A rede portuguesa de auto-estradas: motivo de orgulho? (5)

I
ESTE ARTIGO FOI REVISTO E REPUBLICADO NO BLOGUE EM MARÇO DE 2011

77 comentários:

Já fede disse...

Granda seca!

Anónimo disse...

Mais um mito desfeito.

Fernando disse...

Bom dia. Tenho que confessar que a caríssima Joana já me fez mudar a opinião em 180º. Este post por ex. foi para mim uma surpresa. E eu que julgava que pelo menos as AE ajudavam o interior, mas pelos vistos nem isso. Parabéns pelo seu blog e continue.

Anónimo disse...

Sra Joana, aconselho-a vivamente a ter mais cuidado com o que escreve sobre este assunto. Está a querer pôr em causa negócios de muitos milhões de €, extremamente importantes para o país. Não lhe é legítimo usar falsidades para conseguir os seus intentos políticos. Não se esqueça deste conselho.

ToZé disse...

Já sei... a população decresceu por causa dos acidentes nas auto-estradas; ou seja, as infra-estruturas rodoviárias até fixaram as populações, mas depois vieram os acidentes e...

Off-topic:
Eu até não concordo com esta perspectiva «anti-auto-estradas», pois se há coisa que me agrada é viajar pelo país com cruzamentos desnivelados, bermas largar e 2 ou mais faixas de rodagem; agora «ter mais cuidado com o que escreve sobre este assunto»... Então mas está tudo doido ou quê?
Esse cromo é que deveria ter mais cuidado com esse género de ameaças antidemocráticas!
Ó amigo: a República foi instaurada à 100 anos e o Estado Novo caiu à 36!

Rodrigo disse...

“Esse cromo é que deveria ter mais cuidado com esse género de ameaças antidemocráticas!
Ó amigo: a República foi instaurada à 100 anos e o Estado Novo caiu à 36!”

E MAIS NADA!

Anónimo disse...

Sr conselheiro, deixe-me também dar-lhe um conselho:
E que tal mudar-se para o um daqueles emirados do petróleo, onde se constrói muitas auto-estradas e se limitam as liberdades individuais ao mínimo?
Julga que lá não terá acesso a este Blog, mas deixe lá que nós não nos importamos.
Quanto «a querer pôr em causa negócios de muitos milhões de €, extremamente importantes para o país» - acho que aqui tocou com o dedo na ferida, é realmente um «negócio», de «muitos milhões», só se enganou e chamou de «país» aos interesses de meia dúzia.

Anónimo disse...

*Julgo

César disse...

Excelentes posts. Obrigado pelo serviço público.

A Nossa Terrinha disse...

«Granda seca!»
Podes crer!! Só me causa espanto que apesar desta seca monumental a nossa afluência de leitores esteja a ser boa.

A Catarina acabou de chegar das suas férias e admirou-se: «Ainda vamos nas auto-estradas?!».

Mas esta série vai ter um fim (prometo!) e em breve o blogue vai voltar ao "normal".

A Nossa Terrinha disse...

Anónimo das 10:49: só posso encarar esse comentário e a mensagem na caixa de correio como uma brincadeira de algum leitor mais maldisposto.

Ainda assim, fiquei cheinha de medo!

Quanto às «falsidades», descobriu tudo. Aproveitei o Verão para tirar uma pós-graduação em Pirataria Informática Avançada e, com os úteis conhecimentos adquiridos, introduzi-me no sítio do Instituto Nacional de Estatística, alterei os dados todos e depois fiz este artigo, que se baseia nos dados "obviamente falsos" do INE. Não contava era ser descoberta. Acho que não tenho muito jeito para o crime.

Sapo disse...

A Catarina já chegou!

A Nossa Terrinha disse...

TóZé, não tenho nada contra o gosto de se viajar pelo país numa auto-estrada «com cruzamentos desnivelados, bermas largas e 2 ou mais faixas de rodagem». Mas esse não é certamente um critério que possa servir de base à construção de auto-estradas. Estamos a falar de infra-estruturas que são pagas com o nosso dinheiro.

Anónimo disse...

gostava de saber porque é que o nosso dinheiro não pode ser gasto nas autoestradas se nos dá prazer condusir nas autoestradas!

A Nossa Terrinha disse...

Anónimo das 13:03: mas tem sido gasto, não se preocupe. Se há área onde os cortes não se fazem sentir é na construção de estradas e auto-estradas...

A Nossa Terrinha disse...

(P.S. - Também me dá prazer andar de avião)

Anónimo disse...

e você vêm-me comparar o carro com o avião. que lógica, sim senhores!

