A Noruega, delimitada a vermelho neste mapa da Europa, é um grande país: é o 8.º maior país da Europa e é três vezes e meia maior do que Portugal. Se quisermos viajar de Kristiansand (a 8.ª maior cidade do país), no Sul, até Vardø, no Norte, temos de percorrer quase 3 000 quilómetros; até Trondheim (a 4.ª maior cidade da Noruega) percorrem-se mais de 800 km; até Tromsø (a 9.ª maior cidade) são cerca de 2 000 km; até Bodø (14.ª maior cidade) são mais de 1 500 km; e até Harstad (a 20.ª maior cidade) percorrem-se mais de 1 800 km.
Assim, sem surpresa, em 2008, a rede viária principal da Noruega, com 27 344 km, mais do que triplicava a de Portugal (8 576 km). Mas desses mais de 27 mil quilómetros, apenas 253 km eram de auto-estradas (e não era por falta de dinheiro para as construir...). Assim, enquanto em Portugal praticamente um terço (31,4%) da rede viária principal era constituída por auto-estradas, na Noruega essa percentagem era de 0,9% (ZERO VÍRGULA NOVE POR CENTO).
Se é verdade que a população da Noruega (4,7 milhões) é muito inferior à portuguesa (10,6 milhões), mesmo introduzindo este fator de ponderação a Noruega tinha, em 2008, muito menos quilómetros de auto-estrada do que Portugal: enquanto o nosso país tinha 253 km de auto-estrada por milhão de habitantes, a Noruega tinha apenas 53 km (valor este próximo do do Reino Unido).
Por fim, no terceiro fator de ponderação a que recorremos (quilómetros de auto-estrada / PIB per capita), aos 141 km de Portugal contrapunham-se apenas 5 km de auto-estrada da Noruega (o que a colocaria na cauda da União Europeia, se a Noruega a ela pertencesse).
A Noruega era, em 2008, uma das economias mais pujantes da Europa, o 3.º país mais rico do mundo, tinha o maior índice de desenvolvimento humano do planeta e uma das mais baixas taxas de sinistralidade rodoviária do mundo.
(continua)
Joana Ortigão
Artigos relacionados:
Os campeões das auto-estradas (1)
Os campeões das auto-estradas (2)
Os campeões das auto-estradas (3)
Os campeões das auto-estradas (4)
Os campeões das auto-estradas (5)
Os campeões das auto-estradas: Adenda 1 - Os novos países da UE
Fonte: Eurostat
12 comentários:
Os números são esmagadores...
Depois de visitar a Noruega, isto pareceu-me um país sul-americano dos piores. As pessoas lá vivem para a família e para o lazer. Aqui vivem para o iPod, telelé e popó. Mesmo com um clima muito pior do que aqui, são bem mais felizes. Nós somos os campeões dos anti-depressivos. Não vi shoppings, apenas pessoas a passearem na rua ou no campo.
Este é um país de gente patética e ignorante, que julga que é feliz porque tem um centro comercial junto a casa e auto-estradas. Depois a sua vidinha ridícula não passa de dormir, comer e trabalhar, de preferência até bem tarde para não estar com os filhos e a família e férias no Algarve para "relaxar".
Não percebem nada, aquela malta tem vagar para andar devagar; nós os portugas, como temos sempre muita coisa pendente, temos que andar a alta velocidade (alta velocidade, leia-se «circular depressa nas auto-estradas», não se confunde com o TGV, que isso de comboios é coisa de maricas)!
Como diz a Patrícia, todos estes números que a Joana tem publicado aqui são arrasadores. Suficientemente arrasadores para que não sejam precisos mais comentários...
Que se lixem os números...
"Que se lixem os números... " Comentário inteligente. O monóxido de carbono faz coisas maravilhosas ao cérebro.
é maZé monóxido de canabis
Os números são efectivamente esmagadores e só não conhece esta realidade quem não quer com ela ser confrontado.
Infelizmente a Democracia é o governo da maioria, a nossa maioria quer ir ao Continente no seu Audi semi-novo e ter uma autoestrada para lá chegar. Os nossos governantes esforçam-se por contentar o povo...
Que se lixe o povo...
E será que o custo do quilometro de auto-estrada é identico na Noruega ao de Portugal? Quero acreditar que não, não são pelo custo da mão de obra, como pelo morfologia do terreno.
IVA a 23%. Congelamento de pensões. Redução de salários.
Realmente é um espectáculo ter tantas auto-estradas.
Até que enfim de que alguém reparou no que é realmente viver a sério, sem ser da mesma forma artificial que se faz em Portugal. Mesmo assim, o problema disto em relação a países como a Noruega é que as pessoas (de cá) normalmente tem uma visão curta do que é a vida e a sociedade em geral.
Enviar um comentário