fazem o trajeto através da Linha da Beira Alta (em comboio Intercidades). A viagem mais rápida (que é também a mais lenta) demora 4h12 no sentido Lisboa-Guarda (mais 2 minutos do que em 2009) e 4h20 no sentido Guarda-Lisboa (mais 12 minutos do que em 2009). Distância: 387 km.

6) Entre Vilar Formoso e Coimbra (215 km), das 6 ligações diárias em 2009 (e uma 7.ª à sexta-feira), subsistem hoje 4 (duas em cada sentido). Todas obrigam a um transbordo na Guarda. Em 2013, a viagem mais rápida demora 2h55 de Vilar Formoso a Coimbra (B) (mais 10 minutos do que em 2009) e 2h59 de Coimbra a Vilar Formoso (mais 14 minutos do que em 2009). A viagem mais lenta demora agora 3h10 no primeiro caso (o mesmo que em 2009) e 3h06 no segundo (menos 21 minutos).

7) Já só restam 4 comboios diários entre Guarda e Vilar Formoso (2 em cada sentido); eram 6 em 2009 (a que acrescia uma 7.ª ligação à sexta). O trajeto (46 km) é feito em 43 min em qualquer dos sentidos (em 2009, a viagem mais rápida de Guarda a Vilar Formoso demorava menos 9 minutos do que hoje; no sentido inverso, o tempo de viagem é o mesmo).
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Fotografia: Dario Silva
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18 - LINHA DA BEIRA BAIXA
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Evolução 2009-2013:
Modernização e eletrificação do troço Castelo Branco-Covilhã.
Encerramento do troço Covilhã-Guarda.
Suprimidas, pela CP, todas as ligações de transporte rodoviário alternativo neste último troço.
Diminuição da oferta.
Substituição dos comboios Intercidades por automotoras de pior qualidade.
Encurtamento dos tempos de viagem de e para a Covilhã, exceto nas ligações entre Porto e Covilhã. Nos restantes trajetos, os tempos de viagem aumentaram ou diminuíram, consoante a ligação.
Serviço piorou nas ligações de e para o Porto.
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Observações:
1) Em Novembro de 2005, foram anunciadas obras de modernização do troço de 47 km entre Covilhã e Guarda (onde a Linha da Beira Baixa entronca com a Linha da Beira Alta), a concluir em 2007. A obra não se fez.
A partir de Março de 2009, a circulação de comboios foi interrompida nesse troço, para a realização das obras de modernização. A Secretária de Estado dos Transportes anunciou que as obras estariam concluídas no final de 2010.
Em Outubro de 2009, a Secretária de Estado dos Transportes anunciou a conclusão das obras para 2012.
Além da reabilitação e reforço do túnel de Sabugal, foram feitas obras de renovação integral da linha num subtroço de 10 km (mais ou menos entre Caria e Belmonte), que incluiu a remodelação de estações. Mas não se fez obra nos outros 37 km e mesmo o troço que foi renovado ficou ao abandono.
No final de 2010, a CP, no seu Plano de Atividades para 2011, manifestou a intenção de pôr termo ao serviço de transporte rodoviário alternativo.
Em 2011, um estudo encomendado pelo Governo previa o encerramento definitivo deste troço.
A linha não voltou a reabrir e o projeto de modernização foi abandonado, mesmo com parte da obra feita (na imagem, caminhada de protesto no troço encerrado).
À altura da suspensão do serviço, o comboio demorava 1h12m a percorrer os 47 quilómetros entre Covilhã e Guarda (era mais lento do que 30 anos antes). O serviço de transporte rodoviário criado em sua substituição era ainda mais lento: 1h18m.
Em 1/1/2012, a CP decidiu suprimir todas as ligações de transporte rodoviário alternativo (6 autocarros diários, que tinham substituído o mesmo número de comboios).

2) O troço de 72 km entre Castelo Branco e Covilhã foi modernizado e eletrificado entre 2009 e 2011, com correção de traçados em curvas de forma a permitir velocidades de 120 km/h (140 km/h para comboios pendulares) e um custo total de 106 milhões de euros (a maior parte da empreitada foi incluída num projeto com comparticipação de 95% da União Europeia). Com esta obra, ficou concluída a modernização e eletrificação da Linha da Beira Baixa, com exceção do troço Covilhã-Guarda. Persistem, no entanto, mais de 20 locais da linha onde a velocidade máxima de circulação é de 50 km/h ou de 30 km/h.

3) Neste período, foram introduzidas portagens na autoestrada A23, mas a CP admitiu não ter realizado nenhum estudo de mercado que refletisse a nova realidade e lhe permitisse adaptar a ela o serviço prestado, ao passo que a Rede Expressos (autocarros) aumentou e melhorou a sua oferta.

4) Três meses depois da conclusão da modernização da linha, e pela mesma altura em que foram introduzidas portagens na A23, a CP substituiu os comboios Intercidades por automotoras de pior qualidade e conforto, para baixar os custos de exploração. Multiplicaram-se os protestos dos utentes.

5) Entre Lisboa e Covilhã, havia 12 ligações diárias em 2009 (6 em cada sentido, 3 em comboio Intercidades e 3 em comboio regional). Em 2013, depois de modernizada a linha, são 11 as ligações diárias (6 no sentido Lisboa-Covilhã e 5 no sentido inverso): menos um comboio regional. Uma das cinco ligações em comboio regional é direta; em 2009, todas implicavam transbordo (em quatro ligações, o passageiro tinha mesmo de fazer dois transbordos, porque a linha só estava eletrificada até Castelo Branco).
A viagem mais rápida entre as duas cidades (300 km) demora agora 3h40 no sentido Lisboa-Covilhã (menos 14 minutos do que anteriormente às obras) e 3h44 no sentido Covilhã-Lisboa (menos 13 minutos). A viagem mais longa demora 5h11 no sentido Covilhã-Lisboa (menos 12 minutos) e 5h45 no sentido Lisboa-Covilhã (menos 38 minutos).

6) O encerramento da ligação ferroviária entre as linhas da Beira Alta e da Beira Baixa prejudicou, entre outras, a ligação entre Porto e Covilhã, utilizada, por exemplo, por estudantes da Universidade da Beira Interior.
Em 2009, havia 11 ligações diárias entre Porto e Covilhã (5 no sentido Porto-Covilhã e 6 no sentido Covilhã-Porto), cinco delas via Linha da Beira Alta (308 km) e as restantes seis via Entroncamento (424 km). Em 2013, subsistem apenas as 6 ligações diárias via Entroncamento, mais longas.
A viagem mais rápida entre as duas cidades demora agora 5h04 (mais 18 minutos do que em 2009 no sentido Covilhã-Porto, mais 14 minutos no sentido Porto-Covilhã), sempre com mudança de comboio no Entroncamento. O tempo de espera no Entroncamento chega a atingir 88 minutos. O tempo médio de espera nos transbordos passou de 27 min para 65 min no sentido Covilhã-Porto e de 60 min para 36 min no sentido Porto-Covilhã.  