Sapo disse...

És mesmo burro, a menina está a dizer que «gosta de andar de avião», em comparação a «gostar de andar nas auto-estradas»...
Sabes Jonana, eu tenho um avião...

Anónimo disse...

"Não se esqueça deste conselho."

Vá lá, ao menos não escreveu «concelho».
Sabe o que acabou de fazer pode ser crime, não sabe? Melhor, até podem ser 2.
É só um conselho.

Anónimo disse...

"e você vêm-me comparar o carro com o avião. que lógica, sim senhores!"


Diga lá onde é que ela comparou o carro com o avião.
Eu se eu dizer: "eu gosto de andar de camelo!", também estou a comparar o carro com o camelo? Sabe uma coisa, existem pessoas para quem nem tudo gira à volta do carro!

Mas já agora, pegando na comparação, existem avionetas a 15.000€, menos do que 80 ou 90% do que custaram os carros que circulam nas nossas estradas. Porque é que as pessoas que as têm não hão-de poder exigir infra-estruturas para ir com elas por todo o lado? Afinal de contas, se se pode construir estradas só porque há gente que gosta de conduzir nelas, também se pode exigir aeródromos só porque alguém gosta de voar para eles.

Pol disse...

Eu acho que sim, que as auto-estradas benificiam o interior e quem não quer ver isso é porque quer ser cego. Levante-se lá da cadeirinha do computador saia de casa e abra os olhinhos.

Anónimo disse...

"Eu acho que sim, que as auto-estradas benificiam o interior "

Provas disso.
Por outras palavras, números.
Isto não são coisas de achismos, ou são ou não são.

JMN disse...

"instrumento fundamental para travar a desertificação "

Joana, esperava mais rigor da tua parte. Lá porque os políticos são uns ignorantes que não sabem a diferenças entre desertificação e despovoamento (que tu no fim do artigo até usas!), não esperava que tu confundisses os conceitos.

Do dicionário Houaiss: desertificação: processo de modificação ambiental ou climática que leva à formação de uma paisagem árida ou de um deserto propriamente dito

Ora bem, para além de excepto em certas zonas do Alentejo e de Trás-de-Montes água ser coisas que ainda não falta, não me parece que as auto-estradas fossem melhorar isso.

Cumprimentos e continuem com o bom trabalho.

disse-disse disse...

Não disse

Rui Lopes disse...

Acabei de vir do almoço c/ os meus colegas de trabalho e este post foi muito falado durante o almoço (quase não se falou de outra coisa!). Alguns colegas meus também ficaram surpresos com estes dados. Acho que está muito difundida a ideia de as auto-estradas travarem a queda de habitantes que se verifica no interior. E isso só prova a utilidade deste magnífico post!

Pol disse...

Oh anónimo das 14.30 e como é que eu sei se estes gráficos não são uma montagem?

Anónimo disse...

Caro Pol,

É simples, mas tem de ter algum trabalho, porque a papinha, já a Joana fez. É só ir ao site do INE ( www.ine.pt ) e confrontar os dados.

Nunca pensei que alguém não soubesse fazer isso...

Anónimo disse...

Pol, quem tem que provar que o que está aqui escrito é mentira és tu, porque foste tu que levantaste suspeitas. No mundo dos adultos é assim que funciona: digo que alguém é mentiroso, tenho que o provar.
Agora se não tens capacidade para fazer isso então faz um favor a ti próprio e resume-te à tua própria insignificância.

A Nossa Terrinha disse...

JMN, o significado original da palavra "desertificação" é mesmo esse.

Mas entre os linguistas tem-se aceite a expressão «DESERTIFICAÇÃO HUMANA» para significar «despovoamento». Quando o contexto permite perceber de que «desertificação» se está a falar, o qualificativo «humana» pode ser dispensado, podendo então escrever-se simplesmente «DESERTIFICAÇÃO» como sinónimo de «despovoamento».

Eis este excerto retirado do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, redigido pela linguista Edite Prada:
«Em linguagem corrente, não específica de uma área do saber, em contexto devidamente claro, desertificação tem também o sentido de «processo de despovoamento».
(...)
Acresce à definição uma expressão – «desertificação humana» – com sentido de despovoamento.
(...)
Parece haver uma discrepância entre os diferentes verbetes, o que talvez se justifique pela progressiva apropriação, por parte da linguagem corrente, de um termo específico da geografia, recriando e alargando o seu sentido. Este alargamento está já subjacente na expressão, porventura ainda técnica, «desertificação humana», podendo o adje(c)tivo ser omitido quando o contexto permite identificar de que desertificação se trata.
Considerando que, salvaguardadas situações específicas, a linguagem jornalística recorre ao vocabulário geral, creio poder utilizar-se desertificação com sentido de «despovoamento», o que não contraria o uso específico do termo em geografia».

