No sítio oficial do turismo da capital francesa, ao
automobilista que pretende deslocar-se de carro na cidade, começa-se por
alertar que essa «não é a melhor forma»,
para se acrescentar, de seguida, que «o
estacionamento dentro de Paris raramente é fácil e pode mesmo constituir um verdadeiro
quebra-cabeças».
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Num portal de informações sobre a capital francesa,
ainda hoje se conta, com ironia, a história de um cibernauta (seria português?)
que, no Verão de 2009, tentou, nesse sítio, obter informação sobre onde é que
poderia estacionar gratuitamente o seu carro naquela avenida - para de
seguida se explicar que «o
estacionamento nos Campos Elísios não é gratuito e, sobretudo, é proibido!» e se acrescentar que é inútil tentar
estacionar na avenida escapando à fiscalização policial, já que a polícia não
perdoa quem o fizer.
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[Até porque, diz-se, a Prefeitura de Polícia está
empenhada em «dar aos Campos Elísios a
melhor imagem possível junto dos turistas» (interessante esta
associação do estacionamento na avenida à “má imagem”: muitos
portugueses serão incapazes de entender isto)].
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O estacionamento na principal avenida parisiense
foi abolido há muitos anos. Em algumas áreas delimitadas da avenida, é possível
parar na via da direita para largar passageiros ou para as operações de cargas
e descargas (com o limite, salvo erro, de 10 minutos) e esse é o único
estacionamento permitido ao longo dos dois quilómetros de extensão da avenida.
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A alternativa é estacionar num parque de
estacionamento subterrâneo – se houver lugar.
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No sítio oficial do turismo de Lisboa, quase nos
convidam a visitar a cidade de carro: depois de se dizer que «Lisboa é uma cidade de fácil acesso»,
acrescenta-se, sobre o acesso por carro, que «vir a Lisboa através de um meio rodoviário é uma viagem
agradável, povoada por paisagens
campestres ao longo do caminho. A
cidade tem bons acessos viários». Em relação aos restantes meios de
transporte, já não se fala em "paisagens campestres", nem tão-pouco
de "viagem agradável". Apetece aceitar o "convite" e
escolher o carro.
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Na principal avenida da capital portuguesa, esse convite
está presente por todo o lado - para os turistas, para toda a gente.
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Na Avenida da Liberdade – com cerca de metade da
extensão daquela avenida francesa – e na sua envolvente existem vários parques
de estacionamento subterrâneos. Mas à superfície a realidade é radicalmente
diferente daquela que encontramos na principal avenida parisiense. Para a
documentar para a posteridade, enchi-me de coragem e, aproveitando a ida à
Feira do Livro, esta semana percorri, carregada de livros, a avenida lisboeta
nos dois sentidos (repeti no sentido descendente, apostada em intoxicar-me).
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O primeiro quarteirão, no sentido descendente, é enganador:
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Uma linha contínua amarela assinala a proibição de
estacionar. Mas, na prática, os veículos não só estacionam, como estacionam em
cima do passeio, cuja largura já deixava muito a desejar:
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Este "simpático" equipamento de
publicidade, de que a autarquia instalou vários exemplares ao longo da avenida,
engole metade do passeio. Se alguém se cruzasse com estas duas pessoas, seria o
suficiente para uma delas ter de se desviar. Mas ao lado há lugares de
estacionamento - e estes são "legais": a partir do segundo
quarteirão, a oferta de estacionamento à superfície é completamente absurda.
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Ao longo da avenida, vão sendo assinalados vários
parques de estacionamento subterrâneos (para trás ficou já o grande parque
subterrâneo do Marquês de Pombal). Mas nem por isso o estacionamento à
superfície foi eliminado (o que permitiria, por exemplo, aumentar
significativamente a largura do passeio): há lugares de estacionamento nos dois
lados da faixa de rodagem.
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Não satisfeitos com todo o espaço de estacionamento
de que já dispõem, muitos automobilistas invadem parcialmente o passeio (imagem
de cima).
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Até os táxis invadem o passeio à espera de lugar na
praça de táxis.
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Olho para a esquerda e espreito a faixa de rodagem
central da avenida:
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Que pena não ter tempo para me sentar naquele banco
e ficar a respirar o ar que, certamente, será puro ou perto disso.
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A placa avisa: "Atenção: ZONA DE ACIDENTES".
Zona de acidentes?! Às vezes custa a acreditar que estamos no centro da cidade.
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Todo este estacionamento parece não chegar: de vez
em quando, do lado esquerdo, surgem parques de estacionamento (imagem de cima):
parece que não se descobriu outra forma de ocupar esses espaços.