7) Mantêm-se as 14 ligações diárias entre Lisboa e Castelo Branco (7 em cada sentido, 3 em Intercidades e 4 em comboio regional). Mas diminuiu o número de comboios diretos: em 2013, em 6 (das 14) ligações os passageiros são obrigados a mudar de comboio (no Entroncamento), contra 5 em 2009.
Em 2013, os 229 km entre as duas cidades demoram, na melhor das hipóteses, 2h49 a percorrer no sentido Lisboa - Castelo Branco e 2h54 no sentido Castelo Branco - Lisboa, mais 6 e mais 7 minutos do que em 2009, respetivamente. A viagem mais lenta dura 4h01 no sentido Castelo Branco - Lisboa (mais 5 min do que em 2009) e 4h10 no sentido Lisboa - Castelo Branco (menos 3 min). 

8) Tal como em 2009, há 6 ligações diárias entre Porto e Castelo Branco, com mudança de comboio no Entroncamento. Em 2013, a viagem mais rápida entre as duas cidades (352 km) demora 4h14 no sentido Castelo Branco – Porto (mais 53 minutos do que em 2009) e 4h13 no sentido Porto – Castelo Branco (mais 8 minutos do que em 2009). Nas viagens mais demoradas, o tempo de percurso é de 5h14 no sentido Castelo Branco – Porto (mais 46 minutos do que em 2009) e de 5h20 no sentido Porto – Castelo Branco (mais 11 minutos). [Transbordos: ver Porto – Covilhã.]

9) Entre os dois extremos da Linha da Beira Baixa em exploração (Entroncamento e Covilhã) há 11 ligações diárias (6 no sentido da Covilhã e 5 no sentido inverso); em 2009 havia mais uma. 6 das ligações fazem-se em comboio Intercidades e as restantes 5 em comboio regional. Todas as ligações são diretas (não implicam transbordos), ao passo que em 2009 os comboios regionais implicavam sempre um transbordo em Castelo Branco (porque a linha não estava eletrificada a partir desta cidade).
A viagem mais rápida entre as duas cidades (194 km) demora, em 2013, 2h27 no sentido Covilhã – Entroncamento e 2h29 no sentido contrário, menos 20 e menos 19 minutos do que em 2009, respetivamente. A viagem mais lenta demora 3h27 no sentido Covilhã – Entroncamento (menos 9 min do que em 2009) e 3h42 no sentido Entroncamento – Covilhã (menos 39 min).

10) Em 2013, depois de modernizado e eletrificado o troço Castelo Branco – Covilhã, o número de ligações diárias entre as duas cidades é menor: diminuiu de 14 em 2009 para 13 em 2013. Além dos 6 comboios intercidades (que se mantêm, 3 em cada sentido), há 7 comboios regionais, 4 no sentido da Covilhã e 3 no sentido de Castelo Branco (há um 4.º comboio, mas agora apenas à segunda-feira). A viagem mais rápida entre as duas cidades (72 km) demora 49 min (menos 5 minutos do que anteriormente às obras); a mais lenta demora 1h04 no sentido de Castelo Branco (menos 18 min) e 1h10 no sentido da Covilhã (menos 22 min).    

11) Em 2013, há menos 6 comboios diários entre Entroncamento e Abrantes. Atualmente, são 16 os comboios diários: 6 Intercidades e 10 comboios regionais. Havia 22 comboios diários em 2009 (dos quais 16 regionais, quatro deles servindo também a Linha do Leste e/ou o Ramal de Cáceres, agora encerrados).
Os tempos de viagem aumentaram ligeiramente: na melhor das hipóteses, os 29 km que separam as duas cidades demoram hoje 24 min a percorrer no sentido de Abrantes (mais 4 minutos do que em 2009) e 22 min no sentido do Entroncamento (mais 2 minutos); na pior das hipóteses, o tempo de viagem é de 35 min no sentido do Entroncamento (mais 1 min) e de 38 min no sentido de Abrantes (menos 1 min).
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Imagem: página “Linha da Beira Baixa” no Facebook
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Nos quatro anos de blogue: Ferrovia (3)

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14 – LINHA DE ÉVORA
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Evolução 2009-2013:
Linha eletrificada.
Grande redução da oferta.
Encurtamento significativo dos tempos de viagem.
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Observações:
1) No final de 2006, foram concluídas as obras de modernização (no que resta da) Linha de Évora, que levaram ao encerramento da linha durante 9 meses. Em Outubro de 2009, menos de três anos depois de concluída aquela obra, anunciou-se a obra de eletrificação (não incluída na empreitada anterior) e que, para o efeito, a linha ia voltar a ser encerrada, durante um ano. Apesar dos protestos e de uma petição contra o encerramento, com fundamento em que não era necessário encerrar a linha para fazer a obra de eletrificação, o Governo autorizou o fecho. Durante um ano e três meses (de Maio de 2010 a Julho de 2011), esteve interrompida a circulação em duas linhas férreas (Linha de Évora e Linha do Alentejo), para se fazer uma obra de eletrificação de um troço de 26 km da Linha de Évora e uma obra de modernização de um troço de 37 km da Linha do Alentejo. A obra de eletrificação da Linha de Évora terá custado cerca de 46 milhões de euros, comparticipados a 70% pela União Europeia.

2) Em 2009, circulavam na Linha de Évora 14 comboios por dia; em 2013, depois de a linha ter sido inteiramente modernizada, dispondo de elevados padrões de velocidade, a oferta está reduzida a 8 comboios diários: quase metade.
Foram suprimidas todas as ligações ferroviárias entre as cidades de Évora e de Beja (8 comboios diários em 2009).
O comboio Intercidades entre Lisboa e Évora ganhou uma nova ligação em cada sentido (4 comboios por dia em 2013, contra 3 em 2009), mas à custa da supressão dos 4 comboios Intercidades diários entre Lisboa e Beja (ver Linha do Alentejo).

3) Os tempos de viagem encurtaram significativamente: a viagem mais rápida entre Lisboa (Sete Rios) e Évora (139 km) demora agora 1h21, menos 23 minutos do que em 2009, e a viagem mais lenta 1h29 (menos 16 minutos). Demorava o dobro há 15 anos, quando foi inaugurada a autoestrada para Évora. Em 2013, o comboio é o meio de transporte mais rápido entre as duas cidades.