Isto não significa, claro, que eu não dê pontapés na língua portuguesa (não deve haver um único artigo sem eles)...

JMN disse...

Ok, Joana.
Não concordo (simplesmente porque acho que o termo só se tornou «aceitável» porque as pessoas que não sabiam o seu significado usaram-no no sentido de «desertificação humana» tantas vezes que passou a significar isso), mas tudo bem.

A Nossa Terrinha disse...

E eu acho que és capaz de ter razão :)

José disse...

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa?
Esses são aqueles que dizem que usar «negrito» (que não se vê em nenhum romance, tese ciêntífica ou artigo de jornal) é ortográficamente correcto?

Anónimo disse...

A propósito, José: escreve-se «científica» e não «ciêntífica»; escreve-se « ortograficamente» e não «ortográficamente»; «esses são aqueles» é uma calinada.
Para quem pretende dar aqui lições de língua portuguesa, isso está a correr mal...

Anónimo disse...

José, já abriu algum dicionário de língua portuguesa? Abra um numa página qualquer e conte os "negritos"...

Anónimo disse...

"que não se vê em nenhum romance"

Esta é de partir a rir. Porque é que raio é que um romance ia ter negritos? Um romance que precisasse de usar negritos era sinal de uma coisa: é um mau romance.

E já agora José, o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa já foi louvado publicamente pela Academia das Ciências de Lisboa.
E mais uma vez reitero o pedido: diga-nos quais são as suas qualificações «ciêntíficas» que o tornam o dono da verdade.

Anónimo disse...

José, isso hoje está a correr mal: tenho em mãos uma tese científica que está cheia de negritos!

Anónimo disse...

José, agora diga lá que não sabe quem são esses da Academia das Ciências de Lisboa nem quer saber...

Anónimo disse...

"Abra um numa página qualquer e conte os "negritos"... "

E aproveite e vá até à entrada «negrito» e veja o que lá diz.

E se continuar a dizer que não se podem usar, tudo bem, está no seu direito. Mas continuamos à espera que nos dia porquê, i.e., queremos uma boa razão «ciêntífica» para essa sua regra «ortógráfica».

Anónimo disse...

"que nos dia porquê" >>> que nos DIGA, queria eu dizer. Só não meto a negrito porque não o sei fazer nestes comentários... :)

Anónimo disse...

A academia das ciências não foram aqules que demoraram 100 anos a passar da letra A?

Gustavo Chaves disse...

Tenho pena que num post destes estejam a discutir gramática. Este post vem bem a propósito: vêm aí auto-estradas para Beja, para Bragança e a conversa é a mesma: vai ser o remédio santo para inverter o processo de despovoamento...

Anónimo disse...

Eu não tenho nada a ver com essa confusão, mas por acaso até tenho os dois volumes do dicionário da Academia das Ciências.
Tem lá definições de palavras que não interessam a ninguém (muitos estrangeirismos) e as palavras verdadeiramente importantes, que na altura surgiram-me (estava a fazer um resumo de uma obra de Filosofia) não constam.
Foram os cem euros que mais mal gastei.

José disse...

«José, isso hoje está a correr mal: tenho em mãos uma tese científica que está cheia de negritos!»
Deixa-me advinhar... é de engenharia!
Pato-bravaria, malta de ciências.
Bem, eu tenho em mão o Público e veja-se... Em negrito aparecem os títulos. Porque será?

José disse...

*em mãos (antes que aparece o corrector...) e é «adivinhar« (são gralhas, não erros)

José disse...

*Apareça

Anónimo disse...

José, por essa lógica os jornalistas do Público sabem mais do que os linguistas, é isso? Se quer discutir seriamente, comprove-nos que o uso do negrito é incorrecto. Porque é que eu vou acreditar mais em si (quem é o "José"?) do que em especialistas?!

Anónimo disse...

«Um romance que precisasse de usar negritos era sinal de uma coisa: é um mau romance.»
Nem mais...

José disse...

Realmente... eu tenho estado aqui a pensar: como se prova que uma coisa não existe?
Talvez a malta das ciências exactas possa ajudar, mas eu não sei como se faz.
É fácil fazer o contrário, provar que existe. Eu vou aos prontuários e mencionam o itálico e as aspas; talvez os novos prontuários falem em negrito, mas os do meu tempo não falam – talvez por incapacidade técnica, visto que as máquinas de escrever não possuíam forma nenhuma de escrever em negrito (em itálico também não, mas as gráficas usavam o itálico, e não o negrito) –; não sei se terá sido com o advento da informátiva e dos processadores de texto; ou se é uma importação de fora.
O que eu sei, à maneira do «eu digo» (porque pelo menos assino os meus comentários), é que não se dece usar o negrito: é feio, não é português e… é um «mau romance»!

