Um passeio na 24 de Julho (continuação)

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O “festim” do peão acaba ainda antes do final do quarteirão: o passeio estreita significativamente, ao ponto de, à passagem dos postes de iluminação, mais uma vez uma cadeira de rodas não passar…
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…até chegarmos a uma “aprazível” esplanada junto a um mar de automóveis, no único local onde o passeio é mais largo:
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A esplanada está exatamente no local onde termina a passadeira de peões, obstruindo a passagem. Um grande vaso estrategicamente colocado ao lado da esplanada, ocupando o resto da passagem, completa o cenário surreal.

Passo o obstáculo de mesas, cadeiras e vasos

[Dando graças por não ser idosa nem ter problemas de mobilidade]

e o passeio alarga de novo:
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Entretanto, o arruamento lateral chegou ao fim e estica-se o estacionamento até ao limite:
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(Já tinha falado na largura imensa desta avenida?)

Aproxima-se agora um local onde o felizardo peão dispõe, ao longo de uns 20 metros, de um passeio um pouco mais largo. Mas já se sabe, os passeios mais largos constituem…
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…ótimos lugares para estacionar automóveis – com a preciosa ajuda da falta de alguns pilaretes.

Mas estes automobilistas por acaso são daqueles impecáveis que deixam "um espacinho" para as pessoas passarem.
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Escusado será dizer que uma cadeira de rodas não passa, mas não desvalorizemos a boa ação desta gente simpática, que até deixou "um espacinho".

Como já dava para perceber na última imagem, passado este “parque de estacionamento”, o passeio fica ridiculamente estreito:
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E alguém sem uma pontinha de bom senso ainda achou que o passeio dava para pôr o caixote de lixo do prédio:
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E dá mesmo. E ainda sobra um espacinho para as pessoas passarem. Bem encolhidinhas.

Se olharmos para a fachada dos prédios, vamos reparando que existem aqui bares, discotecas e outros estabelecimentos, bem como habitação e escritórios. Como ainda não foi inventada uma maneira de as pessoas todas estacionarem os seus automóveis, uns por cima dos outros, em torre, mesmo à porta dos sítios onde vão

[Ah!, isso é que era!!],

isso significa que há muita gente a andar a pé neste passeio.

Entretanto, dou por mim a tossir outra vez, depois de passar por mim uma enxurrada de carros. Imagino que esta avenida deve fazer uma bela concorrência àquela que se diz ser a avenida mais poluída da Europa (a também lisboeta Avenida da Liberdade), porque o ar que aqui se respira é francamente mau.

Ao virar da esquina, o passeio alarga como nunca, ao longo de uns 15 metros, graças a esta bela escadaria que dá acesso à Rua das Janelas Verdes e ao Museu Nacional de Arte Antiga:
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É uma escadaria quase sádica, uma promessa falsa de passeios largos na sua continuação – que, na realidade, não existem: para um lado, já vimos que o passeio é absurdamente estreito. Para o lado oposto, ao lado da escadaria, o passeio da avenida é isto:
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Os senhores que mandaram colocar naquele sítio o poste de iluminação mereciam um prémio.

Os carros passam a grande velocidade e é um bocado assustador andar aqui.

O passeio vai estreitando até só caber uma pessoa:
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Compare-se de novo a dimensão da avenida com a do passeio. Espaço não é coisa que falte.

Do lado oposto da grande escadaria, e novamente graças a esta, o passeio alarga novamente por escassos metros, logo volta a reduzir e alarga de novo, mas apenas o suficiente para…
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…lá ser colocada lata em cima.

Trata-se de um fantástico parque de estacionamento reservado em cima do passeio (para veículos da Câmara Municipal de Lisboa), assinalado como tal, com acesso rebaixado e uma corrente que se tira e põe, para que outros malandros não aproveitem para pôr também a lata em cima da calçada.