4) O tempo de viagem podia ser ainda mais curto. O comboio rápido, que em 2009 fazia 6 paragens num trajeto de 139 km (em média, uma paragem em cada 23 km), tem, em 2013, 10 paragens (em média, faz uma paragem em cada 14 km, uma paragem a cada 9 minutos): apesar de ser um rápido Intercidades, o comboio passou a fazer paragens nas localidades de Poceirão, de Fernando Pó, de Pegões e de São João das Craveiras.
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Fotografia: REFER
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15 - RAMAL DE TOMAR
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Evolução 2009-2013:
Sem qualquer alteração de relevo.
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Observações:
1) Em 2013, a oferta mantem-se igual à de 2009: 34 comboios diários, todos tendo Lisboa como origem ou destino, sendo 18 no sentido Lisboa-Tomar e 16 no sentido Tomar-Lisboa.
2) Também os tempos de viagem não tiveram qualquer alteração de relevo (um ou dois minutos, em regra, para mais ou para menos). Em 2013, a viagem mais rápida entre Lisboa e Tomar (130 km) demora 1h36 no sentido Tomar-Lisboa e 1h44 no sentido Lisboa-Tomar, e a mais lenta 2h06 no sentido Lisboa-Tomar e 2h09 no sentido Tomar-Lisboa.
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Imagem: Nuno Morão
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16 - LINHA DO OESTE
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Evolução 2009-2013:
Diminuição da oferta.
Em regra, diminuiu o número de transbordos, bem como os tempos de espera nos transbordos.
Na maior parte dos casos, houve um encurtamento dos tempos de viagem.
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Observações:

1) Em 2009, foi anunciado o projeto de modernização e eletrificação da Linha do Oeste. Mas o projeto foi abandonado, apesar de ações de protesto, manifestações, vigílias, viagens de comboio promovidas por deputados, petições, resoluções aprovadas na Assembleia da República e o consenso de personalidades de todos os partidos nas regiões servidas pela linha.
Em meados de 2011, em vez da modernização, um estudo encomendado pelo Governo previa o encerramento da linha entre Louriçal (30 km a Norte de Leiria) e Torres Vedras.
Em Outubro de 2011, o Governo que se seguiu decidiu encerrar a linha, a partir de 2012, entre Caldas da Rainha, Leiria e Figueira da Foz. Um estudo custeado por vários municípios da região, que apontou erros de gestão na exploração da linha por parte da CP, levou, entretanto, o Estado a rever a decisão tomada.

2) A Linha do Oeste continua a definhar: por falta de investimento, a linha (com cerca de 200 km de extensão) tem padrões de velocidade ultrapassados, e em alguns trajetos os tempos de viagem são mais longos do que algumas décadas atrás.

3) Há poucos anos, a CP dividiu artificialmente a Linha do Oeste em duas: uma para Norte das Caldas da Rainha (na direção de Lisboa), outra para Sul (na direção da Figueira da Foz): deixou de haver quaisquer comboios a circular de Norte para Sul e de Sul para Norte das Caldas. Os passageiros passaram a ser sempre obrigados a um transbordo para continuar viagem, com tempos de espera por vezes muito longos.
Entre 2009 e 2013, a CP introduziu um comboio que rompeu essa divisão artificial nas Caldas da Rainha (um comboio de Lisboa a Coimbra, sem transbordo); é, no entanto, caso único: em todas as outras ligações, a divisão permanece.

4) Há comboios da Linha do Oeste que obrigam os passageiros a um outro transbordo, na estação de Meleças (perto do Cacém, local onde a Linha do Oeste entronca com a Linha de Sintra), por vezes também com tempos de espera elevados, sendo a viagem entre Meleças e Lisboa feita nos comboios suburbanos de Sintra.
Por comparação com 2009, em 2013 há menos uma ligação diária em que os passageiros são obrigados a fazer esse transbordo (em bom rigor, há menos duas, mas uma delas porque a ligação foi pura e simplesmente suprimida).

5) A Linha do Oeste é, de todas as linhas ainda em exploração, provavelmente aquela que mais mudanças tem tido ao longo dos anos, nomeadamente nos trajetos dos comboios e nos transbordos. Em 2013, a estrutura das ligações é esta: 1 comboio diário de Lisboa a Coimbra; 8 comboios diários entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz (4 em cada sentido); 1 comboio diário de Coimbra às Caldas; 8 comboios diários entre Caldas da Rainha e Meleças (4 em cada sentido); e 11 comboios diários entre Lisboa e as Caldas (6 no sentido Caldas-Lisboa e 5 no sentido Lisboa-Caldas). Em Lisboa, as estações de partida ou de chegada também têm mudado com frequência: em 2013, Santa Apolónia é estação terminal ou de partida de 7 comboios, e Entrecampos de 5 comboios. 

6) Em 2013, há menos um comboio por dia a circular na Linha do Oeste, por comparação com 2009: foi suprimida uma das ligações das Caldas da Rainha a Meleças.

7) Há menos de 10 anos, ainda era possível viajar entre Lisboa e a Figueira da Foz, percorrendo toda a Linha do Oeste, sem ter de se mudar de comboio. Desde 2005, isso deixou de ser possível.
Em 2009, havia 9 ligações diárias entre Lisboa e a Figueira, em 2013 são 7 (3 para Norte, 4 para Sul). Em todas existe transbordo: 5 ligações com um transbordo nas Caldas e 2 com dois transbordos, em Meleças e nas Caldas (em 2009, 7 das 9 ligações implicavam dois transbordos, nas Caldas e em Meleças ou em Verride). O tempo médio de espera nos transbordos é de 23 min no sentido da Figueira (40 min em 2009) e 27 min no sentido de Lisboa (34 min em 2009).
A viagem mais rápida de Lisboa (Entrecampos) à Figueira da Foz (trajeto de 215 km) demora, em 2013, 4h32m, mais 10 minutos do que em 2009 (é 1 hora mais lenta do que há pouco mais de 10 anos, e é mais lenta até do que há 30 anos). Da Figueira a Lisboa, a viagem mais rápida demora agora 3h49, menos 6 minutos do que em 2009 (mas quase mais meia hora do que há uma década).
Nos percursos mais lentos, a viagem demora 4h51 e 5h04, respetivamente (menos 17 min e menos 32 min).

8) Na metade Norte da linha, entre Caldas da RainhaFigueira da Foz (com passagem por Leiria), há 8 ligações diárias entre as duas cidades, menos 2 do que em 2009. Mas em 2013 todas são diretas, enquanto em 2009 só 60% das ligações eram diretas (nas outras, era preciso mudar de comboio em Verride).  
A viagem mais rápida entre as duas cidades (110 km) demora agora 1h43 (sentido Figueira) ou 1h44 (no sentido Caldas), menos 19 e menos 10 minutos do que em 2009, respetivamente (mas há pouco mais de uma década, a viagem era mais curta do que hoje). A viagem mais lenta demora 2h09 no sentido das Caldas (mais 5 minutos) e 2h05 no sentido da Figueira (menos 31 minutos).