José disse...

*informática
**deve

Anónimo disse...

Já entendemos. Já aqui se referiram dicionários, gramáticas (até em prontuários ortográficos se usa o negrito!) e especialistas, gente que tirou licenciaturas, mestrados e doutoramentos na área. Depois temos o "José". E se o "José" diz que não se pode usar o negrito, não se pode, pronto!

Anónimo disse...

"não sei se terá sido com o advento da informátiva e dos processadores de texto; ou se é uma importação de fora."

Ou seja, José, não sabe do que está a falar e inventa. Leu o comentário da Joana no outro artigo em que veio com essa conversa? Pois, vá lá ver e veja de quando é a gramática que ela referiu. Uma dica: é muito anterior à massificação da informática
Aliás essa também é de génio, então o negrito «não existe» porque antes não havia computadores. E o itálico? É que dá uma trabalheira desgraçada fazer letras em itálico à mão. É que dá mil vezes mais trabalho do que fazer um negrito à mão - para o qual basta simplesmente escrever outra por cima de uma palavra já escrita para ficar feito. Esse argumento sinceramente faz-me lembrar aqueles que acham que a arroba foi criada por causa dos endereços de e-mail.

"Bem, eu tenho em mão o Público e veja-se... Em negrito aparecem os títulos. "

O jornalismo português, essa fonte inesgotável de bem escrever português, traduzindo telexes da Reuters à letra não fazendo a mínima ideia do que estão a dizer.
Boa escolha para justificar o seu argumento.

"eu tenho estado aqui a pensar: como se prova que uma coisa não existe?"

Fantástico. O negrito não existe. Por exemplo o Houaiss, que é um dicionário de trazer por casa como toda a gente sabe, diz assim na entrada «negrito»:

"Rubrica: artes gráficas.
1 diz-se de ou tipo, caráter de traços mais grossos que o comum, us. para dar maior realce às palavras
Obs.: cf. 1preto (gráf)"


"*em mãos (antes que aparece o corrector...) e é «adivinhar« (são gralhas, não erros) "

Escrever «ciêntífica» e «ortográficamente» foi uma gralha? Está bem Alfredo... mas, já agora, ninguém tinha dito que eram erros ou gralhas, somente apontaram-lhe que para quem vem para aqui armar-se em supra-sumo da língua portuguesa bem que podia ter mais cuidado.


"(porque pelo menos assino os meus comentários)"

Quem lhe disse a si que o meu nome não é «Anónimo»? Pode ser tanto como o seu é «José».

Anónimo disse...

"Deixa-me advinhar... é de engenharia!
Pato-bravaria, malta de ciências."

E a linguística é o quê? Magia negra?!

Voltemos outro vez ao dicionário Houaiss:

"ciência que tem por objeto: (1) a linguagem humana em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico, social e psicológico; (2) as línguas consideradas como estrutura; (3) origem, desenvolvimento e evolução das línguas; (4) as divisões das línguas em grupos, por tipo de estrutura ou em famílias, consoante o critério seja tipológico ou genético"

Reparou na primeira palavra da definição?

Anónimo disse...

"Bem, eu tenho em mão o Público e veja-se... Em negrito aparecem os títulos. Porque será? "

"Realmente... eu tenho estado aqui a pensar: como se prova que uma coisa não existe?"

Hummm, há coisa qualquer nestes dois comentários do José que não batem muito certo... o que será?

Anónimo disse...

Caro José, parece-me haver aí muita confusão e algumas contradições. Se aceita o uso do negrito nos títulos dos artigos, parece que afinal, na sua opinião, o negrito pode ser usado. E agora pergunto-lhe: porquê só nos títulos? Mostre lá a regra oficial que determine tal coisa.
O uso do negrito e do itálico tem exatamente a mesma origem, pelo que agradecia que me explicasse porque é que aceita o itálico, mas não o negrito! E, já agora, mostre-me as regras oficiais relativas ao uso do itálico. O José diz que não as pode mostrar quanto ao negrito, porque não existem. Mas se diz que o itálico existe, mostre lá as correspondentes regras...

