O esplendor (automóvel) da Universidade de Coimbra (5)

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Continuação. Partes anteriores:
Primeira parte
Segunda parte
Terceira parte
Quarta parte

Da parte da própria Universidade, da qual seria de esperar mais responsabilidade social, parece não haver grande preocupação com esta realidade.

Com efeito, nos vários sítios ligados à Universidade na internet, a informação disponibilizada é muito extensa, sobre variadíssimas matérias, mas no capítulo dos acessos à Alta Universitária, a regra geral é a da falta de informação relativamente a transportes alternativos, para além do automóvel particular.
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No sítio da Universidade de Coimbra, não é nada fácil encontrar informações relativamente a acessos. Para aceder a elas, é preciso escolher a opção “Informações sobre a Universidade de Coimbra” e depois “Campus da Universidade”, onde é unicamente disponibilizado um mapa do Google Maps com indicação da localização das várias faculdades e serviços. Um pouco despercebida surge, num canto do ecrã, a opção “como chegar”, mas através dela só ficamos a conhecer os acessos por automóvel: as informações sobre transportes públicos não estão disponíveis.

Nos sítios relativos às várias faculdades e serviços da universidade, o cenário não é muito melhor.

Existem apenas duas exceções. O sítio do Arquivo (!) da Universidade é o único que avisa as pessoas de que devem evitar aceder à Alta Universitária de automóvel particular: “para vir ao arquivo deverá, se possível, evitar usar automóvel próprio. Há sempre grande dificuldade de estacionamento, agravada sobretudo em tempo de aulas. Por isso, sugerimos a utilização dos transportes públicos que servem a zona do Pólo I da Universidade”, indicando-se de seguida quatro linhas de autocarros (a informação é incompleta, diga-se).

A outra exceção é o sítio da Faculdade de Ciências e Tecnologia, que apresenta, na opção “como chegar”, quatro alternativas de transporte: as duas primeiras de automóvel (uma para quem vem de Lisboa e a segunda para quem vem do Porto) e as outras duas de transportes públicos, uma para quem acede a partir dos arredores da cidade (comboio e autocarros) e a outra relativa aos acessos dentro da cidade (mais uma vez, a informação é incompleta: são indicadas apenas duas linhas de autocarros).

Mas estas são exceções. Além do silêncio no sítio da Universidade, o sítio da Faculdade de Letras limita-se a indicar contactos e endereços; o sítio da Faculdade de Direito mais não disponibiliza do que o endereço e um mapa; o sítio da Faculdade de Medicina apenas disponibiliza um mapa em imagem satélite; o mesmo sucede no sítio da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Relativamente aos vários serviços da universidade (Arquivo excluído, como se disse), as respetivas páginas na internet são omissas no que diz respeito a transportes públicos.

Também o sítio da Associação Académica de Coimbra nenhuma informação faculta sobre acessos à universidade através de transporte público. Existe uma opção de “acessos” à Universidade, mas do que aí se trata é de acessos aos cursos e não de mobilidade.
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Tudo isto não constitui, evidentemente, fator de desresponsabilização dos automobilistas pelas suas opções individuais de mobilidade.

Não é difícil perceber, à maioria das pessoas que se deslocam diariamente de automóvel à Alta Universitária, que a probabilidade de conseguirem encontrar um lugar de estacionamento vago é reduzida: todos os dias já sabem ao que vão. Mas insistem em não procurar alternativas.

De acordo com o estudo já referido, a esmagadora maioria (80%) das pessoas que insistem em deslocar-se de automóvel para a Alta de Coimbra declaram-se insatisfeitas ou muito insatisfeitas, nomeadamente devido à pouca oferta de estacionamento na zona.

O que não deve suscitar admiração. O estudo atrás referido concluiu que os automobilistas perdem, em média, três horas por mês (36 horas por ano) das suas vidas à procura de lugar para estacionar na Alta Universitária. E há quem, para o evitar, chegue uma hora antes só para garantir que arranja lugar para estacionar o carro.
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(continua)

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