9) Na metade Sul, entre Caldas da Rainha e Lisboa (com passagem por Torres Vedras), há 20 ligações diárias (10 em cada sentido), menos uma do que em 2009.
Mas aumentou o número de comboios sem transbordo, de 11 em 2009 para 12 em 2013. Nas outras 8 ligações (4 em cada sentido), os passageiros têm de mudar de comboio na estação de Meleças, sendo o percurso entre Meleças e Lisboa feito nos suburbanos de Sintra. 
Entre Lisboa e Caldas da Rainha (105 km), 1h56 é o melhor tempo de Caldas a Lisboa (mais 2 minutos do que em 2009), e no sentido Lisboa-Caldas a viagem mais curta demora 1h48 (mais 4 minutos): a viagem era mais rápida há 30 anos. Na pior das hipóteses, os 105 km demoram agora 2h39 a percorrer no sentido Lisboa-Caldas (menos 18 minutos do que em 2009) e 2h32 no sentido Caldas-Lisboa (menos 11 minutos).
Entre Lisboa e Torres Vedras (64 km), o melhor tempo de viagem é 1h10 no sentido de Torres Vedras (mais 2 minutos do que em 2009) e 1h16 no sentido de Lisboa (menos 1 minuto): a viagem também era mais rápida há algumas décadas, quando ainda não havia autoestrada. O percurso mais lento demora agora 1h47 no sentido de Lisboa (menos 9 minutos) e 1h50 no sentido contrário (menos 19 minutos).
O tempo médio de espera nos transbordos na estação de Meleças diminuiu de 20 para 10 minutos no sentido Lisboa-Caldas e de 17 para 8 minutos no sentido Caldas-Lisboa.

10) Entre Coimbra, Leiria e Caldas da Rainha há agora 9 ligações diárias, contra 8 em 2009 (eram 4 em cada sentido, agora há uma 5.ª no sentido Coimbra-Caldas).
Mas agora só existe um comboio direto em cada sentido (eram dois em 2009): as outras 7 ligações obrigam os passageiros a um transbordo na bifurcação de Lares (onde a Linha do Oeste entronca com o Ramal de Alfarelos). O tempo média de espera nos transbordos desceu de 29 para 10 min no sentido Caldas-Coimbra e aumentou de 27 para 31 min no sentido inverso.
Entre Coimbra (B) e Leiria (80 km), a viagem mais rápida demora 1h09 no sentido Leiria-Coimbra (mais 3 min em relação a 2009) e 1h15 no Sentido Coimbra-Leiria (mais 5 min). A mais lenta, 2h07 no sentido Coimbra-Leiria (mais 4 min) e 1h55 no sentido Leiria-Coimbra (menos 29 min).
Entre Coimbra e as Caldas (135 km), a viagem mais rápida demora 1h57 das Caldas a Coimbra (mais 1 minuto do que em 2009) e 2h05 no sentido Coimbra-Caldas (mais 4 minutos). A viagem mais lenta demora 3h14 no sentido Coimbra-Caldas (mais 6 minutos) e 2h56 no sentido Caldas-Coimbra (menos 29 minutos).

11) Entre Lisboa e Leiria, mantêm-se as 9 ligações diárias (4 no sentido de Leiria, 5 no sentido de Lisboa), mas só há um comboio direto (no sentido Lisboa-Leiria): 2 ligações implicam dois transbordos, em Meleças e nas Caldas (eram 4 em 2009) e 6 obrigam a um transbordo nas Caldas (eram 5 em 2009). Em 2009, todas as ligações tinham transbordo. Houve uma melhoria do tempo médio de espera nas mudanças de comboio: de 29 para 23 minutos no sentido Lisboa-Leiria e de 33 para 23 minutos no sentido Leiria-Lisboa.
Em 2013, percorrer os 160 km que separam as duas cidades por caminho-de-ferro demora, na melhor das hipóteses, 2h39 no sentido Lisboa-Leiria (mais 6 minutos do que em 2009) e 2h54 no sentido Leiria-Lisboa (mais 6 minutos do que em 2009), à velocidade de há décadas. O tempo de viagem chega a 4h01 de Leiria a Lisboa e 3h46 de Lisboa a Leiria; neste caso, a duração das viagens diminuiu, respetivamente, 32 min e 17 min em relação a 2009. 
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Imagem: Gazeta das Caldas, o jornal português que mais atenção tem dado à Linha do Oeste, designadamente através do seu jornalista Carlos Cipriano.
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(continua)
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Nos quatro anos de blogue: Ferrovia (2)

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8 - LINHA DE LEIXÕES
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Evolução 2009-2013:
Introduzido novo serviço de passageiros. Posteriormente, a linha foi encerrada ao tráfego de passageiros.
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Observações:
Os comboios de passageiros voltaram a circular na Linha de Leixões em Setembro de 2009, numa ambiciosa primeira fase de um projeto que nunca chegou a ser concretizado (na segunda fase, os comboios chegariam à estação de Leixões, com ligação ao metro e aos autocarros urbanos): nesta linha de cintura do Porto circulavam 55 comboios suburbanos por dia.
A linha foi encerrada ao tráfego de passageiros em 1 de Fevereiro de 2011, com fundamento na sua reduzida procura, depois de a própria CP reconhecer que o projeto não tinha sido executado como previsto.
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9 - LINHA DE VENDAS NOVAS
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Evolução 2009-2013:
Introduzido novo serviço de passageiros. Posteriormente, a linha foi encerrada ao tráfego de passageiros.
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Observações:
Tal como na Linha de Leixões, em Setembro de 2009 os comboios de passageiros voltaram a circular na Linha de Vendas Novas (10 comboios diários entre Setil e Coruche, com ligação a Lisboa pela Linha do Norte, implicando uma mudança de comboio em Setil), neste caso por um período experimental de três anos (que terminaria em Setembro de 2012), na sequência de um protocolo celebrado entre a CP e as câmaras municipais de Coruche, de Salvaterra de Magos e de Cartaxo, suportando a transportadora e as autarquias os custos de exploração em partes iguais.
Um ano depois, no Plano de Atividades para 2011, a CP manifestou a intenção de suprimir esta ligação ferroviária, apresentando como motivo “ajustar a oferta à procura” (embora, segundo a própria CP, o número de passageiros estivesse dentro das expectativas).
No início de 2011, a CP decidiu unilateralmente suprimir o serviço ferroviário a partir de 1 de Fevereiro, desta vez apresentando como justificação o “incumprimento do protocolo” por parte das autarquias. Por pressão dos autarcas, o encerramento não se concretizou.
Em julho de 2011, as três autarquias manifestaram a intenção de renovar o protocolo com a CP.
Mas a CP decidiu de novo suprimir a ligação ferroviária e a linha foi encerrada ao tráfego de passageiros em 1 de Outubro de 2011, apresentando a CP como justificação o facto de o serviço «estar longe de atingir os níveis mínimos de sustentabilidade necessários à sua manutenção».
Tal como na Linha de Leixões, e por falta de outro material circulante, o serviço era prestado com comboios muito maiores do que o necessário (automotoras com três carruagens), inflacionando bastante os custos de exploração.
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Imagem: sítio da Câmara Municipal de Coruche.   
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10 - LINHA DO MINHO
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Evolução 2009-2013:
Inaugurados 3,6 km de linha.
Encerrados 4,1 km de linha.
Quantitativamente, a oferta manteve-se igual.
Em regra, os tempos de viagem encurtaram.
O serviço piorou nos transbordos.
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Observações:
1) Em Agosto de 2010, foi inaugurada a variante ferroviária de Trofa, com a extensão de 3,56 km e o custo de 66,3 milhões de euros (cofinanciados pela União Europeia), pela qual se concluiu a modernização da linha nos troços entre Porto e Nine. A obra, dizia-se, visava «possibilitar a melhoria das condições de exploração ferroviária, aumentando a oferta, melhorando a regularidade dos serviços e reduzindo os tempos de percurso nas linhas do Minho e de Guimarães e no Ramal de Braga».