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Pode facilmente imaginar-se o ar que se respira nesta esplanada.
Esplanada que, por sinal, engole quase todo o passeio: ali só
passa uma pessoa de cada vez (vá lá, duas magrinhas talvez ainda passem). Ao
lado, há espaço para lugares de estacionamento, claro...
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O passeio estreita: mas continua a haver lugares de estacionamento
ao lado.I
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Algumas destas imagens ajudam a perceber por que é
que estamos a falar de uma avenida que tem, com muita frequência, níveis de
poluição do ar perigosos para a saúde.
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(continua: clique aqui para ler o resto do artigo)
13 comentários:
Tenho a impressão que, se os edis de Lisboa satisfizessem as pretensões da Joana e eliminassem estes lugares de estacionamento (alargando o passeio, por exemplo), seriam acusados por autarcas da esquerda (PCP em particular) de estarem mancomunados com as empresas proprietárias dos parques de estacionamento subterrâneos com o fim de lhes arranjar clientela.
Tão bom que é NÃO passear em Lisboa....
Depois te ter ficado entre o irritado e o triste a ler o post confesso que me ri bastante com o comentário do Luis, mas...se não fôr a Esquerda é outro qualquer, ou algumas centenas de eleitores, perdão, automobilistas.
"PCP em particular"? Ó meus amigos, estão enganados: até o PCP tem lugares de estacionamento reservados na av. Liberdade!
Ou pelo menos tinha, há uns tempos. Lembro-me bem de reparar nisso.
Estou a ver, agora vocês apagam os comentários incómodos. Que tristeza!
O que é triste é tu seres um completo mentecapto, ó joão rosa.
Joao: O Blog e das donas, entra ca quem elas querem. Nao gosta? Simples, faca o seu. Isto nao e pago com dinheiros publicos, muito menos ocupa frequencias reguladas.
Voltando ao tema.
Conheco um caramelo Portugues que estacionou MESMO nos campos eliseos. E claro que foi rebocado (quando voltou, o carro ja nao la estava).
João Rosa, não apagámos nada. Foi uma falha do Google, em consequência da qual o artigo e os comentários foram eliminados. Ver notícia AQUI
Outro problema absurdo na avenida é a passagem entre os passeios, quando há uma rua a intersetar a avenida. O peão caminha no largo passeio, e quando chega à interseção, não encontra semáforos para peões, não está assinalado na estrada onde deve passar, é obrigado a atravessar num espaço mínimo, no extremo do passeio, e, pior que tudo, quando há dois sentidos de trânsito, o peão atravessa as duas faixas de um sentido, e depois tem de caminhar num passeio minúsculo para atravessar as outras duas faixas. Dá para perceber do que falo aqui http://goo.gl/fy3fN
Entretanto abriram os vários quiosques com esplanadas, muito bem conseguidos, e certamente trarão mais animação à avenida.
O problema das laterais poderia ser resolvido de forma viável. É óbvio que não se pode acabar com o trânsito, já que é necessário fazer as ligações às ruas secundárias, mas é possível limitar. Começava-se por retirar o estacionamento à superfície, havendo estacionamento no Marquês de Pombal e Restauradores, no máximo poderia-se permitir alguns lugares a proprietários dos prédios, mas os lugares teriam de ser devidamente identificados, colocados onde não tapam nada relevante, e requerendo uma identificação do carro.
Isto já reduzia algum do trânsito, e deixava a avenida com um aspecto mais limpo. Podia-se ainda reduzir a velocidade para 30 ou menos.
Trocava-se o pavimento por paralelepípedos, dando a ideia de continuidade do passeio (sem pilaretes). Com poucos ou nenhum carro estacionado e menos e mais lento trânsito, as pessoas poderiam fácil e naturalmente passar do passeio central para o lateral, para ir a uma loja, por exemplo.
"O problema das laterais poderia ser resolvido de forma viável. É óbvio que não se pode acabar com o trânsito, já que é necessário fazer as ligações às ruas secundárias".
Não percebo porque é que é "óbvio". O acesso às ruas transversais pode fazer-se pela faixa do meio.
Nem todas as ruas secundárias estão ligadas à faixa do meio.
Ok, mas a meia dúzia de ruas que não têm acesso de carro pela faixa do meio têm acesso por outro lado, sem ser pela Av. da Liberdade. O acesso por carro fica mais dificultado? Fica. Isso é mau? Não, pelo contrário. Ficávamos com uma avenida extraordinária? Sem dúvida.
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