O negrito serve, por exemplo, para realçar palavras ou trechos de um texto. O seu uso na língua portuguesa é muito antigo e muito anterior aos computadores. Fique sabendo que nos meus livros de português da primária usava-se o negrito. E na minha primeira gramática, da mesma altura, também se usava. E olhe que eu ja sou muito "antiga"!
Saudações,
Mariana

Anónimo disse...

Para quem acha que o uso do negrito é uma coisa recente vinda desse lugar mítico que é o «estrangeiro» aconselho a leitura da «Cartilha Maternal» de João de Deus.
É uma coisa relativamente recente, saída em 1907, pouco antes da massificação da informática em Portugal.

Livro completo aqui: http://books.google.com/books?id=ncs9AAAAYAAJ&printsec=frontcover&dq=cartilha+maternal&hl=pt-PT&ei=rv2tTMKmE8P78AbH57y9BA&sa=X&oi=book_result&ct=book-preview-link&resnum=2&ved=0CC4QuwUwAQ#v=onepage&q&f=false

Anónimo disse...

À partida, não acredito neste argumento:

"[as auto-estradas] constituem instrumento fundamental para travar a desertificação das regiões por elas servidas".

No entanto, como provavelmente deves saber, os dados que mostras não provam nada, uma vez que não se têm dados do que aconteceria se não existisse autoestrada. O que talvez se possa fazer (e, na minha opinião, já ficaria um "estudo" mais sério) seria perceber se o despovoamento, nos casos em que continuou a ocorrer, sofreu um desaceleramento.

Através dos histogramas até parece que sim, que tem desacelerado, mas a escala escolhida pelo INE não ajuda muito.

Fica a sugestão.

Hugo

Anónimo disse...

Hugo, não estás a ser muito honesto na tua análise.
A hipótese que a Joana tentou demonstrar não foi essa, foi outra que vem logo a seguir no texto (a negrito e tudo):

"Deste modo, seria de esperar, não apenas que a auto-estrada estancasse a migração do interior para o litoral, mas também que ocorresse uma migração dentro da região em causa, para os concelhos mais próximos da nova acessibilidade."

Podes criticar a hipótese apresentada, mas os dados provaram-na.

Anónimo disse...

Eu também não gosto do uso do negrito, não é que isto tenha a ver com o post, mas não me agrada muito que me estejam a realçar partes do texto.
Para a Joana os meus parabéns, bom trabalho de pesquisa, objectivo e bastante completo, não sei se já terminou ou se tráz conclusões.
Obrigado
Sara

Great Jowled Cat disse...

Hugo, essa agora não entendi. Se vamos recorrer ao "SE", não nos safamos, porque não chegamos a conclusão nenhuma. E isso mesmo no "estudo mais sério" que referes, porque mesmo que demonstrasses ter havido um desaceleramento, continuarias sem saber o que teria acontecido sem auto-estrada.

Quando se afirma que as auto-estradas travam o despovoamento do interior e conduzem à fixação de empresas e de pessoas, podemos aceitar que estes números contrariam essa afirmação. O despovoamento não foi travado.
E não te esqueças que a população portuguesa tem crescido.

Também te faço notar que a Joana salientou alguns casos em que o despovoamento se acelerou (precisamente o contrário do que dizes).

Eu acho que este artigo está muito bem conseguido. O que a Joana nos está a dizer e acho que muito bem é que é um disparate pretender que o despovoamento do interior se combate com auto-estradas. Depende fundamentalmente de muitas outras coisas, bem mais importantes. E essas continuam a ser constantemente ignoradas. Acenar com a auto-estrada é atirar areia aos olhos das pessoas. E com muito bons resultados...

Anónimo disse...

Caro(a) anónimo, se a Joana tentou demostrar única e exclusivamente que

"a auto-estrada estancasse a migração do interior para o litoral, mas também que ocorresse uma migração dentro da região em causa, para os concelhos mais próximos da nova acessibilidade", então sim, demonstrou-o nos casos que apresentou.

No entanto, como achei essa hipótese demasiado forte e redutora, resolvi "atacar" a hipótese:
"autoestradas como instrumento fundamental para travar a desertificação". Nesse contexto, acho que a minha sugestão faz sentido.

Ou seja, as pessoas continuam a ir embora, isso está claro. A "fuga" estará a ser feita de forma proporcional?

Hugo

Anónimo disse...

"A "fuga" estará a ser feita de forma proporcional?"

Pois Hugo, esse é o grande problema das ciências sociais, não se podem ter dois mundos alternativos para provar as nossas hipóteses...

Anónimo disse...

"Também te faço notar que a Joana salientou alguns casos em que o despovoamento se acelerou (precisamente o contrário do que dizes)."

Por acaso tinham-me escapado. E não ficou mais completo o estudo desse caso?