2) Em consequência da obra, a estação de Trofa deixou de se situar no centro da cidade. A linha substituída, com a extensão de 4,06 km, foi desativada da rede ferroviária nacional.

3) Neste período, foram introduzidas portagens na autoestrada A28, mas a CP não realizou nenhum estudo de mercado que refletisse a nova realidade e lhe permitisse adaptar a ela o serviço prestado.

4) Por comparação com 2009, não houve aumento, nem diminuição da oferta na Linha do Minho: o número de comboios (24) não sofreu alteração. A estrutura da oferta também é exatamente a mesma: 4 comboios do Porto a Valença, 4 comboios de Nine a Valença e 4 comboios de Nine a Viana (sendo a oferta igual no sentido inverso). Assim, tal como em 2009, só um terço dos comboios tem origem ou destino no Porto (os outros dois terços não passam de Nine).

5) Em 2013, a viagem de comboio mais rápida entre Porto (Campanhã) e Viana do Castelo (82 km) demora 1h18 (no sentido de Viana) ou 1h22 (no sentido do Porto), menos 9 minutos do que em 2009. A ligação mais lenta demora 2h21 no sentido de Viana (mais 13 minutos do que em 2009) e 2h10 no sentido do Porto (menos 17 minutos do que em 2009). Tal como em 2009, há 12 ligações diárias em cada sentido entre as duas cidades: 4 diretas e 8 que obrigam a um transbordo em Nine, sendo a ligação entre Porto e Nine feita em comboio suburbano. O tempo médio de espera nos transbordos aumentou de 15 min em 2009 para 21 min em 2013.

6) Continua a haver 8 ligações diárias entre Porto e Valença do Minho (em cada sentido): 4 diretas e 4 que obrigam a duas mudanças de comboio, uma em Viana e outra em Nine, sendo o trajeto entre Porto e Nine feito em comboio suburbano. A viagem de comboio mais rápida entre as duas cidades (130 km de distância) demora 2h no sentido de Valença e 2h04 no sentido do Porto, menos 12 minutos do que em 2009. A ligação mais lenta demora 3h09 no sentido do Porto (menos 8 minutos do que em 2009) e 3h18 no sentido de Valença (mais 1 minuto do que em 2009). O tempo médio de espera nos transbordos subiu de 19 min em 2009 para 31 min em 2013.

7) Tal como em 2009, há 12 ligações diárias em cada sentido entre Nine, Barcelos e Viana (43 km). O comboio mais rápido demora 40 min, o mais lento 1h08 (menos 4 /5 minutos do que em 2009).   

8) Continua a haver 8 ligações diárias em cada sentido entre as cidades de Viana e de Valença (48 km de distância). A viagem mais rápida demora agora 38 min (menos 5 do que em 2009), a mais lenta 1h02 (menos 1 minuto).
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Fotografia: REFER
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Suburbanos que utilizam parte da Linha do Minho: ver Suburbanos de Guimarães, Suburbanos de Braga e Suburbanos de Caíde.
Rápidos (entre Lisboa e Braga / Guimarães), que utilizam parte da Linha do Minho: ver Linha de Guimarães e Ramal de Braga.
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11 - LINHA DO ALGARVE
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Evolução 2009-2013:
Obra de renovação integral da linha (2010-2011).
Diminuição da oferta.
Tempos de viagem sem alterações significativas.
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Observações:
1) Entre 2010 e 2011, foram realizadas obras de renovação integral da linha nos troços entre Lagos e Tunes e entre Faro e Vila Real (numa extensão total de 90 km), com um custo de 25 milhões de euros (o resto da linha – entre Tunes e Faro – tinha sido objeto de modernização no início da década). Mas sem reflexo nos tempos de viagem dos comboios.

2) Neste período, foram introduzidas portagens na autoestrada A22, mas a CP não realizou nenhum estudo de mercado que refletisse a nova realidade e lhe permitisse adaptar a ela o serviço prestado.

3) A oferta diminuiu, de 55 ligações diárias em 2009 para 47 ligações em 2013 (incluindo os comboios que também circulam na Linha do Sul*, a oferta passou de 69 ligações diárias em 2009 para 57 em 2013).
Foram suprimidos os quatro comboios diários entre Faro e Tunes.
Foram suprimidos os dois comboios diários entre Faro e Olhão.
Foram suprimidas duas das ligações diárias entre Faro e Tavira.    

4) Qualquer que seja a extensão do trajeto, os comboios da Linha do Algarve param em todas as estações e apeadeiros, com sacrifício dos tempos de viagem. Não era assim décadas atrás, quando havia comboios regionais mais rápidos.

5) Em 2013, segunda década do século XXI, percorrer de comboio os 140 km entre Lagos e Vila Real de Santo António demora, na melhor das hipóteses, 2h51 no sentido Lagos-Vila Real (mais 4 minutos do que em 2009) e 2h50 no sentido de Lagos (menos 3 minutos). Na ligação mais lenta, a viagem demora 3h49 no sentido de Vila Real (mais 5 minutos do que em 2009) e 3h35 no sentido inverso (menos 22 minutos do que em 2009).
As diferenças são explicadas pelos transbordos. Não há um único comboio que percorra toda a linha (há algumas décadas, havia vários): viajar entre Lagos e Vila Real implica sempre uma mudança de comboio em Faro (o que significa que os passageiros que viajam entre Loulé e Tavira ou entre Albufeira e Olhão, por exemplo, são sempre obrigados a fazer transbordo), com tempos de espera que chegam a durar quase uma hora.
Além do transbordo obrigatório, o comboio faz 28 paragens intermédias entre Lagos e Vila Real, ou seja, em média faz uma paragem em cada 5 km.

6) A viagem mais rápida entre as cidades de Faro e de Lagos (83 km) demora, em 2013, 1h38 no sentido Lagos-Faro e 1h36 no sentido inverso. A viagem mais lenta demora 1h47 de Lagos a Faro e 1h50 de Faro a Lagos. Tal como em 2009, há 9 ligações diárias em cada sentido. Os tempos de viagem não tiveram alterações relevantes (no máximo, 5 minutos menos ou mais do que em 2009).

7) São 21 – as mesmas de 2009 – as ligações diárias entre as cidades de Faro e de Vila Real (56 km de distância): 11 no sentido de Vila Real, 10 no sentido de Faro. A viagem mais rápida dura 59 min no sentido de Faro e 1h05 no sentido Faro-Vila Real, e a mais lenta, respetivamente, 1h14 e 1h15. Os tempos de viagem não tiveram alterações relevantes (no máximo, 3 minutos, para mais ou para menos, por comparação com 2009).

