A interrupção da Avenida de Brasília

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Avenida de Brasília, em Lisboa, no troço compreendido entre Alcântara e o Cais do Sodré: chega a haver momentos em que se pode estar tranquilamente no meio da faixa de rodagem, sem que passem carros.
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Na sequência de projeto proposto pela Frente Tejo e aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa, a circulação nesta avenida foi, no início de Outubro, interrompida entre Santos e o Cais do Sodré, tornando-se numa rua sem saída para os automobilistas provenientes de qualquer desses dois pontos. A interrupção fez-se por meio da construção de um passeio que barrou a antiga faixa de rodagem e junto do qual existe, em cada um dos lados, uma rotunda, obrigando os automobilistas provenientes de Santos ou do Cais do Sodré a fazer uma inversão de marcha:
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Os canteiros vandalizados que se vêem na imagem anterior mostram como se comportam muitos automobilistas quando lhes é dificultada a circulação. Apesar da interrupção introduzida e da consequente obrigatoriedade de os automobilistas fazerem inversão de marcha, muitos pura e simplesmente passaram a galgar o passeio e a prosseguir viagem como se a interrupção não existisse (tarefa esta bastante facilitada pelo facto de nesta nossa terrinha haver tantos automobilistas habituados a subir passeios com os carros). A imagem seguinte, captada por Rui Gaudêncio para o jornal Público, mostra um taxista em plena transgressão:
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A solução encontrada contra estes chicos espertos foi colocar no passeio aqueles canteiros, que funcionam como barreira. Os vândalos encarregaram-se de fazer aos canteiros o que se vê na imagem acima mostrada, tirada há cerca de um mês. Presentemente, os automobilistas já têm novamente espaço para passar por cima do passeio (e a Câmara Municipal de Lisboa parece ter desistido de barrar a totalidade da passagem).
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O objetivo desta medida foi diminuir o trânsito no local da avenida situado entre as estações de metro e de caminho-de-ferro e a estação fluvial (no Cais do Sodré), local esse atravessado por muitos peões ao longo de todo o dia, o que originava muitas situações de conflito entre trânsito automóvel e trânsito pedonal.
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Trata-se de uma medida positiva, que, sobretudo depois da colocação dos canteiros como barreira, teve como efeito uma diminuição de trânsito neste último troço da avenida.
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Não tendo razão na forma animalesca como reagiram, os automobilistas não deixam de ter algumas razões de queixa, quer porque a medida não foi previamente anunciada, tendo apanhado toda a gente de surpresa (a autarquia só anunciou a medida oito dias depois de ter sido introduzida, o que está para além de toda a compreensão), quer porque não foi acompanhada de sinalização adequada, havendo automobilistas que insinuam que a insuficiência de sinalização é propositada e teve por objectivo levá-los a estacionar o carro no parque de estacionamento pago existente mesmo ao lado do local onde a circulação foi interrompida ou a utilizar esse parque para passar de um lado ao outro da avenida, pagando a taxa mínima de estacionamento (é possível entrar no parque por um dos lados e sair no outro lado, contornando por essa via a interrupção da circulação) .
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Entradas e saídas do parque de estacionamento junto às duas rotundas.
No meio, o local onde a avenida foi interrompida.
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Na sequência de muitas reclamações, a situação foi em parte corrigida, mas em termos muito deficientes. Ainda hoje, quem entra na avenida pelo Cais do Sodré não encontra nenhum sinal de rua sem saída:
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Só depois de o automobilista entrar na avenida é que encontra o sinal, num local onde não pode fazer inversão de marcha:
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E só mais à frente surge o aviso da interrupção da avenida, que devia estar logo no início:
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Aviso semelhante a este nem sequer existe no outro lado da avenida (para quem vem de Alcântara), embora neste caso se sucedam alguns sinais de rua sem saída, como neste local:
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Em Alcântara, já depois de passado o último local da avenida onde é possível ao automobilista passar para a Av. 24 de Julho e prosseguir na direção do Cais do Sodré, a informação fornecida é esta:
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Por baixo de “Santos”, em letras de tamanho ridiculamente minúsculo - que nenhum automobilista consegue ler -, as palavras “inversão de marcha”.
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Com esta forma incompetente de executar uma medida, torna-se bastante mais difícil convencer os contrariados automobilistas da bondade de uma medida positiva.
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[Enviado em 12/12/2011 à Frente Tejo e ao Vereador da Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa]

4 comentários:

Luís Lavoura disse...

Estas coisas de má sinalização acontecem com repetitiva frequência.

Há uns meses vinha de carro de Santos e queria meter para o Cais de Sodré. Virei à esquerda e enfiei-me direitinho pela estrada destinada apenas a elétricos e autocarros. Não vi no pavimento qualquer indicação clara de que não devesse seguir por ali. Um automobilista que não conheça o local, como eu, facilmente se enfia nessa estrada destinada apenas a transportes coletivos, porque não há qualquer impedimento de o fazer. E, uma vez estando lá, não pode facilmente voltar atrás.

Maquiavel disse...

As sinalizaçöes por todo o Portugal, se existirem, säo apenas úteis a quem mora nas suas imediaçöes (i.e. que conheçam a zona). Para o resto das pessoas, säo hieroglíficas e incompletas.

Exemplo simples: lembro-me de tentar entrar na AE em Santo Tirso, fui seguindo as placas até chegar a um descampado, porque... "esqueceram-se" das placas nos 2 ou 3 últimos entroncamentos.

Coisas parecidas passa-se na terrinha, mas pelo menos lá uma pessoa já sabe o caminho, mas quando algum amigo vai visitar... "olha, tens GPS?"...

The Caped Crusader disse...

e no entanto, segundo li há tempos, somos dos países da UE que mais gasta em sinalização vertical... deve estar tudo nas autos-estradas

Álvaro disse...

Ah pois é, ainda no outro dia andei ali às voltas sem perceber o que tinha acontecido. Quando voltei atrás é que percebi o nível da incompetência de quem fez isto.
Imagino que sejamos mesmo dos países da UE q mais gasta em sinalização. Basta andar a pé nas nossas cidades para tropeçar num exército de postes que torna a circulação pedonal muitas vezes impossível.
O Sr. vereador da mobilidade de Lisboa, por exemplo, já se podia ter lembrado de lançar um plano faseado para retirar o excesso de sinalização de cima dos passeios. E já agora dar formação aos "engenheiros" da CML para fazerem as coisas como deve ser. Eu pago-lhes uma viagem de estudo a Badajoz.