"ciências sociais, não se podem ter dois mundos alternativos para provar as nossas hipóteses... "

Claro que não, mas provavelmente haverá outros instrumentos para estudar se duas coisas estão ou não em correlação. Na condição de (também eu) amador, propus que se estudasse também a aceleração/desaceleração da população.

Se se mostrasse não haver um desaceleramento no despovoamento, aí sim, conseguiríamos com melhores argumentos afirmar que a autoestrada foi uma não solução.

Eu não estou sequer a dizer que o que a Joana fez não faz sentido, estou apenas a dar uma sugstão de como completar o trabalhão que ela teve, de modo a tornar a tese mais sólida.

Hugo

Great Jowled Cat disse...

Hugo, se calhar não leu o meu comentário todo. No artigo são referidos vários casos em que o despovoamento se acelerou (e são referidos outros em que a população começou a baixar no ano em que apareceu a auto-estrada). O que não se pode fazer, e a Joana não fez, era dizer que isso aconteceu por causa da auto-estrada, percebe? Com os dados da população acho que não é possível tirar mais conclusões do que aquelas que a Joana tirou, não sei se me estou a fazer entender.

As acessibilidades são concerteza importantes, mas são só uma das muitas coisas a ter em conta. Estas 3 regiões tinham já acessibilidades razoáveis, não se chegava lá propriamente através de estradinhas sinuosas a 60 km à hora. Não eram estradas perfeitas, mas eram razoáveis. E o que fez o estado? Gastou rios de dinheiro a melhorar essas acessibilidades, em vez de se virar para os outros problemas que afectam a interioridade.

Não estou a conseguir publicar os comentários através da minha identificação na Google, portanto vai ter de ir assim.

Anónimo disse...

"No artigo são referidos vários casos em que o despovoamento se acelerou (e são referidos outros em que a população começou a baixar no ano em que apareceu a auto-estrada)."

Claro que li, até disse que esses casos me tinham escapado.
Se por acaso tiver desacelerado em todos os exemplos, a tese da Joana fica mais sólida, a meu ver.

Hugo

Anónimo disse...

Aqui o que está a dar é o anonimato

Mario disse...

No âmbito da ciência regional (Regional Science) há vários estudos a identificar em vários locais do mundo precisamente o que a Joana detecta aqui em algumas regiões: as infraestruturas viárias aceleram o despovoamento! De forma algo irónica podemos dizer que as autoestradas fazem com que as populações saiam de lá ainda mais depressa! Mas se pensarmos melhor até pode ter alguma lógica. Reparem que se fecham maternidades e escolas em aglomerações pequenas porque agora as aglomerações maiores estão muito mais "perto". Se uma ambulância há trinta anos demorava 4 horas a levar uma grávida em trabalhos de parto para a "aglomeração maior", agora poderá levar 2 horas. Esta alteração pode servir de justificação para fechar o serviço na "aglomeração mais pequena". Assim haverá menos emprego na "aglomeração mais pequena" e mais tendência para o abandono do aglomerado com menos serviços.

Este ciclo de despovoamento é válido para inúmeras situações (serviços, localizações industriais, etc.)

Quer isto dizer que quanto pior infra-estruturas melhor? Não. O que não podemos é acreditar em desvairos e mezinhas simplórias como: "estradas ajudam a repovoar o interior".

A Nossa Terrinha disse...

E entre essas "inúmeras situações" que refere o Mário estão as pessoas que aproveitam o encurtamento de distâncias-tempo para mudar para as cidades do litoral que têm, precisamente, as escolas, as maternidades, a cultura, etc., mais perto. Foi o que fizeram dois amigos meus de Castelo Branco quando a auto-estrada lá chegou. Por paradoxal que pareça, mudaram-se para Lisboa com a justificação de que Castelo Branco agora era já ali, "duas horas de viagem", um instantinho (!).

Filipe disse...

A excelente prova de que as vias de comunicação têm - efetivamente - dois sentidos!
Bravo.
Adorei este post!

Anónimo disse...

Em resposta à querela sobre o uso do negrito, o que posso dizer sobre o tema é que não há regra sobre o assunto.
Claro que se pode utilizar o negrito, tal como os copistas utilizavam uma primeira letra magnificamente pintada (sendo que as demais eram minúsculas), não fosse a linguística uma arte em constante mutação.
Porém, em trabalhos académicos, não é normalmente aceite, pelo menos na minha área.
Sei também que no jornalismo, através dos respectivos livros de estilo, desaconselha-se fortemente o uso de negritos, recorrendo-se antes a outras ferramentas gráficas como as caixas de texto.
À parte, chamo unicamente a atenção para o uso excessivo das reticências nos textos das autoras, os quais de resto se apresentam muito bem escritos.
H.C.
Lic em Germânicas

Anónimo disse...