8) Entre Faro e Tavira circulam hoje 29 comboios por dia (15 no sentido de Tavira, 14 no sentido de Faro), contra 31 em 2009. A viagem mais rápida entre as duas cidades (31 km de distância) demora 34 min no sentido Tavira-Faro e 37 min no sentido Faro-Tavira (sensivelmente o mesmo tempo de há três décadas). A viagem mais lenta demora 44 min e 46 min, respetivamente. Os tempos de viagem variaram entre 1 e 3 minutos, para mais ou para menos, relativamente a 2009.

9) Cancelado, em 2010, um concurso público para a aquisição de material circulante, a Linha do Algarve recebeu as automotoras que tinham circulado na Linha do Minho, e que estavam destinadas à sucata. Pelo simples facto de as automotoras disporem de ar condicionado, os preços dos bilhetes foram aumentados.
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* Ligações entre Faro e Porto, Lisboa ou Barreiro, que utilizam parte da linha do Algarve: ver Linha do Sul.
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12 - LINHA DO SUL
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Evolução 2009-2013:
Inaugurados 29 km de linha (Variante de Alcácer).
Encerrados ao tráfego de passageiros 49 km de linha.
Diminuição da oferta (incluindo a supressão de todos os comboios regionais).
Setúbal, uma das maiores cidades do país, ficou sem comboios rápidos.
Encurtamento dos tempos de viagem.
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Observações:
1) No final de 2010, foi inaugurada a Variante de Alcácer, com 28,8 km de extensão e um custo total de 159 milhões de euros.
Para a inauguração, foi fretado um comboio Alfa especial que seguiu vazio desde Lisboa, enquanto governantes, convidados e jornalistas faziam o mesmo trajeto por autoestrada, em meia centena de carros.

2) Foram encerrados ao tráfego de passageiros 49 quilómetros de linha.

3) Na Linha do Sul (a segunda maior linha do país, com quase 300 km de extensão) circulam hoje 10 comboios por dia (5 em cada sentido), contra 14 (eram 15 à sexta) em 2009.
Foram suprimidas as 4 ligações entre Barreiro e Faro, já não havendo um único comboio regional em toda a Linha do Sul.

4) Nesta linha, hoje circulam unicamente dois comboios Alfa em cada sentido entre Porto e Faro (os mesmos do que em 2009) e três comboios Intercidades em cada sentido entre Lisboa e Faro. Foi suprimido o quarto comboio Intercidades à 6.ª feira entre Lisboa e Faro.

5) Os comboios Intercidades deixaram de servir as cidades de Setúbal (120 mil habitantes) e de Alcácer do Sal e passaram a parar nas localidades de Ermidas-Sado, Funcheira, Santa Clara-Sabóia e Messines-Alte.
A cidade de Alcácer perdeu todos os comboios, rápidos ou regionais.

6) A viagem no comboio Alfa do Porto a Faro (648 km) demora 5h37 (menos 31 minutos do que em 2009) e de Faro ao Porto a viagem mais rápida dura agora 5h39 (menos 10 minutos do que em 2009) e a mais lenta 5h44 (menos 5 minutos).

7) Há cinco comboios diários em cada sentido entre Lisboa e Faro: dois comboios Alfa e três Intercidades (menos um à sexta-feira, por comparação com 2009). A viagem mais rápida de Lisboa (Oriente) a Faro (319 km) demora agora 3h (menos 15 minutos do que em 2009) e de Faro a Lisboa 2h59 (menos 10 minutos). A ligação mais lenta dura 3h30 em qualquer dos sentidos (menos 31 minutos do que em 2009 no sentido Lisboa-Faro e menos 22 minutos no sentido Faro-Lisboa).
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Fotografia: REFER
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13 - LINHA DO DOURO
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Evolução 2009-2013:
Quantitativamente, a oferta manteve-se igual.
Tempos de viagem sem alterações significativas.
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Observações:
1) A anunciada obra de modernização / eletrificação do troço Caíde- Marco (14 km) não se realizou, tendo o projeto sido abandonado em 2010. A reabertura do troço Pocinho – Foz Côa – Barca D’Alva também se ficou pelo anúncio feito em Setembro de 2009: não foi feita qualquer obra e a linha continua abandonada (na imagem, passeio na linha desativada, em 2011).

2) A Linha do Douro perdeu os seus três “ramais” (Tâmega, Corgo e Tua), não se conhecendo a exata contribuição dessa perda para a diminuição de passageiros nos comboios regionais e inter-regionais que circulam na linha.

3) Em 2010, foi cancelado o concurso público para a aquisição de material circulante, e a CP pôs a circular na Linha do Douro automotoras em segunda mão alugadas em Espanha, que geraram alguma polémica, nomeadamente por terem custos operacionais mais elevados. O simples facto de as automotoras alugadas disporem de ar condicionado levou a CP a aumentar o preço dos bilhetes.

4) Por comparação com 2009, não houve aumento, nem diminuição da oferta na Linha do Douro: o número total de ligações diárias não teve alteração. A estrutura da oferta também é a mesma. Por regra, os tempos de viagem não tiveram alteração relevante: nuns casos a mesma duração, noutros uns minutos mais, noutros uns minutos menos, raramente com diferenças superiores a 5 minutos.

A Linha do Douro, em 2013:

5) Em 2013, há 39 ligações diárias entre Porto e Marco de Canavezes (20 no sentido Marco-Porto, 19 no sentido inverso), mais uma do que em 2009. Só 16 dessas ligações são diretas (8 em cada sentido): as restantes 23 obrigam a um transbordo em Caíde, sendo o percurso entre Porto e Caíde feito em comboio suburbano. Nos 60 quilómetros que separam as duas cidades, a viagem mais rápida demora 56 minutos e a mais lenta 1h43.  

6) Mantêm-se as 26 ligações diárias entre Porto e Régua (13 em cada sentido): 16 comboios diretos (8 em cada sentido) e 10 ligações com transbordo em Caíde ou em Penafiel, sendo a ligação ao Porto feita em comboio suburbano. Os 103 km entre as duas cidades demoram, na melhor das hipóteses, 1h42 a percorrer no sentido Porto-Régua e 1h45 no sentido Régua-Porto. Nas ligações mais lentas, a viagem demora 2h43 no sentido Régua-Porto e 2h28 no sentido inverso.

7) Do Porto a Pocinho (172 km) continua a haver 10 ligações diárias (5 em cada sentido), mas só 2 são diretas (ambas no sentido Porto-Pocinho: já não há um único comboio direto de Pocinho ao Porto). Das restantes oito, 7 obrigam a um transbordo na Régua e a outra obriga a duas mudanças de comboio, na Régua e em Caíde. A viagem mais rápida demora 3h10 no sentido Pocinho-Porto e 3h05 no sentido Porto-Pocinho. Nas ligações mais lentas, a viagem demora 4h10 no sentido Pocinho-Porto e 3h35 no sentido Porto-Pocinho. O tempo médio de espera nos transbordos é de 21 min no sentido Pocinho-Porto e de 17 minutos no sentido inverso. 