Em termos de segurança rodoviária, também é uma excelente solução, porque, quando sair, a carrinha entra na avenida-tipo-via-rápida de marcha atrás…

Passada a carrinha, entramos numa fase do percurso em que o passeio brinca connosco: estreita, alarga, desaparece e volta a aparecer, tudo apimentado com gincanas ao mobiliário urbano colocado ao acaso:
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Ainda assim, começa aqui a melhor parte do percurso, porque é possível circular debaixo das arcadas dos prédios:
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Mas o contentamento esfuma-se num instantinho: também as arcadas são invadidas pelos automóveis:
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Seguem-se mais lugares de estacionamento, com a diferença de que estes são legais.
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É muito aprazível andar aqui. Aliás, todo este percurso tem sido muito agradável.

Ao longo do gigantesco edifício do Ministério das Finanças, onde trabalha muita gente

[virão todos de carro?],

o percurso continua a fazer-se debaixo das arcadas, onde os principais obstáculos continuam a ser os automóveis atravessados no nosso caminho.
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Distraí-me momentaneamente com este carro estacionado assim…
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…mas já perdi a minha capacidade de espanto.
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6 comentários:

Jorge disse...

No sábado (não neste, no anterior), vi um grupo de escuteiros fardados a sair de automóveis acabados de estacionar em frente do pão com chouriço. Quando até os escuteiros vão de carro para a 24 de Julho, o mundo está perdido. Tenho pena de não ter tirado uma fotografia, mas era preciso flash e não tive lata. Era uma fotografia que ficava bem a acompanhar este excelente post.

João Véstia disse...

Interessante também é a situação no topo dessas escadas que vão dar ao MNAA. O patamar lá em cima está com a calçada rebentada, e com carros estacionados

Bessa disse...

Uma vergonha à vista de todos, mas ninguém quer mudar nada, nem os líderes, nem o povo que os elege.

Um pouco mais à frente, em Belém, na zona mais turística de Lisboa, o panorama não é muito diferente. Do lado de dentro existem agora pilaretes, mas do lado do Tejo é carros em cima do passeio como se não houvesse amanhã. Ao pé de uma bomba de gasolina os funcionários deixam a lata em cima do passeio, à sombra! E há um pedaço de passeio que um camião TIR usa regularmente para descarregar a carga: automóveis! Já nada surpreende...

Pedro Soares Martins disse...

Joana,
A acesso ao museu nacional de arte antiga não se faz pela av. 24 de julho. Não é de bom tom estar a insinuar que os turistas e outros visitantes do museu andam nestes passeios para ir ao museu, porque o acesso faz-se pelas janelas verdes.
Confesso que não percebo este post. Lisboa tem passeios piores do que estes. Tem de passar a explicar seus critérios editoriais.
pedro soares martins

Jorge disse...

Acessos ao Museu Nacional de Arte Antiga (informação do site do museu):

"O Museu encontra-se servido, nas proximidades, por numerosas linhas de autocarros e eléctricos:
autocarros:
727, 713, 760 (paragem na Rua das Janelas Verdes)
1, 2, 28, 201, 714, 732 (paragem na AV. 24 DE JULHO)

eléctricos:
15, 18 (paragem na AV. 24 DE JULHO)
25 (paragem no Largo de Santos)

A partir do Aeroporto
44, 83 ou 745 do Aeroporto a Marquês de Pombal. Transbordo para 727 até à Rua das Janelas Verdes.

A partir do Gare do Oriente
28 desde a Estação do Oriente até à AVENIDA 24 DE JULHO.

A partir da Estação de Santa Apolónia
28 desde a Estação de Santa Apolónia até à AVENIDA 24 de JULHO

A partir da Estação de Sul e Sueste
Melhor alternativa: 25 desde a Rua da Alfândega até Santos ou 28 desde o Sul e Sueste até AVENIDA 24 DE JULHO.

Outras alternativas: na Praça do Comércio o 15 até à AVENIDA 24 DE JULHO (o 25 também pára na Praça do Comércio). Na Rua do Comércio, o 760 até à Rua das Janelas Verdes.

Onde estacionar ?
Existe um parque de estacionamento gratuito no largo fronteiro à entrada principal. No entanto, se não encontrar aí um lugar vago aconselha-se (...) a procurar um local alternativo nas proximidades (...), nomeadamente, A ZONA DA BEIRA-RIO".

Chega, Pedro Soares Martins?

The Caped Crusader disse...

Está visto que este Pedro Soares Martins só conhece a cidade de automóvel, e mal.