Grande ideia, este post!

Sapo disse...

Que se lixe o negrito

A Nossa Terrinha disse...

Hugo, de facto o artigo ficaria mais completo se tivesse, relativamente a todos os concelhos, comparado a dimensão da quebra demográfica anterior e posterior à auto-estrada. O problema é que eu não faço deste blogue profissão e, portanto, o meu tempo não é ilimitado. Achei que não se justificava o tempo extra que ia gastar, porque não era necessário fazê-lo relativamente a todos os concelhos referidos (são 25), tal como a análise se podia estender ainda a outros concelhos, mas sem adiantar nada de relevante à conclusão retirada.

O que fiz foi quase a olho: olhei para os gráficos e onde me pareceu ter ocorrido uma variação clara na quebra, fui ver os números para confirmar se houve ou não aceleração do despovoamento. Os gráficos do INE são fraquinhos e em alguns deles torna-se difícil perceber essa variação (especialmente quando a população é mais numerosa).

De qualquer maneira, a situação a que te referes (quebra contínua da população, anterior e posterior à auto-estrada) acontece, se contei bem, em 14 destes 25 concelhos. Em 5 desses 14 concelhos apurei que houve uma aceleração da diminuição de população.

Em 9 outros concelhos (dos 25), verifiquei uma mudança a partir da chegada da auto-estrada (ex. população estava a crescer e estancou ou começou a descer).

Ou seja, no total, são 14 (5 + 9) dos 25 concelhos com uma análise um pouco mais completa, o que não me parece mau.

De qualquer modo, se tiver tempo, completo em relação aos restantes.

A Nossa Terrinha disse...

Esqueci-me de dizer: esta parte do artigo tinha sido planeada de modo diferente. Era para incluir dados sobre, por exemplo, o número de empresas instaladas, número de falências ou desemprego. Mas nenhum destes dados existe a nível concelhio.

Uma explicação sobre a afirmação feita no início do artigo:
«Deste modo, seria de esperar, não apenas que a auto-estrada estancasse a migração do interior para o litoral, mas também que ocorresse uma migração dentro da região em causa, para os concelhos mais próximos da nova acessibilidade.»

De acordo com os especialistas, em Portugal, além de uma migração do interior para o litoral (que as auto-estradas não travam), tem ocorrido um outro tipo de migração, dentro da mesma região: muitas pessoas no interior estão a abandonar o sítio onde sempre viveram para irem viver para as sedes de concelho (crescem as aldeias abandonadas).
Seria de esperar que escolhessem os concelhos mais próximos da "auto-estrada-remédio-para-todos-os-males-do-interior" (e será precisamente isso o que sucede no litoral, onde muita população se muda para perto das auto-estradas).
Claro que este tipo de migração não tem influência no despovoamento do interior (a deslocação faz-se dentro da mesma zona), mas contribuiria para o crescimento populacional destes concelhos e refletir-se-ia, portanto, nos números mostrados.
Até é possível que esta migração ocorra de facto, mas que seja muito superior a debandada para o litoral.

Anónimo disse...

Biba as autoxtradas, biba as scutis! O governo mete a mão no nosso bolso para as fazer, não temos dinheiro para pagar uma escola decente aos nossos filhos, andamos a comprar produtos brancos e a deixar de comer, mas o que interssa são as autoxtradas e as scutis sem pagamento. País de palermas ignorantes!

GMSMC disse...

A princípio, achei que o texto fazia muito sentido, mas, mais para o final, fiquei menos convencido e, por isso, gostava de contrapor o que se segue à argumentação: os gráficos demonstram apenas a diminuição da população, sem, no entanto, especificar a que se deve essa perda. O estudo não leva em conta que há duas principais causas para que uma dada população diminua - a mortalidade e a emigração - e que uma e outra tendem a ser mais elevadas em estratos diferentes da população: a primeira em idades mais avançadas e a segunda em idades mais precoces. Tendo isto em conta, não é possível afirmar com segurança, pela análise dos dados, que a construção duma auto-estrada não estancou a migração - tese que é apresentada como sendo a conclusão derivada de tal análise - mas apenas que não travou a diminuição da população. Por outras palavras a reduzindo ao absurdo, os gráficos apresentados não permitem negar (com as raras excepções onde houve algum crescimento populacional na década passada) a hipótese de que os jovens migraram para o litoral antes da chegada da auto-estrada e que os velhos morreram depois da construção da dita. Se o I.N.E. dispuser de dados sobre migrações internas, seria muito interessante poder analisá-las para poder extrair conclusões mais precisas. Doutra forma, poder-se-á avaliar o efeito migratório indirectamente através da análise das pirâmides etárias de cada concelho e da sua evolução. Fica a sugestão, para um próximo texto.
Em jeito de despedida, queria chamar-vos a atenção para um e-mail que vos escrevi e que não mereceu resposta, o que muito me entristeceu. Um «por favor não volte a escrever-nos» seria, ainda assim, melhor do que o silêncio.