8) São também 10 as ligações diárias entre Régua e Pocinho, 5 em cada sentido. Os 68 km demoram 1h20 a 1h23 a percorrer.
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Fotografia: Jorge Delfim (2011)
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Comboios suburbanos da Linha do Douro (Porto-Caíde): ver Suburbanos de Caíde.
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(continua)
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Nos quatro anos de blogue: Ferrovia (1)

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Em 2009, no exato dia em que este blogue nasceu e em vésperas de eleições legislativas, foi assinado um protocolo entre a REFER, a CP, o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, a CCDR Norte e a Estrutura de Missão para a Região Demarcada do Douro, com vista à reativação (e exploração para fins turísticos) do troço de 28 km da Linha do Douro entre Pocinho, Foz Côa e Barca d´Alva, encerrado em 1988: anunciava-se uma inédita reabertura de uma linha ferroviária desativada. Não se concretizou – tal como outros projetos relacionados com a ferrovia. Não foram anos felizes, estes, para a ferrovia portuguesa. Neste artigo vamos, em traços gerais, ver o que mudou entre 2009 e 2013, linha a linha [linhas com tráfego de passageiros e apenas ligações nacionais; a comparação do número de ligações e de horários é sempre feita com base nos horários dos dias úteis]:
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1 - RAMAL DA LOUSÃ
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Evolução 2009-2013:
A linha foi encerrada.
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Observações:
Em Janeiro de 2010, o Ramal da Lousã, com término em Coimbra e com características de transporte suburbano, foi encerrado, para a realização das obras de implementação do Metro do Mondego, apesar de protestos das populações, que pretendiam a manutenção da linha férrea (na fotografia, de Paulo Novais para a Lusa, vigília contra o encerramento da linha). A linha foi desmantelada. A obra do metro não se fez. Ainda em 2010, foram canceladas as empreitadas relativas à primeira fase. No final do ano, e em substituição da solução do metro, a REFER colocava a hipótese de alcatroar o canal ferroviário, por onde passariam a circular autocarros. No início de 2011, um comunicado do Ministério das Obras Públicas e Transportes aludia à “insustentabilidade” do projeto do Metro do Mondego. Chegou-se a ponderar voltar a pôr os carris no canal, repondo-se a situação anterior. Mas a linha não foi recolocada.
Em 2009, circulavam diariamente no Ramal da Lousã 35 comboios, e, com exceção da Linha do Norte, o número médio de passageiros por comboio era o mais elevado de todo o serviço regional.
Apesar da intenção manifestada várias vezes pela CP de suprimir o serviço rodoviário alternativo, este ainda existe. Em cada comboio, a CP transportava, em média, um número de passageiros muito superior à capacidade de um autocarro (173 passageiros por comboio em 2004 - último dado disponível). Daí que o número de ligações em autocarro mais do que duplique o do comboio. Os autocarros são mais lentos. Por comboio, a ligação mais rápida de Serpins a Coimbra demorava 41 minutos; hoje, o autocarro mais rápido demora 120 minutos. Nem os autocarros “rápidos” entre Lousã e Coimbra conseguem competir com o tempo de percurso do comboio: o autocarro mais rápido demora 50 minutos (sem contar com engarrafamentos); à altura do encerramento da linha, o comboio mais rápido demorava 33 minutos. Do serviço de comboio (2009) para o serviço de autocarro, o número total de passageiros transportados pela CP diminuiu 13% em apenas um ano (não há dados posteriores a 2010).
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2 – LINHA DO CORGO
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Evolução 2009-2013:
Linha encerrada.
Suprimidas todas as ligações de transporte público rodoviário alternativo pela CP.
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Observações:
Na Linha do Corgo, que servia a capital transmontana, a circulação foi interrompida em Março de 2009, tendo sido invocado como motivo a «necessidade inadiável de intervenção na infraestrutura, com vista a garantir segurança da circulação». A linha foi rapidamente desmantelada, mas nenhuma obra foi iniciada, apesar do anúncio da Secretária de Estado dos Transportes de que as obras (no valor de 23,4 milhões de euros, financiadas na sua maior parte com fundos comunitários) se iniciariam em Junho de 2009 e estariam concluídas e a linha reaberta em Setembro de 2010. Em Julho de 2009, a Secretária de Estado invocou dificuldades na aquisição de novo material para a linha: a obra iniciar-se-ia, afinal, em 2010 e estaria concluída em 2011.
Em 2010, nenhuma obra foi iniciada. Em meados do ano, foi desativada, na Régua, a central de comando que abrangia a Linha do Corgo. No final do ano, a CP, no seu Plano de Atividades para 2011, manifestou a intenção de pôr termo ao serviço de transporte rodoviário alternativo.
Em Julho de 2011, os municípios de Vila Real, da Régua e de Santa Marta manifestaram-se dispostos a cofinanciar a obra (no pressuposto da comparticipação financeira com fundos comunitários).
Em Outubro de 2011, o Governo decidiu desativar a linha.
Em 1/1/2012, a CP decidiu suprimir todas as ligações de transporte público rodoviário alternativo (10 autocarros diários, tantos quantas as ligações ferroviárias diárias que havia em 2009, à data da interrupção da circulação; o tempo de percurso do autocarro era igual ao do comboio, que, por seu turno, era mais lento em 2009 do que décadas antes).
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Fotografia daqui.
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3 - LINHA DO TÂMEGA
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Evolução 2009-2013:
Linha encerrada.
Suprimidas todas as ligações de transporte público rodoviário alternativo pela CP.
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Observações:
A situação da Linha do Tâmega (que ligava a Linha do Douro à cidade de Amarante) é idêntica à da Linha do Corgo. A circulação foi interrompida exatamente na mesma data, foi invocado o mesmo motivo (“segurança”), foi manifestada a mesma intenção (renovação integral da linha, neste caso com o custo total de 13,6 milhões de euros, também financiados na sua maior parte com fundos comunitários), foi anunciado para 2011 o prazo de conclusão da obra, a linha foi rapidamente desmantelada, a obra não foi iniciada em Junho de 2009 (primeira previsão), nem em 2010 (segunda previsão), e em meados de 2010 foi desativada, na Régua, a central de comando que abrangia a Linha do Tâmega.
No final de 2010, a CP, no seu Plano de Atividades para 2011, manifestou a intenção de pôr termo ao serviço de transporte rodoviário alternativo.
Em Outubro de 2011, o Governo decidiu desativar a linha.
Em 1/1/2012, a CP decidiu suprimir todas as ligações de transporte público rodoviário alternativo (15 autocarros diários, tantos quantas as ligações ferroviárias diárias que havia em 2009, à data da interrupção da circulação; o autocarro era bastante mais lento do que o comboio, que, por seu turno, era mais lento em 2009 do que décadas antes).
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Fotografia de Luís Liberal.
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4 - RAMAL DA FIGUEIRA DA FOZ
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Evolução 2009-2013:
Linha encerrada.
Suprimidas todas as ligações de transporte público rodoviário alternativo pela CP.
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Observações:
Nesta linha de 50 quilómetros, que ligava a Figueira da Foz (Linha do Oeste) às linhas do Norte e da Beira Alta (em Pampilhosa; o comboio fazia a ligação a Coimbra), a circulação foi interrompida em 2009. Neste caso, o motivo invocado não foi a “segurança”, mas o investimento na “modernização” da linha, para se “melhorar o serviço prestado às populações” (com aumento significativo das velocidades de circulação), com prazo de conclusão previsto para 2011 (depois, 2012) e um custo de 35 milhões de euros (financiados na sua maior parte com fundos comunitários).
À altura da suspensão do serviço, o comboio demorava 1h25m a percorrer os 50 quilómetros entre Figueira da Foz e a Linha do Norte (era mais lento do que no início da década). O serviço de transporte rodoviário criado em sua substituição era ainda mais lento: 1h51m (sem contar com engarrafamentos).
A obra de modernização foi abandonada.
No final de 2010, a CP, no seu Plano de Atividades para 2011, manifestou a intenção de pôr termo ao serviço de transporte rodoviário alternativo.
Em Outubro de 2011, o Governo decidiu desativar a linha, que foi, entretanto, desmantelada.
Em 1/1/2012, a CP decidiu suprimir todas as ligações de transporte público rodoviário alternativo (seis autocarros diários, que tinham substituído o mesmo número de comboios).
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[Notas: tal como no caso das linhas do Corgo e do Tâmega, a CP defendera várias vezes o encerramento da linha e chegou mesmo a planear o seu fim em 2006, em documento então entregue ao Governo. Desde meados da década, a CP, no seu sítio na internet, deixou de listar os horários dos comboios desta linha, que passaram a estar “escondidos” na página dos horários do Ramal da Lousã, sem qualquer indicação no índice de horários.]
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Fotografia daqui.
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5 – LINHA DO LESTE
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Evolução 2009-2013:
A linha foi encerrada ao tráfego de passageiros.
Não foi criado serviço de transporte alternativo.
 
Observações:
Em 2009, e por falta de investimento, a Linha do Leste (com 141 km de extensão de Abrantes a Elvas, 146 km até Badajoz) tinha padrões de velocidade completamente ultrapassados, circulando o comboio mais lentamente do que décadas antes (enquanto na rodovia sucedeu o inverso). Longos troços eram percorridos pelo comboio à velocidade constante entre os 30 km/h e os 40 km/h. Mesmo assim, o comboio era o transporte público mais rápido entre Porto e Elvas, e em vários outros trajetos chegava a conseguir competir com o autocarro (ex. Portalegre-Lisboa, Portalegre-Abrantes) em certos horários. Mesmo assim, havia comboios que circulavam cheios ou quase cheios (como pudemos testemunhar).
Em 2009, a REFER anunciou um investimento de 48 milhões de euros (financiados na sua maior parte com fundos comunitários) para a reabilitação de toda a linha, a concluir até 2013. Nos troços que foram sendo intervencionados, as velocidades máximas de circulação aumentaram de 40 km/h para 100 km/h ou mesmo para 120 km/h, e os tempos de percurso do comboio começaram a diminuir. Só entre 2009 e 2011, o melhor tempo de viagem na Linha do Leste (entre Elvas e Abrantes) diminuiu de 2h49 para 2h02: um ganho de 47 minutos (só com parte da linha renovada).
Em 1 de Janeiro de 2012, no decurso deste processo de reabilitação (que continuou), a linha foi encerrada ao tráfego de passageiros.
Não foi criado transporte público alternativo.
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Fotografia: © 2012 Nuno Veiga, para a Lusa
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6 - RAMAL DE CÁCERES
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Evolução 2009-2013:
A linha foi encerrada.
Não foi criado serviço de transporte público alternativo.
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Observações:
Esta linha (de 73 km de extensão), por onde circulavam, em 2009, quatro comboios diários (além do comboio internacional), foi encerrada ao tráfego de passageiros em 1 de Fevereiro de 2011 e depois desativada em Agosto de 2012. Em sua substituição não foi criado serviço alternativo de transporte público.
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[Em 2010, por ocasião da publicação de uma série de artigos sobre o Ramal de Cáceres, fomos investigar se as autarquias locais e as empresas de alojamento turístico de Castelo de Vide e de Marvão faziam referência ao comboio nos seus sítios na internet, nas páginas relativas aos acessos. O cenário que encontrámos foi desolador, embora não surpreendente, num país onde quase só a rodovia é que conta. Ver aqui.]
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Fotografia de Paulo Cardoso.
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7 - LINHA DO TUA
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Evolução 2009-2013:
A maior parte da linha foi desmantelada e o troço restante ficou isolado do resto da rede ferroviária.
Grande redução da oferta no troço sobrevivente.
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Observações:

1) A construção de uma polémica barragem conflituante com grande parte da linha ditou o seu fim no troço compreendido entre a Linha do Douro e a estação do Cachão. Comunicados, petições, protestos, vigílias, manifestações, moções na Assembleia da República, documentários, filmes: nada fez recuar os governantes relativamente à decisão de encerramento.
Quando a UNESCO admitiu que a construção da barragem poderia pôr em causa a classificação da Região Vinhateira do Alto Douro como Património da Humanidade, o país viu-se na situação caricata de a preservação de um património único, cuja existência devia constituir orgulho para os portugueses - o Vale do Tua e a Linha do Tua -, ficar dependente de uma decisão de uma entidade internacional sobre uma questão lateral (essa decisão chegou há dias e não salvou o Vale do Tua).
De uma extensão de 54 km (o que sobrara em 1992 da primitiva linha), a Linha do Tua ficou reduzida a um pequeno troço de 12,3 km entre Cachão e Mirandela e sem ligação ao resto da rede ferroviária (e que coexiste com o troço de 4 km do metro de Mirandela entre esta cidade e Carvalhais).
Numa decisão inédita (relativamente a linhas em exploração), em 2011 a REFER desencadeou junto do Governo o processo de desativação da Linha do Tua da rede ferroviária nacional e, no Diretório da Rede, a linha (a totalidade da linha) chegou a deixar de figurar no elenco das linhas integradas na rede ferroviária.
A CP manifestou diversas vezes a intenção de pôr termo ao serviço rodoviário alternativo entre Tua e Cachão e chegou mesmo a anunciar a supressão desse serviço a partir de 1 de Julho de 2012. A contestação levou à retoma do serviço dias depois, que se mantém “até aviso em contrário” (segundo o que se pode ler no sítio da CP). Duas das seis ligações em autocarro existentes em 2009 foram, entretanto, suprimidas.

2) No troço de 12,3 km sobrevivente, entre 2009 e 2013 o número de comboios diários diminuiu de forma significativa: de 14 para 8. É o que resta do comboio no distrito de Bragança.
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Fotografia: início do desmantelamento da linha (2010).
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(continua)
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