A Nossa Terrinha disse...

GMSMC, é muito lisonjeiro da sua parte chamar «estudo» a este texto, mas na realidade não é um estudo e nunca pretendeu ser um estudo. E isto dá jeito para desculpar a qualidade do que aqui se publica…

Quanto às suas observações, são muito pertinentes e, juntamente com a sugestão feita acima pelo Hugo, vão provavelmente originar em breve um aprofundamento desta parte do artigo.

De qualquer maneira, tenha em conta que a variação da população não depende apenas da mortalidade e da (e)migração. Depende também da natalidade e da (i)migração. E que todos estes indicadores estão interligados, tornando muitíssimo mais complexa uma análise, para a qual não temos tempo nem, sobretudo, competência.

Se de facto as auto-estradas geram desenvolvimento económico a nível local, através da fixação de empresas e da criação de postos de trabalho, isso acarretaria, pela lógica, um rejuvenescimento da população, um aumento local das taxas de natalidade e uma diminuição das de mortalidade. Este é, por exemplo, um possível contraponto ao seu argumento.

Mas repito: tudo o que diz tem razão de ser.

Desde já aqui ficam alguns dados interessantes:

CASTELO BRANCO: não tem havido variações significativas da taxa de natalidade. É sensivelmente a mesma de há 20 anos e a mesma do ano anterior ao da chegada da auto-estrada. A taxa de mortalidade é ligeiramente inferior à de 20 anos e praticamente a mesma (um pouco inferior) à do ano anterior ao da chegada da auto-estrada.

GUARDA: tem hoje taxa de mortalidade idêntica há de 20 anos, embora um pouco superior ao do ano anterior ao da inauguração da A25 (mas que foi um ano com uma taxa excecionalmente baixa). A taxa de natalidade andou entre os 9 e os 11 nos últimos 20 anos (com ligeira tendência de decréscimo, acompanhando a tendência nacional), mas depois da inauguração da A25 desceu para a casa dos 8.

ALMEIDA: a taxa de mortalidade não tem sofrido variação significativa nos últimos 12 anos, mas curiosamente os 4 anos com maior mortalidade situam-se entre os últimos cinco. A taxa de natalidade esteve praticamente estável entre 1992 e 2004 e sofreu uma queda a partir de 2005.

Como explicou aqui o Mário num comentário deixado acima, há vários estudos (estudos a sério) que demonstram a relação entre as infra-estruturas viárias e a aceleração do despovoamento.

Quanto ao correio eletrónico, tem toda a razão. O problema é que temos recebido muitas mensagens (tantas que nem sequer conseguimos localizar a sua) e não temos tido tempo para as ler. Desde as férias de Verão que perdemos o controlo do nosso correio eletrónico!! Esperamos conseguir recuperá-lo em breve. Não é má vontade: é falta de tempo.

GMSMC disse...

A Joana partiu duma hipótese que quis testar, recolheu dados, analisou-os e extraiu conclusões dessa análise: olhe que já vi gente a publicar estudos científicos bem menos metódicos do que este seu «não-estudo»...

Os dados que apresentou em resposta ao meu comentário são muito interessantes e, de facto, completam de forma notável o argumento apresentado. Mas, embora o crescimento populacional dependa tanto do crescimento natural como do saldo migratório, julgo, se bem percebi da leitura do texto, que o pretendem é desmontar o argumento normalmente referido de que uma auto-estrada ajuda a fixar pessoas no interior. Por esta ordem de ideias, tal argumento nega-se com recurso apenas ao saldo migratório. Desconheço se o I.N.E. dispõe de tais dados; se não os tiver, aí sim, a análise torna-se bastante mais complicada.

Em relação ao que o Mário explicou no seu comentário, julgo que não contradiz o meu, que, de resto, se destina a melhorar a solidez do vosso argumento e não a contradizê-lo, pois estou plenamente de acordo com a generalidade do que têm escrito a este respeito.

Quanto ao correio electrónico, eu escrevi em 4 de Outubro, bem depois do Verão, pelo que ficarei à espera de que retomem o controlo.